Após 25 anos de espera, os Looney Tunes retornam às quadras de basquete em “Space Jam: um novo legado”, com o reforço do astro da NBA LeBron James, para enfrentar um novo rival em território inimigo. Ao invés dos aliens da Montanha Bobolândia, de “Space Jam: O jogo do século” (1996), protagonizado pelo lendário Michael Jordan, o Esquadrão Tunes vai jogar contra o algoritmo computacional da Warner Bros, no universo dos games.
Com direção de Malcolm D. Lee, “Space Jam: Um novo legado” é a principal estreia nos cinemas de Belo Horizonte nesta quinta-feira (15/07), ocupando salas nos complexos dos shoppings Barreiro, Big, BH, Boulevard, Diamond Mall, Cidade, Del Rey, Estação, Minas, Norte e Pátio Savassi.
O lançamento excita a nostalgia da geração que ficou marcada pelo primeiro filme, que tinha o imbatível atrativo de aliar a NBA, com a participação do maior jogador de basquete da história (Michael Jordan), ao universo dos Looney Tunes. A sequência adota praticamente a mesma premissa do título original, mas garante inovações.
Em “Space Jam: O jogo do século” (1996), Pernalonga e seus amigos pedem a ajuda de Michael Jordan em um jogo de basquete que vai decidir o futuro dos personagens contra os alienígenas que querem transformá-los na atração de um parque de diversão espacial por toda a eternidade.
Desta vez, é LeBron James quem precisa da ajuda do Looney Tunes para recuperar seu filho, raptado pelo maligno algoritmo computacional da Warner Bros., o Rei Algerítimo (Don Cheadle). Essa não é a primeira experiência do renomado jogador norte-americano, de 36 anos, em filmes de animação da Warner. Ele já dublou o Abominável Homem das Neves Gwangi em “Pé pequeno” (2018).
DESIGN
A narrativa traz várias referências do primeiro filme, mas são as inovações que roubam a cena. O design dos personagens foi modernizado e a animação se tornou 3D. O uniforme da equipe dos Looney Tunes também ganha um novo modelo, em tom azul, com traços contemporâneos. Além disso, a interação entre LeBron James e a animação é mais sofisticada, em comparação com o filme protagonizado por Michael Jordan.
A sequência de “Space Jam” inova ao misturar o universo dos desenhos animados e dos games, revelando a preocupação da produção em dialogar com as novas gerações, que têm pouco vínculo com os personagens. Inicialmente voltada para o público infantojuvenil, o Looney Tunes foi a primeira série de animação da Warner Bros., produzida entre 1930 e 1969.
As aventuras e trapalhadas de Pernalonga, Patolino, Gaguinho, Frajola, Piu Piu, Coiote, Papa Léguas, entre outros, eternizaram a franquia no imaginário de milhões de espectadores de diferentes faixas etárias ao redor do mundo. Mas a animação tem pouca intimidade com as atuais crianças brasileiras, que têm novos hábitos e referências.
Além de fazer uma grande homenagem ao clássico, “Space Jam” oferece a oportunidade de assistir aos personagens do Looney Tunes convivendo com astros contemporâneos do mundo real. O filme não é um live-action, por isso mesmo, a interação entre os dois universos é explorada a partir de certa metalinguagem, destacando as inúmeras possibilidades da animação no basquete. No entanto, o Esquadrão Tunes vai sair da zona de conforto ao enfrentar o universo dos videogames nesta sequência.
O algoritmo propõe para LeBron James o jogo de basquete na versão de um game, com a libertação de seu filho em disputa. A equipe do vilão é formada por personagens virtuais de astros da NBA e da WNBA (a liga feminina do basquete estadunidense). São eles: Cassandra Starr, Anthony Davis, Damian Lillard, Klay Thompson, Diana Taurasi e Nneka Ogwumike. O vilão faz um upgrade dos atletas, que assumem novas formas, design gráfico e poderes especiais. O técnico é o algoritmo, que domina as regras da plataforma.
O desafio é enorme para LeBron James, que tem muita intimidade com a cesta, mas pouca experiência nos games. No trato, ele precisa vencer a partida a todo custo para recuperar seu filho. Se perder, a pena é que eles vão viver para sempre dentro do computador.
O Rei Algerítimo fornece 24 horas para o astro formar uma equipe dentro do universo da Warner Bros., disponível na rede. Ele planeja convocar heróis e criaturas amedrontadoras, como Super-Homem, Kink Kong e o Gigante de Ferro. No entanto, acidentalmente, a primeira parada foi no mundo do Looney Tunes.
PERNALONGA
Ao "aterrissar", a versão animada de LeBron James se depara com um cenário diferente, mais vazio do que o normal. O único personagem restante daquele “planeta” é Pernalonga. Neste encontro pra lá de divertido, eles percebem que têm um inimigo em comum.
O astro descobre que o Rei Algerítimo cancelou os Looney Tunes, obrigando os personagens a migrarem para outros universos da Warner. Ao firmar a parceria, os dois se aventuram por diferentes mundos para remontar a formação do Esquadrão Tunes.
O crossover entre diferentes filmes e personagens da Warner é um dos destaques de “Space Jam: Um novo legado”. Pernalonga e LeBron James percorrem o universo da DC Comics, “Game of thrones”, “Harry Potter”, "Matrix'', “Austin Power”, entre outros, para encontrar os amigos. “A volta dos que não foram” é de emocionar.
Apesar de não ser o seu time dos sonhos, essa é a única opção do jogador do Lakers para voltar ao mundo real. A experiência com Michael Jordan fornece confiança para os Looneys cumprirem o objetivo, mas o duelo promete ser mais difícil do que eles supunham.
A partida contra a inteligência artificial é ambientada em cenário virtual, totalmente novo para o time. Na arquibancada, alguns dos personagens mais famosos da Warner: os Flintstones,os Jetsons, a turma do Scooby Doo, King Kong, o Rei da Noite (“GoT”), Máscara, Voldemort, os Homens de Preto, a Liga da Justiça, Pennywise (“It – A coisa”), entre outros.
A outra metade da plateia é formada por humanos que clicaram na live para conferir o jogo nas redes sociais e foram abduzidos pelo algoritmo, incluindo algumas celebridades e a família de LeBron James.
O time rival, formado por personagens de videogame da NBA, tem um reforço inesperado: o filho de LeBron, Dom James (Cedric Joe). Ele foi manipulado pelo vilão para jogar contra o próprio pai, abalando o astro psicologicamente. Para piorar, o garoto é apaixonado por videogames, o que é motivo de conflitos na família dedicada ao esporte. Ele deseja então surpreender todos com suas habilidades. Para vencer o algoritmo e voltar à normalidade, LeBron James precisa se adaptar, portanto, não somente aos novos companheiros de time, mas também ao modelo virtual da disputa.
No jogo, é curioso observar a lógica dos games em embate com a linguagem dos desenhos animados, por meio do basquete. O ponto forte dos Looney Tunes foi exaustivamente “treinado” ao longo da trajetória da série, nas tramas de Taz, Ligeirinho, Papa Léguas, Pernalonga, Lola, Piu Piu, etc. Até a Vovó consegue mostrar suas habilidades na partida. Mas eles vão ter que se arriscar em outras estratégias para derrotar as novas tecnologias. Quem será o vencedor: a tradição ou a inovação?.
*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes