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Estado de Minas MÚSICA

Mineiros da Lua explora novos sons no disco 'Memórias do mundo real'

Jovem banda de Belo Horizonte explora o rap e a eletrônica em seu segundo álbum, com letras sobre os sentimentos despertados pela pandemia


17/06/2021 04:00 - atualizado 17/06/2021 07:06

Banda usa máscaras que remetem à liberdade dos pássaros e à necessidade de combater a pandemia (foto: Manuela Ventura e Gabriel Almeida/divulgação)
Banda usa máscaras que remetem à liberdade dos pássaros e à necessidade de combater a pandemia (foto: Manuela Ventura e Gabriel Almeida/divulgação)

Retratando sentimentos provocados pelo isolamento social, a banda belo-horizontina Mineiros da Lua lança seu segundo álbum, “Memórias do mundo real”, nesta quinta-feira (17/06), com inovações sonoras e várias parcerias. O confinamento para conter a disseminação do novo coronavírus fez aflorar a criatividade do grupo, que se aventura em novos ritmos, como o rap e a eletrônica.

Mineiros da Lua faz parte da prolífera safra de jovens bandas de BH. Formado pelos amigos de infância Diego Dutra (baixo), Elias Sadala (guitarra), Haroldo Bontempo (guitarra) e Jovi Depiné (bateria), o grupo de rock experimental surgiu em 2017 com o EP “Turbulência”. O primeiro álbum, “Queda” (2019), abordou temas como a transição da adolescência para a vida adulta.

SOLIDÃO

Com oito faixas autorais, “Memórias de um mundo real” expressa a evolução do Mineiros da Lua em meio à crise da COVID-19. As canções remetem à solidão e ao confinamento, mas a intenção do grupo é mandar mensagens positivas.

“Tentamos passar a sensação de que você não está sozinho. Juntamos sentimentos e coisas até óbvias do isolamento que todo mundo sente para falar: olha, a gente está sentindo isso também, está tudo bem. Queremos que as pessoas se conectem de alguma forma”, afirma o baixista Diego Dutra, de 22 anos.

Com esse trabalho, o grupo pretende incentivar a cena musical de BH a produzir, apesar das adversidades. “É superimportante mostrar que dá para continuar fazendo. A gente vê muitos artistas totalmente parados, sem conseguir produzir muita coisa. Isso não é um problema, claro, mas a gente pretende mostrar que há alternativas, dá para correr atrás”, ressalta.

O álbum foi gravado a distância, por meio das plataformas digitais. Em mais de um ano, a banda se encontrou apenas uma vez para fazer as fotos de divulgação e participou de poucas lives. Produzir “Memórias do mundo real” foi uma forma de continuar na ativa, observa Diego.

“Como a gente fez tudo a distância, no computador, conseguimos explorar sons e timbres que nunca havíamos testado”, explica. A maioria das faixas traz sonoridade eletrônica, com utilização de sintetizadores e instrumentos virtuais.

“A gente se esforça ao máximo para sair um pouco da caixinha com o objetivo de experimentar. Muito pelo fato de estarmos presos dentro de casa, a criatividade aflora”, comenta Diego.

O grupo precisou se adaptar à “forma home office” de compor. “Nosso processo era sempre meio catártico. A gente ia para o estúdio, normalmente de noite e depois do trabalho, todos cansados. A banda chegava lá e explodia de tocar até sair alguma coisa”, revela.

Em “Memórias do mundo real”, cada integrante teve a liberdade de elaborar sua própria base, com calma, e depois desenvolver, on-line, a composição em conjunto.

O rap marca a faixa “Peito aberto”. No entanto, adotar esse estilo foi uma espécie de acidente. “Por ser eletrônico, é tudo muito solto, fica difícil definir o gênero de cada música. Quando começamos a criar 'De peito aberto', percebemos que ela se aproximava muito do rap. Então, pensamos na participação de alguém do gênero”.

A banda convidou os rappers mineiros Nabru e Pessa, além da cantora colombiana Aniya Teno, para “De peito aberto”. O modelo on-line possibilitou a participação de Helena Cagliari, da banda catarinense La Leuca, em “Nas suas mãos”, e do compositor e cantor chinês Jason Qiu na faixa “A torre”. Já “No caminho pra piedade” é um conto musicalizado escrito pelo artista visual Vitor Borges.

IDENTIDADE

Nas fotos do álbum e no clipe “Na suas mãos”, a banda apresenta sua nova identidade visual por meio de máscaras que simulam pássaros. O design é assinado pelo baterista Jovi Depiné. Essa simbologia também marcou o EP “Turbulência” (2017) e o álbum “Queda” (2019).

Diego Dutra explica que a ideia vai ao encontro da liberdade e da defesa das máscaras de proteção, essenciais para conter a pandemia da COVID-19.
(foto: Acervo)
(foto: Acervo)

“MEMÓRIAS DO MUNDO REAL”
• Disco da banda Mineiros da Lua
• Oito faixas
• Disponível nas plataformas digitais
•  Link do clipe “Nas suas mãos”:https://youtu.be/XOLC08s4GBs

*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria


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