Nos primeiros cinco minutos de “Cruel summer”, que estreia nesta sexta-feira (06/08), na Amazon Prime Video, já dá para notar que a série é engenhosa. Vamos lá: na sequência inicial, assistimos a três momentos em que a adolescente Jeanette Turner (Chiara Aurelia) acorda em 1º. de julho, o dia de seu aniversário, em uma pequena cidade do Texas.
Na primeira cena, em 1993, é o dia de seus 15 anos. Seus pais, Greg (Michael Landes) e Cindy (Sarah Drew), e o irmão Derek (Barrett Carnahan) a despertam com uma velha tradição. Levam para a cama o bolo de velas para a garota dócil de cabelos enrolados, óculos e aparelho nos dentes. A família é típica de um comercial de margarina.
Corta para a segunda cena, em 1994, quando Jeanette completa 16 anos. Quem a acorda com um beijo daqueles é o namorado, Jamie (Froy Gutierrez), que afirma ter pedido permissão para o pai para ser o primeiro a vê-la. Adeus aparelhos, óculos e cara de nerd – a garota é outra pessoa, segura, sensual e cheia de si.
Até que chega a terceira cena. O ano é 1995 e é o aniversário de 17 anos de Jeanette. O quarto está escuro, o pai chega bruscamente, tira o cobertor e a manda levantar para atender a uma de suas advogadas. A garota está com a pior cara do mundo – o pai, antes de sair, deseja um “feliz aniversário” com jeito de quem não queria vê-la pela frente.
VERÕES
E isto é só o começo. “Cruel summer” acompanha não só a vida da protagonista, mas de todos os que a cercam, durante os três verões dos anos 1990. O fez uma menina comum, que mal era reconhecida na escola, tornar-se popular e logo depois manchete de jornais e de programas de TV, que a apresentam como a menina “mais desprezada da América?”.
A história, é claro, vai sendo desvendada aos poucos. E não demoramos a descobrir que os acontecimentos que viraram a vida de Jeanette têm relação direta com o que ocorreu com outra jovem da mesma cidade. No início da história, Kate Wallis (Olivia Holt) é tudo o que a protagonista não é.
Bonita e popular, foge do estereótipo das rainhas das high school americanas. É extremamente simpática e afável. Quando Jeanette, em sua versão nerd, a aborda em um shopping, Kate é muito receptiva. Mas nos verões subsequentes a relação da dupla vai azedar ao limite – e contar mais é estragar tudo.
A série é produzida por Jessica Biel, que desde sua incursão na bem-sucedida “The sinner”, vem enveredando por tramas de suspense psicológico. Ainda que o cenário seja o de uma narrativa teen, “Cruel summer” poderá ter um público mais amplo, pela maneira com que a história é contada – pelo menos no início, não há fios soltos.
Os episódios são narrados com pontos de vista alternados. No piloto, é Jeanette o centro da narrativa. Já no segundo episódio a câmera se volta para Kate. E assim vai. Como são três momentos temporais, por vezes identificamos as personagens pelo aspecto físico – várias situações ocorrem em um mesmo cenário, em tempos diferentes.
À medida que a história avança, também entendemos que o quer que tenha acontecido com Jeanette e Katie afetou não só as duas e as próprias famílias, como toda a comunidade. Ainda fica claro que ninguém é santo ali – e todos guardam esqueletos no armário. É um começo promissor. O que resta saber é se “Cruel summer” terá fôlego para manter a mesma engenhosidade do início em seus 10 episódios.
“CRUEL SUMMER”
A série, em 10 episódios, estreia nesta sexta (06/08) na Amazon Prime Video