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Estado de Minas ARTES VISUAIS

SP-Arte abre sua feira virtual de 2021 com cinco galeristas mineiros

Maior evento do gênero no país tem um total de 115 expositores e atraiu 100 mil visitantes no ano passado. Formato digital fez crescer participação estrangeira


08/06/2021 04:00 - atualizado 08/06/2021 07:00

A Galeria Rodrigo Ratton levará também ao evento ''Recomeça a doer'' (2008), acrílica sobre madeira de Desali (foto: Galeria Rodrigo Ratton/Divulgação)
A Galeria Rodrigo Ratton levará também ao evento ''Recomeça a doer'' (2008), acrílica sobre madeira de Desali (foto: Galeria Rodrigo Ratton/Divulgação)

Uma pintura de Volpi comercializada por R$ 1 milhão; uma tela de Di Cavalcanti vendida por R$ 550 mil. Compradores estrangeiros da Turquia, Índia, Austrália, Estados Unidos. Apesar da crise mundial acarretada pela pandemia do novo coronavírus, o mercado de arte segue em frente, com percalços, como tudo, mas também se readequando às demandas do momento.

Maior feira do gênero no país, a SP-Arte dá início, nesta quarta-feira (9/6), à sua terceira experiência virtual nestes 15 meses de crise sanitária. Até domingo (13/6), 115 expositores – galerias de arte e design brasileiras e estrangeiras – participam da chamada SP-Arte Viewing Room, versão on-line da feira. 

Também ao longo desta semana, mas somente na cidade de São Paulo, galerias abrirão suas portas para visitas presenciais com artistas e curadores, com agendamento prévio e público restrito.

''A verdade é a seguinte: quem tem dinheiro resolveu gastar em casa. E a queda dos juros ajudou o mercado. Hoje, é melhor ter dinheiro investido em obra de arte do que em aplicação que rende 5% ao ano''

Rodrigo Ratton, galerista



''Preparados'', acrílica sobre tela de Leonora Weissmann, é uma das obras apresentadas pela AM Galeria na feira(foto: Daniel Mansur/AM Galeria/Divulgação)
''Preparados'', acrílica sobre tela de Leonora Weissmann, é uma das obras apresentadas pela AM Galeria na feira (foto: Daniel Mansur/AM Galeria/Divulgação)

OTIMISMO

A expectativa, neste momento, é que a SP-Arte volte ao formato convencional no segundo semestre  – em 2020, a feira presencial não ocorreu. Já adiada duas vezes, o período que está sendo previsto agora para a 17ª edição é de 18 a 22 de agosto. Mas não no Pavilhão da Bienal, tradicional sede do evento, e sim na Arca, um galpão na Vila Leopoldina, na capital paulista.      

“Estamos monitorando constantemente o calendário de vacinação no país. Cogitamos novos adiamentos, mas estamos trabalhando com otimismo e com a possibilidade do evento físico no segundo semestre, desde que seja uma data segura para todos”, afirma Fernanda Feitosa, diretora e fundadora da SP-Arte.

O modelo que está sendo apresentado nesta semana nasceu em agosto de 2020, quando ocorreu o primeiro Viewing Room. Em novembro, houve outro, menor, dedicado exclusivamente à fotografia. 

“Tivemos na primeira edição 100 mil visitantes únicos, que, somados aos visitantes da feira de fotografia, chegaram a 150 mil. Evidentemente, seria impossível levar 100 mil pessoas para o Pavilhão da Bienal (em cinco dias de feira). Ou seja, o digital nos permitiu um salto enorme no alcance da divulgação. E trouxe pessoas do mercado internacional que, até então, não passava de poucos estrangeiros”, comenta Fernanda. De acordo com ela, a porcentagem de 4% de compradores estrangeiros cresceu para 15% no formato virtual.

Obrigatório durante a crise sanitária, o formato digital permanecerá no cenário pós-pandemia – a feira terá um modelo híbrido. “O mercado de arte era um setor que estava atrasado, não usava as ferramentas digitais como a moda e a gastronomia. Ainda estávamos vinculados ao modelo tradicional, já que é natural vivenciar a arte através do contato pessoal, em museus, feiras e galerias. Isso nunca vai acabar. Mas houve um grande aprendizado. As galerias aprenderam a trabalhar com outras ferramentas, redes sociais, numa linguagem mais simples e direta.”

