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Estado de Minas AUDIOVISUAL

Mariana Ximenes e suas amigas tentam superar relação abusiva em 'L.O.C.A'

Longa de Cláudia Jouvin estreia neste domingo (15/08), no Telecine. Diretora afirma que quis contar uma história de amor 'torta'


14/08/2021 04:00 - atualizado 14/08/2021 08:21

Roberta Rodrigues, Débora Lamm e Mariana Ximenes decidem se livrar de seus relacionamentos abusivos (e se vingar deles), no longa que estreia amanhã no Telecine(foto: Fotos: Serendipity Inc./Divulgação)
Roberta Rodrigues, Débora Lamm e Mariana Ximenes decidem se livrar de seus relacionamentos abusivos (e se vingar deles), no longa que estreia amanhã no Telecine (foto: Fotos: Serendipity Inc./Divulgação)

"Eu não aguento mais ver histórias de amor perfeitas, porque nenhuma história é perfeita. Com a evolução do feminismo, encontrei o cenário perfeito para fazer uma história de amor torta, que fala dos desencontros"

Cláudia Jouvin, diretora


Que mulher, seja em tom de brincadeira ou a sério, nunca foi chamada de louca? Pois a comédia "L.O.C.A. – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor", com estreia marcada para este domingo (15/08), no Telecine, pega o rótulo e cria uma história a favor das mulheres. 

Com elenco televisivo, encabeçado por Mariana Ximenes, Débora Lamm e Roberta Rodrigues, o filme escrito e dirigido por Cláudia Jouvin vai contra tudo o que pregam as comédias românticas.

A priori, Manuela (Mariana), Elena (Débora) e Rebeca (Roberta) não têm muito a ver uma com a outra. A primeira é uma jornalista em início de carreira, que pena para emplacar matérias de fôlego em uma revista feminina adocicada. Está de caso com seu orientador de mestrado, Carlos (Fabio Assunção), recém-divorciado que não assume para ninguém o relacionamento que tem com ela.

Elena (Débora Lamm) é uma moça simples que ficou noiva de um motorista de ônibus, Edson (Luis Miranda). Comprou e reformou uma casa para eles morarem, até que, um dia, ele trocou as fechaduras e terminou com ela. Já Rebeca (Roberta Rodrigues) vive às turras com Jorge (Érico Brás), que volta e meia aparece com outra. 

As três acabam se encontrando em uma reunião da  L.O.C.A., grupo de autoajuda capitaneado por Vera (Maria Luisa Mendonça). Elena e Rebeca frequentam os encontros porque necessitam de ajuda; Manuela está lá porque quer fazer uma reportagem para a revista. Quando se aproxima das duas, descobre que ela mesma está em um relacionamento abusivo. O trio resolve partir para a vingança.
 
A diretora Cláudia Jouvin diz que
A diretora Cláudia Jouvin diz que "a evolução do feminismo" ofereceu o "cenário perfeito" para o seu filme 
 

"Ela (a comédia) vem disfarçada de despretensão, por isto sua potência de comunicação é muito forte e transformadora. Comédia não se ensina e a encaro como revolucionária, sempre. No caso do filme, é uma satisfação falar de uma coisa importante de forma divertida e leve"

Débora Lamm, atriz

 

LIMITE 

“É um filme que abre a discussão para o limite das relações amorosas”, diz Cláudia Jouvin, que vê as comédias românticas quase como um desserviço. “Elas pautaram as mulheres a vida inteira de que elas teriam um príncipe, um amor ideal. Eu não aguento mais ver histórias de amor perfeitas, porque nenhuma história é perfeita. Com a evolução do feminismo, encontrei o cenário perfeito para fazer uma história de amor torta, que fala dos desencontros”, acrescenta ela, que na televisão escreveu roteiros para séries como “Sob pressão”, “Mister Brau” e “A grande família”.

Para Débora, uma atriz geralmente associada a papéis cômicos, a comédia tem uma função social e política. “Ela vem disfarçada de despretensão, por isto sua potência de comunicação é muito forte e transformadora. Comédia não se ensina e a encaro como revolucionária, sempre. No caso do filme, é uma satisfação falar de uma coisa importante de forma divertida e leve.”

