Jornal Estado de Minas

INSTRUMENTAL

Encontro on-line reúne violeiros dos Açores, Brasil e Portugal

Chico Lobo vai tocar e contar causos no 'Encontro de violas de arame' (foto: Elcio Paraíso/divulgação )

Criado em 2009, o “Encontro de violas de arame” surgiu em Castro Verde, vila da região do Alentejo, em Portugal. O evento chega à 10ª edição nesta quinta-feira (1º/07), reunindo em sua versão on-line o mineiro Chico Lobo, o pernambucano Aorelio Domingues, os açorianos Bruno Bettencourt e Rafael Carvalho e os portugueses José Barros e Pedro Mestre, esse último idealizador do encontro.




 
Rafael Carvalho é um dos maiores divulgadores da viola da terra, instrumento tradicional dos Açores. Ele conta que esse interesse surgiu quando tinha 13 anos. “Em minha freguesia, Ribeira Quente, ouvia tocar a viola pelo Natal, pois temos um grupo que vai até as casas anualmente, a visita do Menino Jesus, que também serve de peditório para a igreja. Aprendi os primeiros acordes do violão com meu pai”, revela o músico.
 
Rafael explica que as violas portuguesa e brasileira têm semelhanças, como caixa em forma de oito, braço, escala e ordens duplas (cordas). “A maior diferença será por termos nos Açores uma viola de 12 cordas, mas de cinco ordens. Ou seja, três cordas duplas e duas triplas. No Brasil, são violas de 10 cordas, de cinco ordens, todas duplas”, comenta.
 
O compositor açoriano apresentará três peças hoje. “Uma delas é 'Pezinho velho'. Aprendi com dois velhos mestres e tem sido uma moda tocada em todos os eventos”, diz. O público também conhecerá duas composições dele. “Elas mostram o meu percurso e as técnicas e sonoridades que tenho tentado desenvolver na viola da terra”.




 
O instrumentista elogia os colegas brasileiros. “Ouvir Chico Lobo, Roberto Corrêa, Paulo Freire, Almir Sater, Ivan Vilela e Fernando Deghi, entre outros, é um caminho de aprendizagem, mas também é sempre importante continuar ouvindo os velhos mestres da viola nos Açores”, diz.
 
Rafael Carvalho está finalizando o sexto álbum, que será lançado no fim de julho. “O disco se chama ‘Cordas do mundo’. Toco peças dos Açores, da guitarra portuguesa, além de peças do Norte da Europa, da guitarra clássica, alaúde e bandolim italiano. E também modas da América do Sul e canções autorais. É a sequência lógica do trabalho que tenho desenvolvido com a viola da terra”, adianta.
 
O mineiro Chico Lobo conheceu Pedro Mestre em 2006. “Iniciamos a parceria que gerou o CD ‘Encontro de violas: campaniça e caipira’ e o DVD ‘De Minas ao Alentejo’. Dessa experiência nasceu o projeto ‘Encontro de violas de arame’”, relembra.





AFINAÇÃO Esta noite, o mineiro vai apresentar alguns temas que marcaram sua carreira. “O toque instrumental ‘Vazante na afinação Rio Abaixo’, que, curiosamente, é a afinação usada na viola de arame da Ilha da Madeira, e as músicas ‘Caipira’ e ‘No braço dessa viola’”, adianta.
 
Mas a participação de Chico não se limitará à música. “É claro que haverá tempo para a prosa. Falo um pouco de como iniciei minha carreira, em São João del-Rei, e de meu pai, Aldo Lobo, que me deu a primeira viola quando eu tinha 12 anos. Cito também as minhas influências, como o mestre Seu Nelson Jacó de Jequitibá, já falecido, a quem tive o prazer de levar a Portugal em 2008”, comenta.

“10º ENCONTRO DE VIOLAS DE ARAME”

Com Chico Lobo, Aorelio Domingues, Bruno Bettencourt e Rafael Carvalho. Nesta 
quinta-feira (1º/07), às 17h30, no canal youtube.com/ajvioladaterra.


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