De acordo com Fernanda, códigos já utilizados por determinados mercados foram incorporados ao meio da arte. “Convidamos as galerias a colocar os preços das obras, o que sempre foi uma barreira e era algo praticado em outros segmentos.” Segundo ela, 50% dos trabalhos vendidos custam até R$ 20 mil, “uma faixa acessível, que corresponde ao artista que está entrando no mercado”.

Agora, com as vendas grandes, como os de Volpi e Di Cavalcanti já citados, a internet, diz Fernanda, “provou que o digital não é só para artistas desconhecidos ou jovens, é também viável para nomes clássicos”. 

''O mercado de arte era um setor que estava atrasado, não usava as ferramentas digitais como a moda e a gastronomia. Ainda estávamos vinculados ao modelo tradicional, já que é natural vivenciar a arte através do contato pessoal, em museus, feiras e galerias. Isso nunca vai acabar. Mas houve um grande aprendizado. As galerias aprenderam a trabalhar com outras ferramentas, redes sociais, numa linguagem mais simples e direta''

Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte



Óleo sobre eucatex (1973) de Lorenzato, principal artista da Galeria Rodrigo Ratton, estará na feira(foto: Galeria Rodrigo Ratton/Divulgação)
Óleo sobre eucatex (1973) de Lorenzato, principal artista da Galeria Rodrigo Ratton, estará na feira (foto: Galeria Rodrigo Ratton/Divulgação)

MINEIROS

Cinco galerias de Belo Horizonte participam desta edição da SP-Arte Viewing Room: Alva, AM, Murilo Castro, Rodrigo Ratton e Sandra & Márcio. Cada participante da feira tem o direito de apresentar até 20 trabalhos. 

Em nova sede – desde março deixou a Savassi e mudou-se para o Santa Lúcia, que está se tornando um polo de arte e decoração –, Murilo Castro vai apresentar um núcleo de obras que leva o nome de “Mapas”. São trabalhos de seis artistas que tratam de questões territoriais. 

De Anna Bella Geiger será apresentada a série “Equações variáveis” (1978), que “tenta resolver os problemas do mundo adicionando, subtraindo e dividindo continentes e países”, diz o galerista. 

Já as obras de Camille Kachani, Christus Nóbrega, Marcos Coelho Benjamim e James Kudo tratam de questões como fronteiras, imigração, política, poder e família. Murilo Castro, que participa da SP-Arte desde a sua criação, em 2004, afirma que se surpreendeu com o resultado da primeira edição on-line da feira.

“A modalidade on-line mostrou-se efetiva, trazendo novos clientes e relações para a galeria. E há a questão geracional. A geração mais nova é on-line, busca um volume de informações completo no digital. Agora, uma coisa não substitui a outra”, diz o galerista. O comércio de arte, nos primeiros meses da pandemia, foi “um verdadeiro horror”. 

“A partir de agosto, setembro, as vendas cresceram concretamente. E este semestre tem se mostrado muito bom, as coisas estão normais. Inclusive, o preço de alguns artistas, que vão ficando mais raros, subiu.” Na opinião de Castro, o bom momento é decorrente não só da exploração do meio digital. “O aumento das reformas nas casas alavancou o mercado de arte como um todo.”

Atuando no mercado de arte há 35 anos, mas há três com a galeria que leva seu nome, na Savassi, Rodrigo Ratton só participou, até agora, da SP-Arte digital de 2020. “Para mim foi ótimo, pois participei só por participar e tive boas vendas, mais do que esperava. Além disso, fiz muitos contatos”, diz ele. Todos fora de Belo Horizonte. “O mercado é bom no Rio e em São Paulo.”

Ratton observa que o mercado que menos sofreu foi o de obras mais caras – o que significa trabalhos comercializados a partir de R$ 100 mil. “A verdade é a seguinte: quem tem dinheiro resolveu gastar em casa. E a queda dos juros ajudou o mercado. Hoje, é melhor ter dinheiro investido em obra de arte do que em aplicação que rende 5% ao ano.”

No evento virtual, ele vai apresentar obras de Lorenzato, sua especialidade, de artistas populares, como Maria Lira Marques (Vale do Jequitinhonha), José Bezerra (Vale do Catimbau), além de nomes da arte contemporânea de Belo Horizonte, como Froiid e Desali.

SP-ARTE VIEWING ROOM
Desta quarta (9/6) a domingo (13/6) no www.sp-arte.com


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