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Estado de Minas ENTREVISTA

Como Camila Loures e Viih Tube alcançaram o sucesso?

Em entrevista ao EM, Jr. César revela os desafios de gerenciar a carreira das duas e de outros influenciadores digitais


07/08/2021 04:00 - atualizado 07/08/2021 10:35

O empresário Jr. César (C) com os influenciadores Glenda Loures, Camila Loures, Gustavo Rocha, PH Loures, Gabi Martins e Viih Tube: ''Mato um leão por dia'', diz ele, ao se referir às situações enfrentadas para administrar a carreira e a imagem dos influencers digitais (foto: Brasilera Digital/divulgação)
O empresário Jr. César (C) com os influenciadores Glenda Loures, Camila Loures, Gustavo Rocha, PH Loures, Gabi Martins e Viih Tube: ''Mato um leão por dia'', diz ele, ao se referir às situações enfrentadas para administrar a carreira e a imagem dos influencers digitais (foto: Brasilera Digital/divulgação)

Nos últimos anos, a internet proporcionou o surgimento dos influenciadores digitais: pessoas que se popularizaram nas redes sociais (Instagram, Facebook, YouTube, etc), gerando conteúdo e alcançando um público massivo. Por trás de cada um deles, é desenvolvido um trabalho que vai gerenciar a carreira, como de um artista com publicidade, comunicação e várias outras áreas.

Observando a ascensão das redes sociais e deste novo mercado,  Jr. César, de 37 anos, assimilou uma oportunidade de investimento e criou a Brasilera Digital, empresa especializada no gerenciamento e desenvolvimento da carreira de influenciadores digitais.

O empresário é formado em comunicação social e atuou por 10 anos em BH na área de assessoria de imprensa de eventos, como Carnaval de Muzambinho, no Sul de Minas. Agora, na Brasilera Digital,  trabalha com nomes como o da mineira Camila Loures e das ex-BBBs Viih Tube e Gabi Martins.

Para lidar com a imagem e situações enfrentadas pelos influenciadores, Jr. César diz que  mata “um leão por dia", como foi o caso do confinamento da Viih Tube. “Tínhamos uma equipe de até 12 pessoas (editor de vídeo, social), que monitorava as redes sociais 24 horas por dia para entender o que estava acontecendo e que pudéssemos repercutir tudo nas redes da Viih”, lembra.

A seguir, o empresário fala ao Estado de Minas como é montar o planejamento estratégico por trás dos influencers e também sobre os “cancelamentos” das redes sociais.

Há quanto tempo trabalha no ramo de agenciamento de carreira?
Já trabalhava com assessoria de imprensa de grandes eventos e artistas, mas cuidando da parte de comunicação. Assumi a Camila Loures em 2015, com o desafio de gerir e transformar todo aquele movimento que começava da internet, que nem nós mesmos entendíamos. Naquela época, ela tinha 200 mil inscritos no YouTube, estava saindo do Vine (rede social de vídeos) e fazendo essa transição. Foi a primeira influencer que eu assumi e logo em seguida veio a mudar todo rumo e direcionamento da minha carreira também. Em 2016, saí de Belo Horizonte, encerrei minhas atividades de assessoria de imprensa. Ampliei a Brasilera, o que era Comunicação virou Digital e assumi outros nomes como casting.

Quando veio a ideia de começar uma empresa para cuidar da carreira de influenciadores?
Foi algo muito engraçado porque a mãe da Camila estava procurando um assessor, que na internet é quem cuida da parte comercial, e se deparou com um amigo em comum e ele me indicou. Só que ela não procurava um assessor de imprensa, mas alguém para gerir a carreira. Tivemos uma conversa muito sincera, eu disse para ela: ‘Não é minha área, mas posso entender qual é esse movimento que vocês não estão entendendo, nem eu conheço muito bem e fazer uma experiência de dois a três meses’. E em três meses deu supercerto, criamos estratégias, movimentos e situações que trouxeram resultado imediato. Não só em audiência e engajamento, como financeiro também. E ali começou a nossa trajetória e a minha também como agente de talento e influencer. É importante ressaltar que todo esse “boom” que nós vivemos hoje de influência digital, conteúdo, redes sociais, não era tão forte. Vivemos um momento que não existia stories, a rede mais forte era o Facebook, o Instagram estava engatinhando, principalmente em Belo Horizonte. O YouTube era uma aposta de nomes, como Whindersson e Kéfera, mas em Minas Gerais não tínhamos nenhum grande nome. Era um grande desafio, ainda mais se tratando fora do eixo Rio-São Paulo, onde as coisas realmente aconteciam, mas entendi que tinha um grande nicho e poderia dar certo. A partir dali, debrucei dentro das redes sociais. Eu, que mal tinha um Facebook, era totalmente low profile, achava as redes sociais uma exposição extrema e eu mesmo evitava isso, de repente me vi no meio de tudo. Entendi que existia um grande negócio que pode ser apostado e fazer muita diferença. 

