A Orquestra Sesiminas Musicoop apresenta o repertório de Wilson Simonal (1938-2000) em parceria com o cantor e baterista Marcelo Dai, que vem despontando na cena musical de BH. A live será realizada nesta quarta-feira (30/06), às 20h, no palco do Teatro Sesiminas.
O maestro Felipe Magalhães, que assina a seleção do repertório, conta que cresceu ouvindo grandes nomes da MPB, mas só mais velho conheceu Wilson Simonal.
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O maestro considera o cantor “um dos primeiros artistas pop da música brasileira”. O carioca foi astro do movimento chamado “pilantragem”, com canções descontraídas e ritmo suingado. “Ele enchia estádios, inflamava as plateias, tinha carisma e força para comandar o público”, relembra Magalhães.
O imenso sucesso de Simonal acabou abruptamente quando ele foi envolvido em denúncias de que se aliara a agentes ligados à ditadura militar para punir um desafeto. Recentemente, livros, vídeos e filmes oferecem nova visão sobre a polêmica, apontando que o ostracismo do cantor foi fruto do racismo.
Em 35 anos de atividades, é a primeira vez que a Orquestra Sesiminas Musicoop faz um concerto dedicado a Wilson Simonal. O repertório de 12 canções inclui clássicos da “pilantragem”, como “Não vem que não tem”, “Mamãe passou açúcar em mim”, “Sá Marina” e “Meu limão, meu limoeiro”, mas também terá o “lado B”. Os arranjos são assinados por Fred Natalino, compositor e pianista acostumado ao diálogo entre MPB e orquestra.
“A gente tentou abarcar um pouco de cada período da carreira dele, mostrando a versatilidade do Simonal como cantor. Tem músicas românticas, canções em inglês e sambas. Procuramos não ficar só nos sucessos, mas apresentar canções lindas que mesmo os fãs não conhecem”, explica o maestro.
O cantor Marcelo Dai, de 28 anos, se diz honrado com o convite da orquestra, garantindo que o concerto desta noite é um dos eventos mais importantes da sua carreira. Segundo ele, seu trabalho é muito identificado com o de Simonal.
Dai afirma que o astro merece ter de volta o seu lugar na MPB. “Ninguém canta Simonal, exceto covers, shows com voz e violão, até banda. Mas tocam sempre as mesmas músicas. A galera vai curtir muito o concerto, porque a gente vai trazer um outro lado do Simonal para a cena.”
Para ele, é muito importante resgatar o legado do artista. “Simonal precisa ser homenageado, precisa dessa redenção, voltar aos ouvidos da galera. Tenho a expectativa muito grande de poder levar isso para o público que não era nascido naquela época, assim como eu”, diz, referindo-se aos anos 1960 e 1970.
O maestro Felipe Magalhães destaca a importância de orquestras darem atenção à música popular. “A música de orquestra, sobretudo no Brasil, muitas vezes fica distante do grande público. Quando ouvem a sonoridade de uma orquestra, as pessoas a identificam com algo restrito a um nicho bem específico. Porém, ganha-se muito quando você coloca a orquestra junto com baixo, bateria e guitarra, se fizer isso com cuidado, com atenção aos arranjos”, defende.
LUTHER KING
“A experiência de se apresentar com uma orquestra é muito bonita. Você fecha o olho e não quer nem cantar”, comenta Marcelo Dai, ansioso para mostrar ao público as canções de Simonal. Entre elas, ele cita “Tributo a Martin Luther King”, parceria do próprio cantor carioca com Ronaldo Bôscoli.
“É uma canção muito forte, potente e atual. A gente vê a violência contra os negros ainda acontecendo de forma exacerbada, como lá nos anos 1960, 1970. É muito louco ver que esta coisa ainda está tão presente, esse sentimento de preconceito e inferiorização do preto. Será um momento bastante importante do show”, garante Marcelo Dai.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
PROJETO SEMPRE ÀS QUARTAS
Marcelo Dai e Orquestra Sesiminas Musicoop interpretam canções de Wilson Simonal. Live nesta quarta-feira (30/06), às 20h, ao vivo, no YouTube (https://www.youtube.com/orquestrasesiminasmusicoop)