Quando o engenheiro de áudio e produtor musical Bruno Barros idealizou o Sonastério, em 2014, buscou inspiração nos estúdios de gravação instalados nas colinas de Los Angeles, nos Estados Unidos, cidade onde morou quando cursava a faculdade. As palavras som e monastério se juntaram para batizar o espaço, que se propõe a ser um retiro, lugar de calma, residência onde o artista possa focar apenas em sua criação.
“Era um sonho meu ver a cena musical brasileira crescer como a norte-americana. A gente tem muito artista bom, mas ainda falta estrutura”, afirma Bruno Barros. Estúdio localizado nas montanhas de Nova Lima, o Sonastério, com suas cores e janelas de vidro, é, antes de tudo, um espaço acolhedor.
Estúdio, tem muitos no mundo. O artista chega, grava, recebe as músicas e vai embora. A nossa proposta sempre foi diferente
Bruno Barros
PRODUTORA Quando os amigos Fred Pedrosa e João Pedro Andrade se juntaram a Bruno como sócios, o estúdio nas montanhas já havia gravado Milton Nascimento, Iza, Skank, Seu Jorge e Vintage Culture, entre outros. Com a chegada da dupla, surgiu a produtora, que acaba de lançar seu primeiro projeto: o “Sonastério Ilumina”.
“Sempre fui um cara mais das ideias. Eu precisava do Fred e do João para tirar esse projeto do papel”, conta Bruno Barros. “Não é trabalho para um só, todo mundo tem que somar”, completa João Pedro.
Desde domingo (27/06), o canal do Sonastério no YouTube exibe a série musical e documental criada lá, cujos episódios têm 30 minutos, em média. Cada capítulo da “Sonastério ilumina” é dedicado a um cantor ou banda. A ideia é oferecer um projeto audiovisual imersivo, permitindo a conexão mais pessoal do público com o ídolo.
As músicas gravadas durante as filmagens são disponibilizadas nas plataformas digitais da produtora Sonastério.
“Todo mundo chega, passa dois ou três dias e se sente completamente em casa. A gente faz questão daquela recepção bem mineira: você senta à mesa, troca uma ideia, come pão de queijo e toma cafezinho”, conta Fred Pedrosa.
O artista tem liberdade para propor o roteiro e cabe à produtora trabalhar em cima dele. Ao destacar as peculiaridades de cada um, os documentários não ficam repetitivos.
“Um músico falou com a gente que traria a família toda para o estúdio, e a gente colocou todo mundo no vídeo. Ficamos amigos da mulher dele, o moleque deles fez uma bagunça aqui”, brinca Fred. “O mesmo cara sentou com a gente e falou que já quis ser advogado. A gente pensou na hora: vamos botar ele de terno”, conta João Pedro.
O primeiro episódio, exibido no último domingo (27/06), é dedicado à banda paulista de reggae Maneva, que reúne Tales de Polli, Diego Andrade, Fabinho, Felipe Souza e Gato. O vídeo abordou momentos marcantes da trajetória do grupo, com direito a áudio de fãs e seis canções.
Djonga e Francisco El Hombre serão as próximas estreias, respectivamente, em 8 e 29 de julho. Ainda não foi definida a data de exibição dos episódios das bandas Onze:20 e Pedra Letícia e do cantor Zeeba.
“O ambiente é sensacional: o estúdio e as montanhas. Tudo conspira para a música naquele lugar”, afirma Fabinho, baterista da Maneva. “Ficamos muito à vontade para fazer o que a gente tivesse na telha. Foi um projeto muito orgânico: só nós cinco ali, fazendo a nossa música e contando a nossa história.”
REVELAÇÃO A cena de abertura mostra a banda assistindo a shows antigos. Ao fundo, áudios de fãs revelando o que Maneva significa para eles. Em uma das cenas, os músicos revelam que o grupo chegou muito perto de acabar.
“Chega um momento da carreira que a gente repensa certas coisas, mas sempre o amor à música prevalece”, afirma o percussionista Diego Andrade
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Num dos áudios, a fã conta que a canção “Vá viver”, que tocava no rádio certa noite, salvou sua vida. “Escutar os áudios, perceber o que o Maneva significa para os outros, isso é o nosso combustível. É o que ajuda a gente a deixar pra trás esse sentimento momentâneo”, completa Diego Andrade, referindo-se ao “quase fim” do grupo.
Entre relatos de fãs e confissões da banda, seis canções são performadas em estúdio, cujo cenário foi criado exclusivamente para o Maneva. O set list reuniu “Saudades do tempo”, “O destino não quis”, “Seja pra mim”, “Lágrimas de alegria”, “Ser perfeito” e “Banco de areia”.
“A gente fez uma escolha bem equilibrada, com três músicas que representam a carreira do Maneva e três do álbum novo, ‘Caleidoscópio’”, explica o guitarrista Felipe Souza.
O baixista Gato diz que a reunião de sucessos do passado e novas canções mostra que a proposta do Maneva é uma banda de álbum – e não de singles, lançados isoladamente. “A gente conseguiu diversificar nosso trabalho e trazer as nuances de cada música. O foco não é só nos hits, mas no trabalho como um todo”, conclui.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
“SONASTÉRIO ILUMINA”
Série do estúdio e produtora Sonastério. Episódio com a banda Maneva já está disponível no canal do Sonastério no YouTube. Canções disponíveis nas plataformas digitais do estúdio.
PRÓXIMAS ATRAÇÕES
Djonga
Episódio em 8 de julho
Francisco El Hombre
Episódio em 29 de julho