Álbum ao vivo de Gilberto Gil mantém a tradição neste são-joão pandêmico
No sítio da família em Araras, baiano gravou clássicos de Luiz Gonzaga, além de sucessos de Zé Ramalho, Dominguinhos, Anastácia e Targino Gondim
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Irlam Rocha Lima - Correio Braziliense
29/06/2021 04:00 - Atualizado em 29/06/2021 07:02
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“Eu e o sertão/ Tu, tua emoção/ Nós e o são-joão/ Mas não pode não.” Esse é um trecho da letra de “Fé na festa”, canção de Gilberto Gil feita para álbum homônimo, lançado em 2010. A música batizou a turnê que levou o cantor e compositor baiano a percorrer algumas cidades brasileiras naquele ano durante o período dos festejos juninos.
Onze anos depois, “Fé na festa” volta a fazer parte do repertório do novo trabalho do artista baiano, “São João em Araras – Ao vivo”, gravado em 2020 no sítio dele na cidade de Araras, na região serrana do Rio de Janeiro. O verso da antiga canção soa agora, nestes tempos de pandemia, como premonição.
“São João em Araras – Ao vivo” reverencia uma das principais referências musicais de Gil, o imortal Luiz Gonzaga, a quem, ainda criança, o cantor costumava ouvir no serviço de alto-falante de Ituaçu, cidade do interior da Bahia. Nada menos de oito das 18 faixas do repertório têm a assinatura do Rei do Baião, compostas só por ele e com os parceiros Humberto Teixeira e Zé Dantas.
Entre esses clássicos gravados por Gil estão “Respeita Januário”, “Asa branca”, “Assum preto”, “Qui nem jiló”, “Xote das meninas” e “Olha pro céu”, esse último considerado a canção mais simbólica dos folguedos juninos.
Gilberto Gil incluiu no set list “Eu só quero um xodó” (Dominguinhos e Anastácia), “Pedras que cantam” (Zé Ramalho) e “Esperando na janela” (Targino Gondim), além de sua “Toda menina baiana” e “São João Xangô menino”, que compôs com Caetano Veloso.
Neste projeto, o cantor tem a companhia de Bem Gil (guitarra e responsável pela produção), José Gil (percussão e vocal), Mestrinho (sanfona), Jorginho Gomes (zabumba) e Nara Gil (backing vocal). Há, ainda, a participação de Preta Gil.
Embora tenha seu nome ventilado para ocupar uma das vagas abertas na Academia Brasileira de Letras (ABL), o eterno tropicalista ainda não comentou a “imortalidade” em público.
O que tem ocupado parte de seu tempo neste momento é a série “Nós, a gente”, produção com 10 episódios que começa a ser gravada esta semana. Devidamente vacinado, Gil faz planos para excursão com os filhos, netos e a bisneta durante o verão europeu, em 2022.