No mês em que se celebra o orgulho LGBT, chega às livrarias pela Editora Bazar do Tempo a nova edição de “Elvis & Madona – Uma novela lilás”, de Luiz Biajoni, lançado em 2010 junto do filme homônimo de Marcelo Laffitte (1963-2019). A nova tiragem do romance passou por revisão de linguagem para acompanhar as conquistas e o avanço de debates relativos ao movimento LGBT.
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PREFÁCIO
O autor também teve o auxílio da doutora em literatura e ativista Amara Moira. Ela assina o prefácio da edição comemorativa, que traz um texto da professora Vilma Costa sobre a edição original. O prefácio também é assinado pelo escritor Raphael Montes.“Foi um consenso fazer a atualização sem tornar o livro asséptico, totalmente politicamente correto. Os vilões continuam usando uma linguagem abusiva, então a sujeira da história foi preservada. O livro conta uma história de amor em meio a uma trama policial. A aura dele está mantida, portanto, não perdeu a carga de violência de que uma história como essa precisa”, afirma Biajoni.
“Elvis & Madona” foi desenvolvido com base no roteiro de Laffitte, que morreu no início de dezembro de 2019, vítima de infarto. A história de amor entre a travesti Madona e a motoqueira lésbica Elvis ganhou status de ícone da literatura policial LGBT. O romance, que se passa em Copacabana, ficou conhecido por tensionar os papéis de gênero.
“O filme é uma comédia romântica que foi aceita por um público mais amplo. O livro teve lançamento discreto pela Editora Língua Geral, e o gosto por ele foi crescendo ao longo dos anos, principalmente por pessoas ligadas ao movimento LGBT”, avalia o escritor.
“Estamos vivendo um momento de muito ódio, divisão e cisão. 'Elvis & Madona' fala de união, perseverança e crença no futuro. Acredito que por isso o livro teve sobrevida maior do que o filme. Conheço pessoas que adoram dá-lo de presente. De certa forma, ele ajudou a definir um imaginário, abrindo portas para uma nova literatura LGBT no Brasil”, pontua Biajoni.
No filme, Elvis é vivido por Simone Spoladore, e Madona por Igor Cotrim, e não por um travesti. A escalação de Cotrim causa polêmica até hoje. No prefácio da nova edição, Amara Moira diz que, apesar do talento do ator, a crítica “tem a ver com a politização das produções artísticas, um chamado na chincha para que elas comecem a atuar ativamente na transformação das desigualdades que concordamos que existem.”
“Se não for no papel de Madona, que seja como roteirista, cenografista, figurinista ou em algum outro lugar de importância na produção da obra. Para que possamos também colher os louros que uma narrativa que se vale das nossas histórias produziu. O aqué das bonitas, né, meu bem?”, escreve Moira, reconhecendo que essa é uma questão recente, pouco discutida em 2010.
Luiz Biajoni conta que Laffitte fez testes com atrizes trans e travestis e as escalou para papéis secundários. “Elas aparecem no filme contracenando com Elvis e Madona. A questão da representatividade não foi esquecida durante a produção”, relembra. “Essa não era a principal preocupação dos produtores. Era uma outra época, estávamos discutindo beijo gay na novela. Por trás das câmeras, grande parte da equipe era LGBT, mas o livro foi escrito por mim e dirigido pelo Marcelo, dois homens héteros”, afirma.
“Elvis & Madona” também chega agora em audiobook pela Storytel, com narração da atriz e jornalista Carol Marra, mulher trans.
“ELVIS & MADONA – UMA NOVELA LILÁS”
• De Luiz Biajoni
• Bazar do Tempo
• 180 páginas
• R$ 55