Três projetos de decreto legislativo foram apresentados na segunda-feira passada (02/08), na Câmara dos Deputados. Tanto o 336, de autoria de Marília Arraes (PT/PE), quanto o 339, de Natália Bonavides (PT/RN), e o 343, de David Miranda (PSOL/RJ), Fernanda Melchionna (PSOL/RS), Alice Portugal (PCdoB/BA), Túlio Gadêlha (PDT/PE) e Áurea Carolina (PSOL/MG), pedem para sustar os efeitos do decreto nº 10.755, de 26 de julho de 2021.
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É enganoso que Lei Paulo Gustavo tenta liberar R$ 4,3 bi da Lei RouanetConcursos e leis de incentivo inspiram os novos escritoresArtistas aderem a campanha pelo impeachment de BolsonaroPressão política contra Bolsonaro tira artistas da linha defensivaMorre Sérgio Paulo Rouanet, autor da lei de incentivo à culturaDaparte: banda mineira fala sobre lançamento do segundo álbumEste decreto nº 10.755, publicado no Diário Oficial de 27 de julho, regulamenta a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, e estabelece a sistemática de execução do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), altera o Decreto nº 6.299, de 12 de dezembro de 2007, e o Decreto nº 9.891, de 27 de junho de 2019, e dá outras providências.
Os três projetos apresentados pelos deputados da oposição criticam a centralização das decisões nas mãos de Mario Frias, secretário especial da Cultura, e alertam para a possibilidade de censura.
Em seu texto, Marília Arraes diz que essa centralização dificulta a participação da sociedade civil. Ela escreve ainda que "mesmo com a Lei das Agências Reguladoras estabelecendo a ausência de tutela dessas e pela sua autonomia funcional, o decreto é inconstitucional ao definir que a avaliação da efetividade de estratégias promovidas por meio do Fundo Setorial do Audiovisual seja realizada pela Ancine em conjunto com a Secretaria Especial de Cultura e com o auxílio do agente financeiro credenciado".
CONTROLE
Natália Bonavides, em sua justificativa, diz que o decreto nº 10.755 "é um passo dado pelo governo Bolsonaro no sentido de controlar a produção cultural do país". Ela escreve ainda: "Desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro e seus subordinados não escondem a má-intenção cuja inspiração pode ser encontrada nos porões da ditadura militar". Ela prossegue: "O decreto promove uma centralização do poder decisório nas mãos de Mario Frias, um dos executores dessa agenda obscurantista e violadora da ordem constitucional, sobre as políticas de fomento à cultura, permitindo que sejam realizados controles sobre a produção cultural apoiada pelo Estado brasileiro".Ao fazer isso, ela escreve, "o governo pretende institucionalizar o dirigismo do Estado sobre a produção cultural, criando a prerrogativa inconstitucional de o Secretário Especial de Cultura cercear a liberdade de expressão por meio da imposição de pareceristas e da tomada de decisões ad referedum. Uma medida condizente com um governo que recebe de forma calorosa representantes de partidos neo-nazistas, e justamente por isso incompatível com a ordem democrática."
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É enganoso que Lei Paulo Gustavo tenta liberar R$ 4,3 bi da Lei RouanetConcursos e leis de incentivo inspiram os novos escritoresArtistas aderem a campanha pelo impeachment de BolsonaroPressão política contra Bolsonaro tira artistas da linha defensivaMorre Sérgio Paulo Rouanet, autor da lei de incentivo à culturaDaparte: banda mineira fala sobre lançamento do segundo álbum"Entretanto, numa leitura mais atenta, verifica-se que o decreto significa um aprofundamento da centralização do poder decisório nas mãos de Mario Frias, secretário Especial de Cultura, além de promover ingerência em diversas instâncias de deliberação da sociedade civil para aumentar o controle e a possibilidade de censura", escrevem os deputados que dizem ainda que ao secretário Especial de Cultura "foi concedido o poder de pautar pareceristas para analisar 'ações relevantes e não previstas' em lei, além de outras prerrogativas, como definir o que são instituições culturais sem fins lucrativos. "O texto abre brechas para se incrementar a possibilidade de cerceamento da liberdade de expressão", escrevem.
Para os deputados, segundo o texto, as mudanças foram feitas no sentido de travar a Lei Rouanet. Eles criticam, ainda, a falta de diálogo com agentes culturais e com a sociedade civil. "Essas mudanças, aliadas a uma futura instrução normativa que certamente virá, poderão ser o ato final da estratégia destrutiva do governo", diz o texto.