O Instituto Cultural Vale vai destinar R$ 25 milhões a projetos em todo o território nacional. Contemplando as áreas de patrimônio material e imaterial, música e dança, festividades, circulação (itinerância) e museus e centros culturais, a Chamada Instituto Cultural Vale, lançada em 15 de julho, segue aberta recebendo inscrições até 13 de agosto. A avaliação dos projetos conta com uma comissão de especialistas externos – profissionais que são referência nas áreas do edital, como artistas, pesquisadores, jornalistas e críticos de arte –, e os resultados serão divulgados até 30 de novembro. Os aportes dos patrocínios selecionados no edital serão realizados ainda em 2021 para que os projetos sejam executados ao longo de 2022.
Christiana Saldanha, gerente do Instituto Cultural Vale, aponta que as áreas a que a chamada se destina são aquelas estruturadas já na origem do órgão. “O instituto é muito novo, foi lançado em setembro do ano passado, e foi ali que estabelecemos como segmentos prioritários estes cinco. Foram os eixos estabelecidos no momento de criação do instituto”, diz.
Ela destaca que áreas que não constam no edital – como teatro, circo ou literatura – podem se encaixar no eixo circulação (itinerância), que, aliás, tem papel estratégico para o instituto. “A questão da circulação, ela foi colocada como um dos eixos na medida em que a gente entende que a Vale é uma companhia nacional, então é interessante a gente possibilitar esse intercâmbio cultural entre as várias regiões do país. Levar o que se faz em uma para outra. Não necessariamente nossa intenção é patrocinar uma expressão artística que esteja em uma determinada região. Temos empreendimentos lineares, como a estrada de ferro Vitória–Minas e a dos Carajás, então conseguimos fazer uma itinerância por esses circuitos”, aponta. “Com as itinerâncias, a gente forma público e mostra expressões diferentes daquelas a que uma determinada região já está acostumada. Música é um eixo próprio, mas se for soberana a itinerância, a pessoa inscreve seu projeto como circulação”, completa.
VALORES
Os recursos serão divididos entre projetos de quatro faixas de valor: até R$ 250 mil, até R$ 500 mil, até R$ 1 milhão e até R$ 2 milhões. Christiana ressalta que não há relação direta entre essas faixas e as áreas contempladas, e que a intenção sempre foi deixar em aberto para que o proponente tenha a liberdade de olhar para seu projeto e ver em qual faixa ele se encaixa. “Sabemos que, por exemplo, restauro demanda um valor normalmente maior do que a itinerância de um circo que vai circular por três municípios, mas isso não é condição eliminatória, o projeto não tem que se enquadrar em uma determinada faixa em função de seu segmento”, salienta.O Instituto Cultural Vale destinou em 2020, para execução em 2021, recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura para 36 projetos culturais com realização em Minas Gerais, selecionados via edital ou por escolha direta – caso do Grupo Corpo. Christiana destaca que a Vale já investe em cultura há mais de duas décadas, e que a criação do instituto no ano passado foi uma forma de potencializar as ações nessa área. O total de patrocínios teve aumento significativo em relação aos repasses de 2019, alcançando R$ 154 milhões, o que permitiu triplicar o total de propostas contempladas em relação ao ano anterior. Ao todo, 145 projetos foram selecionados, entre os quais 77 de escolha direta e 68 pela 1ª Chamada Vale de Patrocínios Culturais, edital lançado em 2020. Do total, foram contemplados 20% dos projetos inscritos na faixa de R$ 1 milhão até R$ 2 milhões, 26,8% de R$ 500 mil até R$ 1 milhão, 27,2% de R$ 250 mil até R$ 500 mil e 25,8% até R$ 250 mil.
Entre os escolhidos no ano passado por seleção direta estão a 19ª Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, a Osesp, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o Museu do Pontal, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Museu Judaico de São Paulo, o grupo Mulheres de Barro, a Bienal das Amazônias, o Grupo Galpão, o Instituto Inhotim e a Filarmônica de Minas Gerais. Na seleção da Chamada Vale, foram contemplados, entre outros, o projeto do Museu de Arte Moderna do Rio e projetos essenciais para a cultura regional, como é o caso do NaLata – Festival Internacional de Percussão, na Bahia, e do Encontro de Grupos de Tambor de Crioula das Comunidades Quilombolas do Maranhão. A dança é um dos destaques entre os patrocínios, com iniciativas como balés, festivais e escolas de formação como o Grupo Corpo, a Cia. de Dança Deborah Colker e a Cia. Jovem do Ballet do Rio de Janeiro.
PANDEMIA Christiana ressalta que esse investimento vem muito da percepção dos impactos causados pela pandemia no setor cultural. “Sabemos que o impacto foi grande junto a esse público. Entendemos e temos convivido com isso, porque nossa atuação é sempre muito próxima aos produtores, aos fazedores de cultura. No ano passado, para além do edital, fizemos outras ações que colaboraram muito”, aponta.
No site do Instituto Cultural Vale (institutoculturalvale.org.) está disponível o regulamento do edital. Os proponentes podem tirar suas dúvidas por meio de canais exclusivos: chamada@chamadaicv.com.br (sobre o edital) e duvidas@formacaocultural.com (sobre a elaboração e a inscrição de projetos na Secretaria Especial de Cultura).