"Venho de família musical - não de instrumentistas, mas de ouvir música boa. Meus pais gostavam muito de Milton Nascimento, Elis Regina e Sarah Vaughan"
Dudu Lima, contrabaixista e compositor
Para comemorar seus 35 anos de carreira, o instrumentista, compositor e arranjador mineiro Dudu Lima lança o álbum “Concerto para contrabaixo” (Tratore). Com oito faixas autorais e inéditas, o disco foi produzido com recursos obtidos por meio da Lei Aldir Blanc.
Dudu Lima usa e abusa da liberdade neste novo mergulho no universo do contrabaixo, utilizando os modelos elétrico, fretless, baixolão e acústico.
“Tinha o projeto de fazer um CD, cujo conteúdo fosse centrado no contrabaixo. Embora já desenvolvesse meu trabalho autoral com esse foco, ele envolvia, na maioria das vezes, a formação de trio, o Dudu Lima Trio”, conta, referindo-se ao grupo formado por ele, o baterista Leandro Scio e o pianista Ricardo Itaborahy, atuante há três décadas.
Formações
Em seu novo disco, Dudu explora diferentes formações. “Principalmente solo e duo. São músicas compostas para ser tocadas melodicamente, harmonicamente”, explica. Uma das faixas traz baixo e piano acompanhados por quarteto de cordas.
A pandemia influenciou o novo projeto, conta ele. “A imersão nesse trabalho veio em razão do isolamento que estamos vivendo. Embora tenha feito várias lives com o trio, meus momentos de preparação, estudo e ensaio têm sido sozinho. Então, esse momento solo foi perfeito para o disco.”
Dudu Lima já lançou 11 CDs e sete DVDs. A ligação dele com o contrabaixo começou aos 11 anos, em Juiz de Fora, onde nasceu. “Venho de família musical – não de instrumentistas, mas de ouvir música boa. Meus pais gostavam muito de Milton Nascimento, Elis Regina e Sarah Vaughan, enquanto meu padrasto gostava de Stevie Wonder e da black music dos anos 1970. Eu ficava sempre ouvindo o contrabaixo que tocava naquelas canções.”
Outra ligação musical dele foi o cantor e compositor carioca Ed Wilson (1945-2010), pai de seus primos.
“Ele foi um cara muito presente na minha adolescência. Edinho era irmão do grande contrabaixista Paulo César Barros, o PC, e também de Renato Barros (1943-2020), líder do grupo Renato e seus Blue Caps”, diz o instrumentista mineiro.
PC apresentou Dudu ao contrabaixista norte-americano Jaco Pastorius (1951-1987), considerado um dos melhores baixistas do mundo.
“PC ia muito aos Estados Unidos, era bem-informado. Em 1984, quando eu tinha uns 11 ou 12 anos, ele me presenteou com uma fita VHS do show do Jaco em Montreal. E me disse: 'Você resolveu tocar baixo, veja essa fita, pois está tudo aí. Esse cara sabe tudo'.”
Dudu seguiu o conselho. Muito jovem, quando passava férias no Rio de Janeiro convivia com Ed Wilson.
“Ele estava compondo ‘Chuva de prata’, que Gal Costa gravou, e ‘Me dê motivo’ lançada pelo Tim Maia”, comenta. “Edinho tinha um pequeno estúdio, eu ia lá ver os artistas gravarem. Ele foi muito importante tanto para a minha formação musical quanto para a música brasileira”, comenta.
Um pouco mais tarde, o juiz-forano estudou música no Rio de Janeiro. “Tive também um grande mestre contrabaixista: o cearense Adriano Giffoni”, afirma.
No álbum “Concerto para contrabaixo”, Dudu Lima é acompanhado por Caetano Brasil (sax-soprano), Leandro Scio (bateria e percussão), Ricardo Itaborahy (piano e acordeom), Hérmanes Abreu (vocais), Jonatas Silveira (violino e viola) e Maria Fernanda Moraes (violoncelo).
“CONCERTO PARA CONTRABAIXO”
Disco de Dudu Lima
Tratore
Oito faixas
Disponível nas plataformas digitais