Jornal Estado de Minas

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Com luto e esperança, 'O método Kominsky' termina em tom agridoce


É sobre a morte, mas também sobre a vida a terceira e última temporada de “O método Kominsky”. Com os seis episódios finais estreando nesta sexta (28/5), na Netflix, a série parte da morte de seu coprotagonista, Norman Newlander (Alan Arkin, que venceu o Emmy, o Globo de Ouro e o SAG Awards pelo papel), para continuar com a jornada de Sandy Kominsky (Michael Douglas).





Arkin, de 87 anos, teria declinado do papel logo após o lançamento da segunda temporada. A pandemia não teria afetado sua decisão, segundo a imprensa americana. Ainda que apareça em uma curta sequência somente no episódio que abre o novo ano, sua ausência permeia toda a série.

HERANÇA

A temporada é aberta com o funeral do produtor e melhor amigo de Sandy. Misturando drama e comédia (com cenas realmente impagáveis, incluindo uma conversa entre o protagonista e a viúva de Norman, Madelyn, vivida por Jane Seymour), a sequência da despedida do personagem já mostra quem vai dar as cartas nos novos capítulos.

A dupla apatetada de filha e neto de Norman – a toxicômana sempre em reabilitação Phoebe, vivida por Lisa Edelstein, e o cientologista fanático Robby, interpretado por Haley Joel Osment – vai dar trabalho a Sandy, assim que os personagens descobrirem o destino da milionária herança





Ganham mais força na temporada também a filha e o genro do protagonista, Mindy (Sarah Baker) e Martin (Paul Reiser). Na ausência de Arkin, as interações mais relevantes de Sandy serão com sua ex-mulher Roz Volander (Kathleen Turner). O ex-casal, que se odiou por anos, se une na velhice, em um reencontro de amizade e nostalgia.  

“O método Kominsky” nunca foi uma série de acontecimentos e reviravoltas. Na narrativa, o que importa são os diálogos, em embates impagáveis entre grandes atores, algo um tanto raro na produção de massa para a televisão. Além de Turner, há duas pequenas participações que colorem a série.

Morgan Freeman interpreta a si próprio em uma cena hilária durante a gravação de um drama policial em que os diálogos têm que ser feitos em linguagem neutra (em uma crítica inteligente e irônica do criador, Chuck Lorre, que nunca remou na onda do politicamente correto). 

E o cineasta Barry Levinson (“Rain man”, “Bom-dia, Vietnã”), também como ele mesmo, divide uma conversa com Sandy. O uso de ácido com Leonard Cohen na casa de Lou Reed em 1968 é a pauta do encontro entre a dupla. Não tem como ser melhor.





GALÃ

“O método Kominsky”, desde sua estreia, em 2018, é uma história sobre o envelhecimento. Galã de outras épocas, Michael Douglas, hoje com 76 anos, se desnudou na tela, criando um personagem nada anacrônico. 

Os problemas da idade, a decadência do corpo, a dificuldade em se adaptar ao mundo contemporâneo, tudo passou pela vivência de Sandy, que encara o outono da vida com humor e melancolia condizentes.

Ainda que o pano de fundo seja o universo de Hollywood, os personagens são muito próximos do público em suas dores e alegrias. Rodada durante a pandemia, a temporada em momento algum faz menção à crise sanitária. Mas a narrativa, que termina em tom de esperança – e em uma celebração à vida – torna-se um alento para os dias nublados em que nos encontramos. 
  
   
O MÉTODO KOMINSKY
• A terceira temporada, com seis episódios, estreia nesta sexta (28/5), na Netflix

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