''É um livro (da Viih Tube) que fala sobre o cancelamento e uma das estratégias que criamos foi mostrar a fragilidade da internet que nós vivemos, criar uma grande fake news para que as pessoas embarquem nessa história''

Jr. César, empresário



Como funciona na prática o agenciamento da carreira dos influenciadores?
Nós montamos todo planejamento de carreira de um influenciador. Aqui no escritório nós cuidamos 360° do nosso artista, não fazemos só a parte comercial, mas também tudo sobre projeto proprietários, produtos licenciados, shows e turnês, longa-metragem. Fazemos um raio-x do artista para entender qual a vertente dele. Por exemplo, o influencer x tem o conteúdo dele, o foco pode ser para o audiovisual, outro para música e alguns para projetos de TV. Então, nós entendemos ali também a que ramo da comunicação esse influencer tem tendência com esse conteúdo para que possamos construir também carreiras além da grande bolha da internet que todos nós vivemos. E aí construímos a execução desses projetos. Vou usar uma referência de algo que estamos vivendo: o livro da Viih Tube. Ele já vem sendo pensado e trabalhado há cerca de três, quatro meses, logo após o reality. É um livro que fala sobre o cancelamento e uma das estratégias que criamos foi mostrar a fragilidade da internet que nós vivemos, criar uma grande fake news para que as pessoas embarquem nessa história e possamos mostrar o quão frágil é a internet e que o cancelamento vem dessa fragilidade. Todo um processo de construção, montagem, música de editora, negociação, melhor performance de campanha, tudo isso passa pelo escritório e toda essa gestão. Costumo dizer que meu artista tem que se preocupar em criar conteúdo e estar sempre antenado, com as redes sociais sempre ativas que o resto a gente planeja. Temos diferentes áreas dentro do escritório para cuidar de todos segmentos. Licenciamento, comunicação, jurídica, planejamento, produção e agora a Brasilera Music, cuida da parte musical. .

Você tem dois agenciados que são ex-participantes do “Big brother Brasil”: Viih Tube, do BBB 21, e Gabi Martins, do BBB 20. Como é o trabalho aqui do lado de fora enquanto eles estão lá na casa?
Assumimos a Gabi em novembro de 2020, ela já tinha passado pela experiência do “BBB” e o escritório não acompanhou. Todas as estratégias musicais da Gabi pós-BBB, nasceu e partiu do nosso escritório. Já a Viih Tube, sim. Fizemos toda gestão, desde conversas, negociações e sondagem até o confinamento dela. Foi como matar um leão por dia. Literalmente era você montar uma equipe de estratégias full time. Tínhamos uma equipe de até 12 pessoas (editor de vídeo, social), que monitorava as redes sociais 24 horas por dia para entender o que estava acontecendo e que pudéssemos repercutir tudo nas redes da Viih. Estamos falando de uma influenciadora que já entrou no programa com mais de 38 milhões de seguidores (a soma de todas as redes sociais). Nós precisávamos manter essa base engajada e estar abertos com conteúdos para os novos que estavam chegando a partir do reality. É um pouco de dançar conforme a música em alguns momentos, porque não temos o controle absoluto do que acontece dentro do confinamento. Em alguns momentos, precisamos nos posicionar contrários ao posicionamento da Vitória lá dentro, em outros nós repercutíamos a opinião dela. Foi um grande desafio e conseguimos realizar em um momento que a internet vivia um grande cancelamento das mais diversas esferas. A Vitória foi vítima de muitas fake news e elas se transformavam em um cancelamento e aí entrava todo trabalho da gestão também de entender.


''Costumo dizer que meu artista tem que se preocupar em criar conteúdo e estar sempre antenado, com as redes sociais sempre ativas, que o resto a gente planeja''

Jr. César, empresário



O eixo Rio-São Paulo é o “point” dessa galera. Uma das suas maiores agenciadas é a Camila Loures, que mora em BH. Isso exige algum tipo de cuidado especial?
Não. Costumo dizer que a internet rompe fronteiras, não é limitada a um espaço. Realmente, ela quebra todos os paradigmas de audiência. O escritório hoje, a base, fica em São Paulo, mas os nossos influenciadores estão em diversas regiões. Temos em Belo Horizonte, no interior de São Paulo e também na capital, no Sul. Então, isso não interfere. É claro que a base, quando estamos falando de uma top creator, como a Camila que alcança números estratosféricos de audiência e engajamento, foge do regionalismo de uma audiência limitada a Minas. Se pegarmos os analíticos da Camila, o primeiro lugar com certeza é São Paulo, que é a maior audiência dela. Não só dela, como de todo top creator por ser uma região com maior consumo de internet. Mas a produção de conteúdo não precisa necessariamente estar neste eixo. Claro que em um mundo pós-pandemia é normal este artista viver em uma ponte aérea até para campanhas, projetos que são desenvolvidos aqui. Eu nunca tive a necessidade de um artista ou influencer vir para São Paulo e fazer parte desse eixo, como a Camila e a Gabi que continuam em Belo Horizonte. O importante é que o escritório está aqui e é quem demanda todas as atividades e construções com eles. Até para a própria influência digital abre uma janela que são os nichos, os micro influenciadores. São aqueles que não dependem deste grande eixo para acontecer seus conteúdos. Podemos pegar como referência o Carlinhos Maia, que ficava no interior de Maceió, numa cidadezinha, e que de repente fala para o mundo inteiro. Ele nasceu lá, não precisou ir para outro lugar. A Thaynara OG também que começou no Maranhão e fala para todo país. Hoje somos inúmeros micro influenciadores, que valorizam o regionalismo, seja na sua forma de falar ou no próprio conteúdo e conversa com a audiência seja local, regional. Hoje, a internet dá palco e vitrine para todo tipo de conteúdo e para os mais diversos produtores de conteúdos, independentemente da regionalidade.

