Jornal Estado de Minas

CINEMA

'Velozes & Furiosos 9' ressuscita Han e cria irmão bandido para Vin Diesel


“Velozes & Furiosos” é a saga em que tudo pode acontecer. E, mesmo assim, poucas vezes essa máxima foi levada tão longe quanto em “Velozes & furiosos 9”, que estreou esta semana no Brasil, exibido em cidades onde as salas de cinema voltaram a funcionar – em BH, elas permanecem fechadas.





O longa não tem medo de jogar para a plateia as cenas de ação mais absurdas, ressuscitar personagens queridos ou mesmo apresentar parentes nunca mencionados anteriormente.

Por causa da pandemia, o filme chegou com um ano de atraso. É uma película de retornos, a começar pelo diretor Justin Lin, que volta para seu quinto capítulo da saga depois de ficar de fora dos dois últimos.

“Quando saí, achei que seria para sempre”, conta Lin. “Mas poder solidificar as origens de toda essa mitologia, 20 anos após o início da série, era empolgante demais para recusar.”

PIADAS

Lin sabe que, a cada filme, a franquia foi ficando cada vez maluca. E, por isso mesmo, o longa faz piadas com a invencibilidade de seus personagens. “Achei que era legal refletir isso, porque o público comenta”, diz o cineasta. “Os filmes existem porque nossa comunidade cresceu, e os fãs participam ativamente. É algo de que tenho orgulho, porque não foi assim no início.”

Com efeito. A franquia começou com bilheteria mundial de US$ 207 milhões (R$ 1 bilhão) e bateu US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) nos últimos dois longas.

A campanha na internet “Justiça para Han” trouxe o ator Sung Kang de volta. “É um personagem de origem asiática que foi deixado de lado. Senti que, se era para eu voltar, isso teria de ser abordado. Então, o crédito vai 100% para os fãs por sua paixão”, afirma Lin.





Han Lue apareceu no terceiro longa, “Velozes & furiosos: Desafio em Tóquio”. Ele era morto, mas surgia nos três filmes seguintes, que se passavam antes de “Desafio em Tóquio”.

Para surpresa do próprio Sung Kang, Han “ressuscitou”, de certa forma. “Para mim, tinha encerrado minha participação, uma grande experiência”, comenta. “Mas, quando vi o movimento crescer na internet, percebi como Han era importante para os fãs. Fiquei lisonjeado.”

Outro retorno é o de um personagem que ninguém conhecia. O aliado da vilã Cipher (Charlize Theron) é o vingativo Jakob Toretto (John Cena), irmão de Dom Toretto (Vin Diesel), que deixa sua vida de comercial de margarina com Letty (Michelle Rodriguez) para combater Jakob.

É tão isolado da família que jamais foi citado pelo irmão ou pela irmã, Mia (Jordana Brewster). “Topei na hora, mas fiquei um pouco preocupado por ser Jakob Toretto, sobrenome que vem com muita expectativa e responsabilidade”, explica Cena.





O epicentro sempre foi a família, formada por Dom e Brian (Paul Walker, morto em 2013, mas ainda, em teoria, vivo na série). “Esse é o segredo, porque sem isso poderia ser só mais um filme de ação”, diz Kang. Os espectadores, claro, esperam cenas malucas. Já teve carro pulando de prédio em prédio e heróis perseguidos por um submarino.

ÍMÃS

Para a nova aventura, Justin Lin foi procurar inspiração na ciência. Ao conhecer um acelerador de partículas em Hamburgo, ficou sabendo de uma tecnologia envolvendo ímãs. O diretor conversou com cientistas da Nasa para saber quanto de combustível seria necessário para colocar um carro no espaço.

Agora, a única dúvida é como superar ímãs gigantes e a ida ao espaço nos próximos dois filmes, já anunciados como os capítulos finais. Justin Lin vai dirigir ambos e confessa: o frio na barriga já começou. 






Duas perguntas para...

(foto: Universal/divulgação)

Sung Kang
ATOR

É importante um personagem como Han, especialmente neste momento de hostilidade contra pessoas de origem asiática?
Sim. Não só por ser asiático, mas pelo que ele representa: integridade, lealdade. Eu me sinto abençoado por interpretar um personagem que causa esse impacto.

As coisas estão mudando em Hollywood?
Com certeza. Só de estarmos conversando abertamente já mostra que sim. Nas entrevistas anteriores sobre a franquia, não teríamos falado sobre isso. Claro que há muito trabalho a ser feito. Mas é um momento lindo, porque pela primeira vez estamos unidos. Nós, asiáticos, nunca participamos do diálogo. Estamos sempre de fora, porque somos considerados a minoria-modelo. Estamos acostumados a ficar em silêncio. Mas temos problemas reais. Temos de compartilhar nossas experiências.

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