Jornal Estado de Minas

TEATRO

Companhia paulista encena 'A sociedade das eróticas em menopausa'


Inspirada por obras de importantes autoras latino-americanas, como a boliviana Maria Galindo, a chilena Lina Meruane, a nicaraguense Gioconda Belli e a mexicana Elena Poniatowska, o novo espetáculo da companhia paulista Estelar de Teatro, “Matriarcado-América”, traz à cena questões éticas e estéticas relacionadas com o Brasil da pandemia. 





Com exibição on-line dividida em dois episódios, a montagem estreia neste sábado (07/08), às 19h30, com uma primeira parte intitulada “A sociedade das eróticas em menopausa”. A segunda parte, batizada “A máquina dos sonhos”, chega à internet no dia 9 de setembro, também às 19h30. Ambas serão transmitidas pelo canal da Estelar de Teatro no Youtube.

Com dramaturgia de Viviane Dias, que divide a direção com Ismar Rachmann, e edição de Vic Von Poser e Taurina Filmes, “Matriarcado-América” tem um enredo que pode ser sintetizado nos títulos das duas partes: apresenta uma organização de mulheres eróticas em menopausa que, com a ajuda de uma máquina de sonhos, escreve uma nova Bíblia, antropofágica, instaurando novas realidades poéticas, éticas e mágicas no continente latino-americano.

A pandemia, os desafios das mulheres contemporâneas num mundo patriarcal e especialmente a menopausa, como época de vida e de potência, são temas do primeiro episódio, “A sociedade das eróticas em menopausa”. Nele são apresentadas as personagens Maria das Dores, Maria dos Prazeres, Biatriz, Caio e Jesusa (inspirada na famosa mexicana Jesusa Palancares).





SONHOS

O episódio mostra a criação da tal sociedade das mulheres eróticas em menopausa, que compram uma máquina dos sonhos dos Estados Unidos e subvertem a tecnologia para criar ações de interferência na realidade. Já no segundo episódio, “A máquina dos sonhos”, a linguagem muda, em diálogo com os sonhos, que vão sendo instaurados, e as bordas entre ficção e realidade são mais sutis.

Viviane Dias aponta que a estreia de “Matriarcado-América” dá continuidade e verticaliza uma ampla investigação de descolonização empreendida pela Estelar de Teatro. Entendendo o imaginário como campo de disputa, o grupo evoca vozes femininas de toda América Latina num projeto de desmonte criativo de uma das maiores feridas históricas do continente: o patriarcado. 

“A voz das mulheres é um rio caudaloso que abre espaço para outras vozes silenciadas. Agora apostamos na subversão criativa de autoras espalhadas pelo continente na crença de que a arte, uma das mais potentes tecnologias humanas, é capaz de fazer frente às crises complexas como a que enfrentamos”, diz. 

“No momento em que a América Latina está em ebulição, com uma indígena eleita presidenta da comissão constituinte do Chile e o aborto legalizado na Argentina, crio em ‘Matriarcado-América’ uma nova constituição, que instaura a poesia, a arte, o sonho e as línguas nativas como línguas oficiais de nossos países multiétnicos”, afirma. 





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