Cinco compositores brasileiros – Leopoldo Miguez (1850-1902), Henrique Oswald (1852-1931), Alexandre Levy (1864-1892), Francisco Mignone (1897-1986) e Marlos Nobre (1939) – foram gravados pela pianista brasileira Clélia Iruzun, radicada no Reino Unido, e pelo violinista britânico Anthony Flint, ex-spalla da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
Segundo volume da série “Treasures from the new world”, da gravadora inglesa Somm Recordings, o álbum destaca as sonatas de Leopoldo Miguez e Henrique Oswald, ambas em quatro movimentos.
“Penso em Miguez quase como um Brahms brasileiro. Sua sonata é mais pesada e exige bastante atenção”, afirma Flint sobre a “Sonata para violino em lá maior”, composta em 1885.
Contemporâneos, Miguez e Oswald têm pontos em comum em suas respectivas trajetórias. Ambos estudaram na Europa – o primeiro foi criado em Portugal e, mais tarde, estudou no Conservatório de Paris. O outro, de ascendência suíça, passou longa temporada em Florença, na Itália. Os dois dirigiram o Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Brasil
Completando o álbum, há peças curtas dos demais compositores: “Romanza”, de Mignone, “Poema”, de Nobre, e “Tango brasileiro”, de Levy. “Claro que com minha relação com o Brasil, eu conhecia os compositores, mas não a fundo. A Clélia me chamou a atenção para as sonatas”, diz Flint, que pesquisou algumas gravações da obra de Miguez para definir o repertório do álbum.
Gravado na Inglaterra, o disco será precedido, quando possível, de uma turnê. Flint, que vive em Mendrisio, cidade suíça próxima à fronteira italiana, acredita que em breve poderá executar o repertório com Clélia na Inglaterra. No Brasil, por razões óbvias, somente em médio prazo.
“Não vou ser ambicioso, acredito que talvez em 2022 ou 2023 possamos tocar no Brasil”, afirma o violinista, que, ao lado da pianista integra o Trio Nobile – a formação de câmara conta com o violoncelista americano Johann Sebastian Paetsch.
A última apresentação de Flint na capital ocorreu em dezembro de 2019, quando ele executou, como convidado da Filarmônica, “Sheherazade” (1888), de Rimsky-Kosakov.
Em duas semanas, as restrições na Suíça se reduzirão expressivamente, já que a maioria da população foi vacinada. “Toquei quase todas as semanas em toda a minha vida. Com a Filarmônica, eram pelo menos dois concertos semanais. Agora, com exceção de dois concertos que fiz com a (pianista) Cristina Ortiz na França, não toquei nada por 18 meses”, revela Flint.
Mesmo sem concertos na agenda, ele não parou. O álbum com Clélia pode render um novo volume. “Fizemos muita pesquisa para o disco, encontramos velhos manuscritos com três ou quatro peças de Oswald para trios que serão transcritos em breve. A partir desse material, vamos ver o que podemos gravar. Mesmo que outros (músicos) já o tenham feito, não vejo razão para o Trio Nobile não fazer um novo registro”, finaliza Flint.
“TREASURES FROM THE NEW WORLD – DUOS BY MIGUEZ & OSWALD”
Álbum de Anthony Flint e Clélia Iruzun
À venda no site somm-recordings.com