O aguardado longa-metragem “Space jam 2”, que traz o astro da NBA LeBron James juntamente com Pernalonga e os outros Looney Tunes, na sequência do blockbuster dos anos 1990, tem lançamento mundial previsto para o mês que vem. Por trás dos carismáticos personagens em cena há o trabalho árduo de grandes equipes de animadores. O brasileiro Robson Menezes é um dos profissionais envolvidos nessa empreitada.
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Acuadas pela crise, lojas de HQ fazem campanha nos moldes Davi x Golias Estrelado por LeBron James, 'Space Jam 2' repagina personagens animados 'Feira' mundial' de TV, games e quadrinhos reunirá 60 milhõesQuadrinista brasileiro recebe principal prêmio do Festival de Angoulême'Viúva Negra' traz uma super-heroína feminista e com feridas do passadoHQ 'Contos da Calango' retrata o futuro apocalíptico do sertão mineiro“Profissão: Desenho animado” é o painel do qual Menezes participará, às 13h de domingo, ao lado de Daniel Bretas (Editora Draco), Kenshin (apresentador) e um convidado surpresa. Ele integra o estúdio Lightstar, sediado em Santos (SP) e que fechou um acordo para participar da produção do novo filme do grupo Warner.
O animador conta que o trabalho que desenvolveu para o filme se baseia em “receber um arquivo digital, com as poses principais de cada movimento, e trabalhar o traço final, que é o que vai para a tela”. Segundo ele, era preciso “pegar o esboço deles, acrescentar novos traços, colorir, acertar a luz, sombrear e então mandar de volta”.
O estúdio Lightstar está envolvido também com a produção de peças de divulgação do filme. Uma delas, um vídeo curto, foi ao ar na badalada final da Uefa Champions League, realizada em 29 de maio, em Portugal.
“Nesse caso, foi a gente quem animou. Eles (a Warner) mandaram o planejamento das cenas e nós fizemos do zero até a versão final”, conta Menezes, que vem tendo pouco tempo livre nos últimos dias por causa do volume de tarefas ligadas ao projeto.
HOMENAGEM
Antes disso, o animador já participou de outras produções de destaque, como o filme “A princesa e o sapo” (2008), da Disney, além das séries nacionais "Peixonauta'', “Show da Luna” e “Turma da Mônica jovem”. Contudo, ele se popularizou graças a um trabalho fora dos grandes estúdios, quando fez uma animação, em 2014, usando a estética do sucesso japonês “Dragon Ball” para homenagear o filho, na época com 8 anos.
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Eu havia me separado da mãe dele, e passamos a morar longe um do outro. Bateu um medo bobo de ele se esquecer de quem eu era, já que ele não iria mais me ver todo dia. Foi um lance meio melancólico, mas pensei numa forma de nos conectarmos e por isso animei uma abertura de ‘Dragon Ball’ em que eu e ele estivéssemos participando juntos”, conta. O trabalho contou com a participação especial de dubladores oficiais do desenho.
A Feira de Quadrinhos da Casa é realizada pela escola técnica de artes visuais Casa dos Quadrinhos, fundada em Belo Horizonte há 21 anos. “A coisa mais importante são os quadrinistas. Eles estão entranhados em tudo o que fazemos”, afirma Cristiano Seixas, quadrinista e fundador da Casa de Quadrinhos.
Ele cita como exemplos de áreas de atuação dos quadrinistas “game, boardgame (jogo de tabuleiro), animação, até preparação para cinema, criação de personagens para TV” e diz que “por isso são tantos painéis, mas todos, de alguma forma, passando pelos quadrinhos”.
Com a impossibilidade de realizar o evento presencialmente, com os tradicionais encontros entre público e artistas para sessões de autógrafos e bate-papos, a proposta procura aproveitar as possibilidades oferecidas pelo ambiente virtual,expandindo seus horizontes.
“Se estivéssemos fazendo (a feira) logo após o início da pandemia, seria diferente. Tivemos um tempo e vimos a necessidade de adaptar a Casa de Quadrinhos para o mundo on-line, e isso afetou o evento”, afirma.
Ele conta que, nesse processo, se deu conta de que “muitas coisas não adianta tentar replicar, porque não seria a mesma coisa”, mas pondera que “o evento virtual tem aspectos que o presencial não tem, como a agilidade de interação entre vários grupos”.
Segundo Seixas, “montar tantas atividades num evento presencial seria muito mais complexo, até pela dificuldade que o público teria de escolher”. Ele diz que “40% dos convidados são de fora de Minas Gerais” e avalia que esse é “um ganho muito importante; uma troca repentina que não poderíamos viabilizar antes, mas que no formato on-line é possível”.
TRANSMISSÃO
A feira será transmitida via YouTube, Twitch e Facebook, com todas as atrações gratuitas. No chamado artists’ alley, mais de 80 artistas convidados apresentarão sua arte para seus fãs, que terão a oportunidade de adquirir os trabalhos.
“Queríamos um meio-termo entre promover quadrinistas independentes, que é o foco do evento, e mostrar a atividade de artistas com qualidade internacional. Além disso, temos um enfoque na valorização das mulheres nos quadrinhos”, pontua Cristiano Seixas.
