O “gentleman cambrioleur” mais simpático do streaming estará de volta nesta sexta-feira (11/06) para mostrar que nem todo herói é perfeito, mas empatia e intenções contam muito. “Lupin – Parte 2” chega à Netflix com o desfecho do destino de Assane Diop, o charmoso trapaceiro que lança mão de técnicas elegantes (por vezes, bastante justas) de enganação para se vingar e recuperar o filho sequestrado.
Cheia de suspense, mas também pontuada por emoção e romance, a série navega entre o entretenimento e momentos reflexivos, com direito a crítica social. “Tentamos isso o tanto quanto possível, mas o ponto central é fazer com que seja divertido”, avisa George Kay, o criador da atração, durante entrevista coletiva concedida por meio da plataforma Zoom.
“Em 'Parte 2', a história de Assane fica mais intensa. Quando terminamos a primeira parte, mergulhamos na intensidade do pai com a sua missão. Manter esse tom é parte do desafio da série”, explicou o showrunner.
COLAR
Assistida em mais de trinta países e produzida pela Netflix, a série tem no elenco Omar Sy e Ludivine Sagnier, estrelas do cinema e da comédia na França. Obcecado pelo personagem Arsène Lupin, protagonista dos romances policiais escritos por Maurice Leblanc, Assane planeja vingar o pai, preso injustamente pelo roubo de um colar de pedras preciosas. Nessa trajetória, ele também quer ser um exemplo para o filho Raoul.
“A parte interessante de fazer uma série como essa é que você tem tempo e pode jogar com o personagem em qualquer situação”, explica o ator Omar Sy.
Enquanto se aproxima do milionário responsável pela prisão do pai, Assane pratica uma série de pequenas trapaças que lhe permitem sobreviver e organizar o plano de provar que, na verdade, o bandido não é ele, mas o magnata Hubert Pellegrini (Hervé Pierre).
Separado e pai do menino Raoul (Etan Simon), também obcecado por Lupin, o protagonista vê o filho desaparecer quando seus planos são descobertos. E, claro, a trama do roubo do colar passa a ser um assunto de família.
“Lupin – Parte 2” começa com o sequestro de Raoul, situação que põe Assane frente a frente com os planos de ser o melhor trapaceiro e o melhor pai do mundo. A ex-mulher Claire (Ludivine Sagnier) ora embarca nas aventuras, ora recrimina Assane, mas nunca abandona a lealdade ao ex-marido.
Boa parte da história é intercalada com momentos da infância dos protagonistas, vividos por atores adolescentes que se espelharam em Omar Sy e Ludivine Sagnier para construir os respectivos papéis.
Sagnier ficou espantada com as semelhanças entre ela e a versão jovem de Claire, interpretada por Ludmilla Makowski. “Não cheguei a me encontrar com a jovem atriz que fez o meu papel, só a vi na série e fiquei tão surpresa de ter voz similar (à minha), a maneira similar de se expressar”, diz. “Não sei se ela estava atuando como eu ou se tinha personalidade semelhante. Mas fiquei realmente surpresa sobre como funcionou.”
A segunda parte de “Lupin” começou a ser filmada no verão de 2020, logo após o fim do primeiro lockdown na França e sob rígidas regras sanitárias. Sagnier conta que as condições foram difíceis em alguns momentos, especialmente em ambientes fechados em que o ar-condicionado era proibido. “Foi exaustivo, coisas assim dificultaram, mas demos conta”, lembrou.
ALEGRIA
Para Omar Sy, a alegria de voltar a filmar era tanta que ele mal se deu conta das barreiras impostas pela pandemia, embora medidas protetivas como o uso de máscara fossem obrigatórias e dificultassem o reconhecimento da equipe de filmagem.
“Estávamos muito felizes de filmar naquele momento, pois não filmávamos há um tempo e, naquela época, havia poucas filmagens em Paris”, explica o ator. “Se você pensar a respeito, é muito louco: toda a equipe de máscara, novas pessoas chegando e você não os conhece, porque estão sempre com máscara, e não os reconhece depois. Foi estranho. Como isso ocorreu logo depois do lockdown, voltamos todos com cinco quilos a mais”, revela, aos risos.
O inglês George Kay disse que o maior desafio foi trabalhar longe da equipe de filmagem. Com as restrições de viagens na Inglaterra e França, o showrunner tinha duas opções: ficar em Londres ou ir a Paris e não conseguir retornar à capital da Inglaterra. Escolheu a primeira.
O carisma de Omar Sy, também produtor de “Lupin”, é fundamental para dar a Assane o contorno de trapaceiro do bem. De acordo com o ator, nenhum herói é perfeito, o que exige encontrar o equilíbrio focando nas intenções do personagem.
Assane dribla a polícia, decepciona a família e comete furtos, mas, ainda assim, cativa o público. “Não podia ser alguém perfeito. Como ator, meu trabalho é ser advogado do meu personagem, tenho que entendê-lo antes. Quando ele faz algo errado, não é intencional, quer fazer as coisas direito, mas nem sempre consegue. Adoro isso, e é novo para mim um personagem assim”, garante Sy.
O protagonista de “Lupin” diz que o seriado foi “uma bênção” para ele. “A série é perfeita para um ator, pois tem tudo: perseguição, luta, romance. Foi muito divertido, muito diferente. O desafio era ter tudo isso e encontrar o equilíbrio”, conclui Sy.
“LUPIN – PARTE 2”
A segunda temporada da série francesa, com cinco episódios, estreia na sexta-feira (11/06), na Netflix.