A solidão é o tema central do filme “Noites de alface”, que marca a estreia de Zeca Ferreira como diretor de longa-metragem. Com estreia nesta quinta-feira (24/06) nas cidades onde os cinemas estão autorizados a funcionar, ele é protagonizado por Marieta Severo e Everaldo Pontes. Três atores do Galpão estão no elenco: Inês Peixoto, Teuda Bara e Eduardo Mo- reira. Porém, o trio terá de esperar um pouco para se ver na telona, pois as salas de Belo Horizonte permanecem fechadas.
Adaptação do romance homônimo de Vanessa Bárbara publicado pela Alfaguara, o filme foi rodado em Paquetá, no Rio de Janeiro, ilha onde o cineasta mora. Depois de uma vida inteira passada com a mulher, Ada (Marieta), Otto (Everaldo) se vê de repente sozinho. A perda da companheira vai acarretar mudanças para ele e também para os vizinhos
PONTE
“Você constrói uma vida com uma pessoa e quando ela desaparece, um pedaço da sua também”, comenta Inês Peixoto. A mineira interpreta Teresa, uma das pontes do retorno de Otto à própria vida. “É um filme que tem algumas camadas. Mesmo que a Ada não exista mais, ela continua preenchendo os espaços do Otto”, acrescenta a atriz.
“Noites de alface” transita entre vários gêneros, com drama, humor e algum suspense. O sumiço do carteiro Aidan (Pedro Monteiro) motiva Otto a investigar o estranho desaparecimento. Fechado em casa, o personagem passa a espiar seus vizinhos. Entre eles estão o farmacêutico Nico (João Pedro Zappa), especialista em bulas de remédio e inconveniente nas horas vagas; a excêntrica Dona Iolanda (Teuda Bara); Teresa (Inês Peixoto) e seus cachorros barulhentos; Mayu (Lumi Kim) e seu avô, o velho Taniguchi (Antônio Sakatsume), japonês, ex-combatente de guerra que sofre do mal de Alzheimer; e o carteiro principal da cidade, Aníbal (Romeu Evaristo).
“Tanto a minha personagem quanto a Iolanda, da Teuda, eram amigas da Ada. A Teresa, mulher madura, é muito ligada ao jovem farmacêutico vivido pelo Zappa. Há um clima entre os dois, ela o seduz de forma ve- lada. Estão sempre juntos, tentando contornar situações que acontecem no filme”, continua Inês. Eduardo Moreira faz uma participação como o delegado da pequena cidade.
ÓRFÃS
Além de “Noites de alface”, Inês Peixoto rodou outro longa antes da pandemia, que está em processo de finalização. Filmado em Tocantins, na Zona da Mata mineira, “As órfãs da rainha”, da diretora Elza Cataldo, é ambientado no final do século 16.
Três irmãs, criadas como católicas, são enviadas de Portugal para o Brasil colônia para se casar. As personagens tentam se adaptar à precariedade do Novo Mundo, ignorando sua origem ju- judaica. Quando um inquisidor chega à colônia espalhando terror, cada uma reage da sua maneira.
Em meio aos trabalhos como atriz, Inês começa nos próximos dias a rodar um curta como diretora. “A primeira perda da minha vida”, com roteiro de Eduardo Moreira, é outro projeto on-line do Grupo Galpão.
Integrante do projeto “Dramaturgias”, criado pelo grupo de teatro para o ambiente digital, o curta será lançado em outubro.