Nessa mesma pegada de cuidados especiais, seu time de agenciados são pessoas completamente diferentes, com conteúdos muito diversos uns dos outros. Como é lidar com essas diferenças?
Gosto dessa mistura que a internet nos proporciona. A internet é isso, essa democracia de estilo, de conteúdo, posicionamentos. Eu tenho desde um creator que fala sobre desafios, outra que fala sobre tags, música, moda, maquiagem, o Gustavo que traz o discurso LGBTQIA+. Falar e conduzir o dia a dia, é claro que você precisa do entendimento de tudo e buscar informações para conseguir falar a mesma linguagem de todos eles. Esse é um desafio: estar sempre se reciclando em conteúdos para conseguirmos entender. Precisamos a cada momento imergir para conhecer a linguagem, conhecer o posicionamento, entender o direcionamento de cada um e contribuir na construção diária de conteúdo e storytelling.

A gente sabe que a maior ferramenta de trabalho dos influenciadores são as redes sociais. Como funciona a autonomia dos próprios donos das contas com os interesses que a agência tem para eles?
Existe uma grande conversa. Brinco que temos duas empresas, a Brasilera Digital, que é a física e fica em São Paulo, e tenho também o meu celular, onde acompanho o dia a dia de todos os influenciadores. Eles têm a autonomia da criação, mas claro que o escritório tem uma base para cada um deles. A Brasilera tem um padrão de estilo de discurso que esperamos, mas existe um monitoramento constante. O que é publicidade campanha, vai totalmente direcionado para o artista. O escritório envia todo roteiro pronto para que possa reaplicar. Muitos desses roteiros eles participam da criação e, às vezes, trazemos a marca junto para fazermos essa construção da campanha. Mas no dia a dia, o conteúdo orgânico, espontâneo, eles têm total liberdade para criar, mas já sabem muito bem o formato que o escritório trabalha e o que esperamos ou não da linguagem deles. Nossos influenciadores não têm um discurso de ódio, de palavrão, por exemplo. Tentamos ter uma linguagem mais leve para que eles possam estar preparados para conversar com grandes marcas e, com isso, determinado linguajar não compete com discurso.


''Nós entendemos também a que ramo da comunicação esse influencer tem tendência com esse conteúdo para que possamos construir Carreiras além da grande bolha da internet em que todos nós vivemos%u201D

Jr. César, empresário



Em questões mais polêmicas, como é feito o trabalho para lidar com cada situação? Pode dar um exemplo?
O gerenciamento é sempre o momento mais complexo. O primeiro ponto é sempre ter uma conversa muito sincera e nós já vivemos isso no dia a dia, temos muita transparência. Acredito que para uma relação de artista e empresário ter sucesso, a transparência é a base de tudo. Seja nos negócios, financeira, do dia a dia. Nesses momentos de gerenciamento de crise é onde se faz mais necessário. Aconteceu? Não? Me conta o que foi. Tivemos situações de gerenciar crises que, na verdade, não era isso tudo que a internet estava tuitando. Quando ligo para o influenciador, ele fala: 'Já sei porque está me ligando, não é nada disso'. Então existe transparência e precisamos ter essa liberdade porque eu estou aqui para jogar junto com eles e resolver toda situação. Mas preciso ter o conhecimento de onde estamos pisando e não gosto de ser pego de surpresa. Eu vivi algo recentemente em BH. A Camila Loures comprou um carro, divulgou, fez um vídeo com esse carro. Era um domingo, ela estava gravando um programa no SBT e de repetente me liga um veículo de comunicação dizendo que ela estava presa numa blitz. Antes mesmo de entender a situação, o veículo já soltou a matéria.  Foi uma situação que ela nem sabia o que estava acontecendo também aqui fora, porque estava com o telefone desligado dentro do estúdio. Conseguimos contornar e explicar o que realmente aconteceu, trouxemos outros veículos sérios para entender e repercutir da forma correta a informação, sempre com muita transparência e diálogo.


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