Jornal Estado de Minas

SEMANA DO MEIO AMBIENTE

Relação predatória do homem com a natureza é tema de filmes do Sarancine



Tema que ocupa as manchetes diariamente, a preservação do meio ambiente terá sua data mundialmente celebrada no próximo sábado, 5 de junho. Ao longo desta semana, o Sarancine 2021 – Festival de Cinema Ambiental de Sarandira vai apresentar 19 filmes em sessões on-line, que começam amanhã (1º/6).




 
Viabilizado pela Lei Aldir Blanc, o evento é realizado pela Associação Carabina Cultural, com sede em Sarandira, distrito de Juiz de Fora (MG). Marcada pela diversidade de formatos – curtas, médias, longas, animações e documentários –, a programação aborda pontos sensíveis da relação do ser humano com a natureza.
 
Luta das mulheres indígenas é tema do documentário "Território: Nosso corpo, nosso espírito" (foto: Sarancine/divulgação)
 
 
Realizado em abril, o chamamento se voltou para produções que abordam a preservação do meio ambiente, causas socioambientais, defesa da qualidade de vida, cidades inteligentes, sustentabilidade ambiental e socioeconômica, agroecologia e revitalização urbana e rural.

REFLEXÃO “Encontramos uma safra bem potente e diversa, mesmo com esse recorte específico”, afirma o curador Marcos Pimentel. “A seleção se pautou pelo que desejamos mostrar para as pessoas refletirem sobre o tempo em que vivemos e o que estamos fazendo agora com o lugar em que habitamos”.




 
As emergências ambientais brasileiras estarão em cena. O curador destaca o longa documental “Parque Oeste” (2018), da diretora goiana Fabiana Assis. “O filme mostra a violência do Estado contra uma mulher e o grupo que ela representa. O Estado é violento em questões de terra. A primeira coisa que a polícia destrói em uma ocupação popular é a horta dos moradores que ali resistem”, comenta Pimentel. Em 2019, o documentário foi premiado na mostra Olhos livres, em Tiradentes.
 
O curador cita também “Território: Nosso corpo, nosso espírito”, documentário mato-grossense dirigido por Clea Torres Guedes e João Paulo Fernandes. Realizado em 2019, o curta acompanha mulheres indígenas de diferentes etnias em suas lutas, incluindo discursos políticos delas em Brasília, durante o Acampamento Terra Livre (ATL), e falas das xavantes da aldeia Namunkurá, na Terra Indígena São Marcos, em Roraima.
 
Pimentel destaca a animação “Nimbus”, do pernambucano Marcos Buccini. Em 11 minutos, o filme faz um retrato onírico da relação do sertanejo com a natureza e a religião. “Ele trabalha a seca e algumas questões universais de forma lúdica. Vai mostrando algumas soluções, tendo a natureza como resposta”, comenta.




 
A programação inclui o longa documental “Lama: O crime Vale no Brasil – A tragédia de Brumadinho”, de Carlos Pronzato e Richardson Pontone, sobre a destruição causada pela mineração, e “O sal da terra”, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, sobre a trajetória do fotógrafo e ambientalista mineiro Sebastião Salgado.
 
O documentário sobre Salgado, que abre a programação, terá exibição restrita a terça (1º/6) e quarta-feira (2/6), ao contrário dos outros 18 filmes, que ficarão disponíveis até sábado (5/6).

“O público vai ver filmes sobre as tragédias ambientais recentes em Minas e outras partes do Brasil. Eles foram produzidos nos últimos dois ou três anos, em sua maioria, mas alguns retomam assuntos do passado. Além de episódios graves, como crimes ambientais, há produções com clima mais solar, apontando para questões sustentáveis”, diz o curador.





MARCO Pimentel defende a urgência da discussão sobre o meio ambiente no Brasil. “Temos o marco ambiental sendo trocado sob comando de um ministro (Ricardo Salles) que é antimeio ambiente. Este governo tem um descaso enorme pela causa ambiental. Nossa contribuição é abrir espaço, por meio do cinema, para a população ter acesso ao que ocorre em diferentes partes do país”, afirma.
 
O Sarancine promoverá debates diários com convidados, às 19h, no YouTube, sobre agricultura familiar, agrofloresta, mineração, agricultura orgânica, água e reflorestamento.
 
LIXO

Nesta Semana do Meio Ambiente, também estará em cartaz “Nem tudo que há no lixo, não é lixo não”, montagem do Coletivo MundicÁ, de BH, em parceria com a Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis. A peça propõe uma reflexão sobre o volume de objetos descartados diariamente. Além dos atores, conta com depoimentos de catadores de recicláveis. Sessões vão de terça (1º/6) a sexta (4/6), às 19h, e sábado (5/6) e  domingo (6/6), às 16h, no YouTube (www.youtube.com/c/ancatnacional). 
 
 
SARANCINE 2021

De terça (1º/6) a sexta-feira (5/6), na plataforma www.poloaudiovisual.tv. Gratuito. Programação completa: www.carabinacultural.com.br 

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