Nas nove temporadas (2011-2019) em que foi regente associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, o maestro Marcos Arakaki realizou cerca de 250 concertos. Muitos deles na série “Concertos didáticos”. “Um dos pontos altos era quando eu apresentava os instrumentos para o público em salas e praças de cidades de Minas Gerais. Isto acabou se materializando em um livro”, conta.
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“Uma coisa que o livro infantil costuma ter de complicado são os desenhos, que não seguem o padrão de exatidão dos instrumentos. Às vezes, faltam cordas, por exemplo. Fui muito criterioso. A cada desenho que recebia, mandava para um músico profissional para que ele ficasse absolutamente perfeito”, conta Arakaki.
“Conhecendo a orquestra” tem o “DNA da pandemia”, diz o maestro. Dando aulas on-line, mas impossibilitado de reger a Sinfônica da UFPB (que só voltará a tocar em setembro), ele entrou de cabeça no projeto. Assim como sua obra anterior, “A história da música clássica através da linha do tempo” (2019), este projeto também foi custeado pelo próprio maestro.
“Sem nenhuma editora ou patrocínio, consegui pagar a edição do primeiro livro e com o lucro fiz o segundo. É claro que trabalho mais do que outro escritor no sentido de distribuição e controle de tudo, mas me encanta a capilaridade de um livro, pois ele chega a lugares em que você não faz nem ideia”, diz Arakaki. A obra anterior, desdobrada, atinge 11 metros de comprimento, dando conta da evolução da música clássica e dos acontecimentos de cada período.
O livro rendeu histórias felizes. “Uma das que me deixou mais emocionado foi a de um senhor com Alzheimer. A mulher pegou o livro e como ele traz exemplos de música, colocou uma para que ele ouvisse. O senhor se levantou e foi até a estante e pegou o disco daquela música. No depoimento, a mulher disse que não sabia que o marido guardava essa memória musical.”
RETORNO
Feliz também está o maestro, de volta para dois concertos com a Filarmônica. Nesta quinta (12/08) e sexta (13/08) Arakaki rege concertos com a “Primeira sinfonia”, de Tchaikovsky, e o conhecido “Concerto para piano nº 2 em dó menor, op. 18”, de Rachmaninov – este com a participação do pianista Cristian Budu. Ele retorna à Sala Minas Gerais quase um ano e meio mais tarde – regeu a Filarmônica em 5 e 6 de março de 2020, uma semana antes de a pandemia ser declarada.
Desde então, regeu poucos concertos: um com a UFPB também às vésperas do início da crise sanitária e outro em junho, on-line, com a Petrobras Sinfônica, para celebrar os 20 anos que venceu o 1º Concurso Nacional para Jovens Regentes Eleazar de Carvalho. “As orquestras estão tentado voltar a suas atividades, mas tirando a Filarmônica e a Osesp, dois centros de excelência, todo o mundo praticamente parou”, continua.
Arakaki ensaiou os dois últimos dias com a orquestra. “Só para dar um exemplo, geralmente os ensaios duram duas horas e meia – há meia hora de intervalo. Por causa da pandemia, ensaiamos 50 minutos, paramos 15, tocamos mais 50 e paramos mais 15. E o ensaio tem que acabar para que a sala seja aberta e o ar não fique viciado. São detalhes que mostram a preocupação que existe. Então, é a maior alegria voltar para aquela que foi minha casa por nove temporadas”, finaliza.
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Concertos nesta quinta (12/08) e sexta (13/08), às 20h30, na Sala Minas Gerais, Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. O concerto de quinta, só para assinantes, será transmitido pelo canal do YouTube da Filarmônica. O de sexta será aberto ao público em geral. A venda terá início às 15h de hoje no site filarmonica.art.br e no local. Ingressos: R$ 50 (mezanino, inteira) a R$ 155 (camarote, inteira).
CONHECENDO A ORQUESTRA – OS INSTRUMENTOS
.De Marcos Arakaki, com ilustrações de Amanda Melo Massa
.Edição do autor
.48 páginas
.Preço: R$ 32,80, no site
lojadomaestro.online