Um dos fundadores da banda Tuatha de Danann, Bruno Maia lança nas plataformas digitais o seu segundo disco autoral. O álbum independente “... e o mundo de cá”, do projeto Braia, mescla as sonoridades celta e brasileira. Baião, samba, ijexá, viola e rabeca dialogam com gaita de fole e flautas irlandesas. “Tudo isso com um pouquinho de rock progressivo e abordagem mais pop, moderna”, ressalta Maia, belo-horizontino radicado em Varginha, no Sul do estado.
Independente e produzido com recursos da Lei Aldir Blanc, o álbum tem 12 faixas inéditas. Bruno diz que o trabalho, totalmente instrumental, é diferente do folk metal da Tuatha, inspirado na sonoridade irlandesa. “Cada faixa alude a um fato histórico ou à memória de Minas Gerais. Tem a Inconfidência Mineira, o Quilombo do Campo Grande, a Guerra dos Emboabas, o Sete Orelhas, Guimarães Rosa e o Clube da Esquina.”
O primeiro trabalho do Braia, lançado em 2007, chamava-se “... e o lado de lá”. As letras traziam referências a W. B. Yeats e a James Joyce, ícones da literatura irlandesa. Já o segundo, “…e o mundo de cá”, alude a fatos e personagens presentes no imaginário brasileiro.
É quase um tributo à memória de Minas Gerais, diz Bruno Maia. As faixas deixam isso claro no próprio título: “Sabarabuçu”, “Capão da Traição” e “Rio das Mortes”. “Estudo e pesquiso o assunto há bastante tempo”, conta ele.
O novo trabalho não foi planejado. “Comecei a compor e foi surgindo muita coisa brasileira”, comenta, orgulhoso de realizar o velho sonho de gravar esse disco solo. “É um álbum interessante, pois é de música instrumental e feito de temas. Claro que há momentos mais técnicos, porém alcançamos o objetivo de tentar o casamento da música brasileira, com seus ritmos, linguagem e fraseados, com a música irlandesa”, explica.
INÉDITO
O repertório não surgiu agora. “Já estava fazendo esse disco há algum tempo. Comecei a gravá-lo e dei uma parada, pois tinha trabalhos com outras bandas. Ele foi concebido para ser um álbum inteiro e só agora consegui terminá-lo”, revela Bruno.
O segundo disco do Braia difere muito do álbum de 2007. “O primeiro não era instrumental. Ele foi lançado na França, em 2008. Mesmo cantado em português, vendeu muito bem lá. A turnê que se seguiu ao lançamento resultou no DVD ‘Braia ao vivo’, lançado em 2010”, informa.
Composições instrumentais de Bruno fazem parte tanto dos discos do Braia quanto dos da Tuatha de Danann, mas nunca fez um álbum inteiro dedicado ao gênero. “A resposta do público tem sido muito legal, o que indica que outros virão, com certeza”, promete.
A ligação do mineiro com a cultura celta surgiu na década de 1980, quando ele era garoto e se encantou com um desenho do Rei Arthur. A mãe lhe deu um livro sobre o lendário herói britânico, ele se apaixonou pelo tema e isso resultou na Tuathaa de Danaan.
“Posteriormente, voltei meu olhar para Minas Gerais. Cheguei a fazer um documentário sobre o Sete Orelhas, personagem do Sul do estado ligado a assassinatos e vinganças.” Formado em letras, Bruno fez mestrado em literatura.
Além de Bruno (viola, banjo, bouzouki, flautas, guitarra e teclados), o projeto Braia reúne Fabrício Altino (bateria), Anderson Silvério (baixo) e Rafael Castro (teclados). O álbum contou também com os convidados Nathan Viana (violinos), Edgard Brito (teclados) e Felipe Andreoli, baixista da banda paulista Angra.
“... E DO LADO DE CÁ”
Disco do projeto Braia
Independente
12 faixas
Disponível nas plataformas digitais
O site do projeto (https://www.braia.net.br/release/e-o-mundo-de-ca/) disponibiliza o álbum para audição, além de textos explicando o porquê de cada faixa