O último ano foi um desafio para a cantora Luísa Sonza, que lidou com a arena de crueldades que a internet pode ser. Alvo constante de violentas críticas e acusações, muitas delas carregadas de indisfarçável sexismo e de um anacronismo que não parecia aplicável a uma artista de sua geração, ela transformou toda sua dor em arte. No dia de seu aniversário, neste domingo (18/7), ela lança seu segundo álbum de estúdio, o “Doce 22”, que mostra, pela primeira vez, seu lado mais vulnerável.
A cantora conta que quando ouviu “Sua cara” (2017) disse a si mesma que ainda teria uma música com as duas. “Três anos depois, eu estou no set de gravação com as duas. É muito gratificante. Eu, literalmente, cantava Anitta e Ludmilla na escola. Aí eu estou aqui, não sei nem como cheguei.”
Essa vulnerabilidade diante do julgamento alheio é tema de “Doce 22”, como ela explica. “Estou muito assustada com tudo isso, nunca me joguei desse jeito e expus minhas vulnerabilidades como fiz neste álbum. Eu vejo esse álbum como me permitir e isso, de certa maneira, vai tocar outras pessoas. Acho que não tem nada mais incrível do que a gente simplesmente ser. Ir, mesmo com medo; se permitir ser um ser humano, estar feliz ou triste”, afirma.
O disco tem 14 faixas e está dividido em um lado A, que traz sua faceta mais dançante e animada, e investe na ousadia, na sensualidade e na coragem; e um lado B, mais sensível e melódico, em que se mostra vulnerável e confessional.
A separação se configura nos nomes das músicas e inclusive em sua grafia. Pertencem ao lado A as maiúsculas INTERE$$EIRA, VIP -, MODO TURBO, CAFÉ DA MANHÃ, P 2000 s2, ANACONDA o ~ e MULHER DO ANO XD. A oitava faixa é uma transição entre esses dois universos, “INTERlude :(“. E o lado B contém: melhor sozinha :-)-:, fugitivos :), penhasco., caos, flor *, o conto dos dois mundos (hipocrisia) e também não sei de nada :D.
Inspirações
Luísa, que aos 16 anos fazia covers de Anitta e Pabllo Vittar, hoje pode contar com as artistas como convidadas em seu álbum, na música “Modo turbo”, já lançada como single. Ludmilla e Jão são outras presenças no trabalho, que tem ainda colaborações do rapper norte-americano 6lack e da também norte-americana Mariah Angeliq, uma das recentes revelações do reggaeton e trap latino.
“Desde ‘Modo turbo’ foi algo muito surreal para mim. Eu sou muito mais nova que elas (Anitta tem 28 anos e Pabllo, 27), me sinto de outra geração já. Anitta tem 10 anos de carreira e eu tenho quatro”, afirma.
A cantora conta que quando ouviu “Sua cara” (2017) disse a si mesma que ainda teria uma música com as duas. “Três anos depois, eu estou no set de gravação com as duas. É muito gratificante. Eu, literalmente, cantava Anitta e Ludmilla na escola. Aí eu estou aqui, não sei nem como cheguei.”
Luísa diz que ainda tem essas artistas como inspiração, “por mais que a gente seja colocada no mesmo patamar”. “Jão é muito fod* também. Todas as pessoas que estão nesse álbum são a realização de um sonho. Sinto que zerei a vida.”
Estética visual de “Doce 22”
Esteticamente, o disco evoca os anos 2000 e o domínio de divas do pop, como Britney Spears e Christina Aguilera. “A Britney formou a minha personalidade artística. Tem muita referência na forma de falar, aquela mais direta da Christina. Elas vão muito direto ao ponto, sendo muito claras com as palavras. Essa é uma das maiores referências. Particularmente, sou apaixonada por essa época e me inspiro muito nela.”
É dessa década também a inspiração para o nome do álbum, uma alusão ao “Sweet 16”, referência ao período de início da maturidade das garotas, e também ao “My super sweet 16”, reality show da MTV que durante mais de 10 anos fez das vidas de jovens meninas um espetáculo aos olhos dos telespectadores, semelhante ao que ocorreu com Luísa em 2020, quando completou 22 anos.
Desconectada
Este álbum marca a volta de Luísa Sonza após se afastar das redes sociais por quase dois meses. A última publicação em seu Instagram foi uma publicidade em 29 de maio, que teve os comentários desativados. Dois dias depois, imputaram nela a responsabilidade pela morte do bebê que seu ex-marido, Whindersson Nunes, teve com Maria Lina, e a gaúcha foi ao chão.
Depois de publicar em seu Instagram um vídeo em que chorava convulsivamente, Luísa foi aconselhada a se afastar das redes sociais para preservar sua saúde mental.
“É muito assustador, não pude me recuperar ainda, mas uma hora eu tinha que continuar”, disse a respeito da pausa para ‘desintoxicação’. “Tenho muitos contratos para cumprir, uma equipe muito grande que depende de mim, meus fãs esperando e preocupados. Essa pausa foi só uma fuga, mas quando eu voltei estava tudo do mesmo jeito. Minha cabeça estava igual, o trabalho estava acumulado. Foi importante, mas sinto que não foi suficiente, não sei como vou lidar com tudo isso”, disse. “Estou lidando com minha depressão, meu pânico e eles não vão sumir de uma hora para outra.”
Alcance
Mesmo com sua trajetória carregada de julgamentos, ela ainda consegue servir talento. Luísa conta com mais de 1 bilhão de visualizações no Youtube e se tornou uma das cinco cantoras mais ouvidas no Spotify Brasil e suas redes sociais somam mais de 50 milhões de seguidores.