Ele aponta como destaques na programação o belo-horizontino Vitor Cafaggi, coautor da trilogia gráfica composta pelos volumes “Laços”, “Lembranças” e “Lições”, que originou a adaptação para o cinema “Turma da Mônica – Laços”.
Cafaggi também é conhecido pela tira cômica premiada “Valente”, com vários volumes publicados ao longo da última década. No bate-papo marcado para este sábado (12/06), às 17h, o quadrinista falará sobre sua trajetória, sobre o fim de "Valente" e sobre seu novo trabalho ligado ao universo Mauricio de Sousa Produções (MSP), desta vez com o personagem Franjinha.
O time de convidados da programação ainda inclui Angelo Mokutan, mineiro que há mais de 10 anos produz mangás em Tóquio. No domingo (13/06), ao meio-dia, ele falará sobre essa experiência e o recente lançamento do projeto “Tudo zen quadrinhos”, dedicado a levar esse recorte da cultura nipônica para a arte gráfica.
Também no domingo, às 15h, será realizado o painel “Elas vivem de quadrinhos”, dedicado a contar a história de mulheres com trajetória destacada no Brasil e no exterior. As convidadas são as roteiristas premiadas da Mauricio de Sousa Produções Petra Leão e Rebeca Prado, além da mineira Carol Rossetti, conhecida por seus quadrinhos de temática feminista. Recentemente, ela lançou “Vento Norte”, seu primeiro romance gráfico.
4ª Feira de Quadrinhos da Casa
Desta sexta-feira (11/06), a partir das 13h, a domingo (13/06), no YouTube, Twitch e Facebook da Casa dos Quadrinhos. Toda a programação detalhada, bem como links para inscrição nos workshops, está disponível no Instagram da Casa dos Quadrinhos (@casadosquadrinhos) e também em seu site. Mais informações: (31) 3224-0040
Americano está “animado e nervoso” com lançamento no Brasil
Entre os convidados internacionais da 4ª Feira de Quadrinhos da Casa, a presença mais aguardada é a do ilustrador norte-americano AJ Dungo. O encontro virtual, sábado (12/06), às 19h, marca o lançamento oficial no Brasil da versão em português do romance gráfico “Em ondas”, originalmente lançado em 2019, com grande reconhecimento mundial.
Com muita sensibilidade nos traços e nas palavras, a emocionante história é uma homenagem do artista às suas duas maiores paixões: o surfe e a ex-companheira Kristen, que morreu precocemente de câncer, em 2016.
Nas 365 páginas, publicadas aqui pela Editora Nemo, ele narra paralelamente a história desse esporte no mundo e o seu romance com Kirsten, desde quando se conheceram até seus últimos dias. Em entrevista ao Estado de Minas, Dugo contou que o livro surgiu como um trabalho acadêmico, em que foi sugerido que ele contasse a história de Tom Blake, icônico surfista norte-americano que revolucionou a prática.
Porém, como ele tinha um envolvimento pessoal com o surfe, já que sua namorada, então já falecida, também surfava, Dungo foi incentivado pela editora inglesa Nobrow a criar um trabalho que entrelaçasse essas duas histórias.
“Foi um desafio. Eu sou um ilustrador por profissão, um artista amador de quadrinhos, e eu não tinha praticamente nenhuma experiência como escritor na época. Foi difícil, para dizer o mínimo. Os tópicos eram tão díspares em minha mente que achei que o pedido da Nobrow era impossível. Como alguém poderia ligar e condensar toda uma história de uma cultura, esporte e estilo de vida em seu próprio luto, dor e amor específicos?”, comenta.
O quadrinista diz que “não sabia a resposta para isso” e iniciou “uma tonelada de pesquisas” para encontrá-la. “Eu li e aprendi o máximo que pude, até encontrar um fio que pudesse seguir. O fio passou a ser o relacionamento entre um mentor e sua pupila de olhos brilhantes”, descreve o artista, que alinhou a cronologia da história do surfe, com recorte em Blake, à sua trajetória com Kirsten.
LIVRO ABERTO
Sobre a possibilidade de se encontrar com o público brasileiro, Dungo diz: “Sou um livro aberto e estou muito animado para conhecer vocês e passar algum tempo compartilhando histórias e ouvir outros grandes artistas”. O ilustrador cita que “o Brasil é um gigante do surfe” e produz “os surfistas mais talentosos e inovadores do planeta”.
Dada a história do Brasil com o surfe, ele diz ter ficado muito animado e um pouco nervoso” ao saber que “Em ondas” estava chegando ao Brasil, “porque um país cheio de surfistas pode ser um público difícil de agradar”.
A programação da feira, dividida em mais de nove horas diárias de transmissões, inclui palestras e workshops gratuitos, sujeitos à disponibilidade de vagas, palcos com jogos, RPG, campeonatos de boardgame, coreografias de J-Pop e concurso de cosplay (fantasias temáticas).
A abertura será às 13h de hoje (11/06), com o painel virtual "Grandes lançamentos de HQ", focado na divulgação das principais novidades do mercado de quadrinhos. O encerramento, no domingo (13/06), às 17h, terá um convidado surpresa. (PG)