Não dá para falar sobre “Sweet Tooth”, série em oito episódios que estreia nesta sexta-feira (4/6), na Netflix, sem relacioná-la com a pandemia da COVID-19. A saga do menino híbrido (metade humano, metade cervo) nasceu em 2009 como uma série de quadrinhos criada pelo canadense Jeff Lemire para a DC Comics.
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Ao mesmo tempo, milhares de bebês nascidos no período tinham as mesmas características: eram meio humanos, meio animais. Achando que os seres híbridos seriam os causadores da doença misteriosa, chamada também de “O Flagelo”, muitas pessoas se tornam caçadores e começaram a aniquilá-los.
PILOTO
Assim como a história em quadrinhos, a série também nasceu antes da crise sanitária. O piloto foi rodado em 2019. Já os demais episódios foram filmados na Nova Zelândia durante a pandemia – o que acarretou interrupções e atraso no lançamento.
Além do apelo de tratar de um tema urgente, que dialoga diretamente com o mundo real, a atração traz na ficha técnica o casal Robert Downey Jr. e Susan Downey, aqui atuando como produtores.
A figura central de “Sweet Tooth” é absolutamente adorável. Gus (Christian Convery) é um garoto híbrido que viveu sua primeira década em relativa segurança numa floresta nos rincões dos Estados Unidos. Uma vez sozinho, ele deixa o único mundo que conheceu para uma aventura em busca da mulher que acredita ser sua mãe. Conta com um improvável aliado na jornada.
Jepperd (Nonso Anozie), um caçador grandalhão que não consegue se furtar às investidas do garoto. É ele quem o apelida Sweet Tooth (guloso, apaixonado por doce, em tradução livre), porque o menino não pode ver nenhuma guloseima que logo cai de boca. Gus, por seu lado, o chama de Grandão.
A série pode ser vista como um “The walking dead” para a família, já que basicamente trata de uma história de sobrevivência em uma terra devastada. Uma vez infectada com o vírus, não há clemência – a pessoa é morta imediatamente para que a doença não se espalhe.
Entremeando com a saga principal, acompanhamos, em paralelo, outras histórias. A principal delas é a do médico Aditya Singh (Adeel Akhtar), cuja mulher, miraculosamente, sobrevive ao flagelo há 10 anos. A cada nova crise (o primeiro sintoma é um tremular do dedo mindinho), ele aplica um remédio.
Os sintomas desaparecem para retornar em um novo período. O Dr. Singh, que utiliza um serviço médico público, será obrigado a tomar a frente da busca pela cura, o que o faz viver uma crise ética.
AVENTURA
A cada episódio, Gus e Jepperd se envolvem em uma nova aventura. Encontram, por exemplo, uma família que vive em um lugar remoto. Pela primeira vez na vida, o protagonista pode brincar com alguém da mesma idade. E,para a criança, as diferenças de Gus – ele tem chifres, audição e olfato para lá de apurados – se tornam um atrativo, não um motivo de discriminação.
“Sweet Tooth” permite vários paralelos com os dias de hoje, pois toca em temas como vigilância, autoritarismo, milícia, escassez de comida e intolerância. Mas, sob o viés da fantasia, a mensagem de esperança em um mundo melhor acaba se sobrepondo.
“Sweet Tooth”
.Série em oito episódios. Estreia nesta sexta (4/6), na Netflix.