Já Mariana afirma que, para ela, fazer comédia é muito difícil. “A Claudinha me disse: ‘Acredita e vai, pois você tem uma veia cômica’. Acho que por meio da comédia, do lúdico, você pode falar de questões difíceis. O Paulo Gustavo falava disso como ninguém. Este filme é de entretenimento, mas é também uma provocação.”

Além da diretora e roteirista e do trio de protagonistas, “L.O.C.A.” conta com um extenso time de mulheres por trás das câmeras, incluindo a produtora Carolina Jabor (de quem Cláudia Jouvin foi assistente de direção) e a diretora de arte Kiti Duarte, responsável pelas cores que explodem na tela, tanto nos cenários quanto nos figurinos.
 

"A (diretora) Claudinha (Jouvin) me disse: 'Acredita e vai, pois você tem uma veia cômica'. Acho que por meio da comédia, do lúdico, você pode falar de questões difíceis. O Paulo Gustavo falava disso como ninguém. Este filme é de entretenimento, mas é também uma provocação"

Mariana Ximenes, atriz

 

MUDANÇAS

A história tenta acompanhar as mudanças na vida contemporânea. “Como o projeto demorou alguns anos, fomos evoluindo com a narrativa, já que o feminismo tem se tornado cada vez mais presente. Quando eu e a Carol começamos o filme, imaginávamos algumas atrizes para as personagens que acabaram mudando”, conta Cláudia.

Mariana foi a primeira a ser escalada. “Como as três têm formações diferentes, cada uma agregava um pouco à outra. Os pares românticos foram escalados também pensando numa harmonia. A Mariana e o Fábio têm muita química, o Luis Miranda e a Débora são superamigos,  e a Roberta e o Érico têm o background da comédia”, aponta a diretora.

Ainda que as protagonistas busquem encontrar sua própria voz fugindo do papel da heroína romântica, o filme carrega nos estereótipos no caso dos papéis masculinos. O professor de Fábio Assunção é o cafajeste típico: vive de fazer promessas vazias à namorada e fica logo claro que ele tem uma vida dupla. 

O mesmo se dá com o malandro de Érico Brás e com o chefe de Manuela (Otávio Müller, sempre com o timing perfeito para fazer rir), que acha que as mulheres ainda querem o mundo cor de rosa do passado.

“Na verdade, eles estão a serviço das protagonistas. A ideia era fazer um filme feminino, então são elas que ocupam mais espaço, têm mais conflitos. Talvez pareça que eles sejam estereótipos dos homens machistas, mas só se vê a janelinha de cada um. Mas tive a preocupação de que o filme não falasse que todos os homens são canalhas e as mulheres loucas. A ideia era trazer vários tipos de pessoas”, diz Cláudia.

Um contraponto interessante para as personagens centrais é o casal Joana (Valentina Bandeira) e Otávio (Victor Lamoglia). Ela é a irmã caçula de Manoela e ele, seu marido – os dois estão esperando o primeiro filho. A sintonia fina entre os dois atores, que aqui aparecem como um casal jovem, com valores diferentes, garante as melhores risadas do filme. “Há homens que estão querendo se readequar (aos novos tempos). Este casal serve como uma esperança”, diz a diretora. 

Na segunda parte da narrativa, a trama vai se afastando do realismo. Assim que o plano de vingança tem início, assistimos às personagens sofrerem uma grande transformação. A que mais foge do padrão é a Elena de Débora, com uma história com uma reviravolta radical. 
“Claro que é uma situação fantasiosa,  mas as relações abusivas sempre existiram. O termo é que foi popularizado agora, mas antigamente as pessoas viviam repetidamente esse tipo de situação. Só que hoje as pessoas se tocaram que há um limite”, comenta a atriz.

“L.O.C.A. – LIGA DAS OBSESSIVAS COMPULSIVAS POR AMOR”

(Brasil, 2021, de Cláudia Jouvin, com Mariana Ximenes, Débora Lamm e Roberta Rodrigues) – 
Três mulheres muito diferentes que viveram relacionamentos abusivos decidem se unir para superar o passado e se vingar dos antigos parceiros. Estreia neste domingo (15/08), às 22h, no streaming do Telecine e no canal Telecine Premium.


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