“Virgin River” é como uma novela das seis em formato de série. Há muito romance e drama, mas tudo é resolvido com uma rapidez impressionante, o que não permite que qualquer das histórias se aprofunde muito. No fundo, é um grande romance em uma cidade do interior com seus estereótipos – a fofoqueira, o dono do bar, o outsider, a boa moça. Até a pior das pessoas tem, no fundo, um bom coração.
Este tom cor-de-rosa, presente em qualquer dos velhos romances açucarados de bancas de revista, atingiu em cheio o espectador. Assim que uma nova temporada é lançada, a produção passa a figurar nos primeiros lugares da Netflix. Não deve ser diferente com o terceiro ano da série, que estreia nesta sexta (9/07) na plataforma.
Para quem está chegando agora, um parêntese: a série é uma adaptação da franquia homônima da escritora americana Robyn Carr. Virgin River é uma cidadezinha turística do Norte da Califórnia, conhecida pela paisagem espetacular com montanhas e rios.
ACIDENTE
É para esse lugar que a enfermeira e parteira Mel Monroe (Alexandra Breckenridge) decide se mudar. Deixou Los Angeles para tentar esquecer as dores – filha e marido mortos após um trágico acidente. A tristeza a acompanha sempre, mas sua doçura faz com que se sobressaia entre a população local.
Logicamente, um pretendente não demora a aparecer. Jack Sheridan (Martin Henderson), o dono do pub, ex-fuzileiro naval que carrega traumas de sua passagem pelo Iraque. No meio disso tem a ex de Jack, grávida; o casal maduro que vive de brigar e fazer as pazes; a forasteira com um marido abusivo.
A segunda temporada terminou com uma cena forte (para os padrões da série, que fique claro). Finalmente, depois de idas e vindas, Mel e Jack parecem ter se entendido. Quando ela vai encontrá-lo no pub, descobre o namorado estirado no chão. Jack acabou de levar um tiro. É óbvio que o galã não iria morrer, mas a resolução desse drama é de uma rapidez absurda.
MISTÉRIO
Em menos de cinco minutos do primeiro episódio da terceira temporada, Jack já está pimpão em um churrasco com os amigos de Virgin River. Um dos mistérios dos novos episódios deverá ser a autoria do tiro, já que o personagem não consegue se lembrar de nada. Outras histórias começam a ser alinhavadas no início da temporada.
O médico Doc Mullins (Tim Matheson), chefe de Mel e homem de certa idade, está com problemas de saúde – uma cegueira iminente o leva a pensar em encontrar um substituto. Além disso, finalmente de pazes feitas com a prefeita Hope McCrea (Annette O’Toole), ele sofre com sua ausência – a mulher está visitando uma tia em um lugar ameaçado pela chegada de um furacão.
Mais: a cabeleireira Charmaine (Lauren Hammersley), grávida de gêmeos de Jack, aparece noiva (um relacionamento a jato, com anel no dedo em apenas três semanas). Jack não gosta da situação, pois teme que ela mude de cidade com os filhos que ainda não nasceram. E Mel, sempre se lembrando de antigos fantasmas, se sente cada vez mais incomodada com a impossibilidade de engravidar.
O primeiro episódio termina com um incêndio, o que vai suscitar novas dúvidas. O que dá para esperar é muito chororô, mas levando-se em consideração que, no fim das contas, o bem vai vencer o mal. O que não é nada mal para quem quiser escapar da realidade, que há muito suplantou a ficção.
VIRGIN RIVER
A terceira temporada, com 10 episódios, estreia nesta sexta (9/07), na Netflix