A exposição “50 anos em 5 atos”, aberta ao público na última sexta-feira (13/08) no Palácio das Artes, marca o cinquentenário do maior e mais importante equipamento cultural do Estado. A mostra, imersiva e sensorial, ocupa a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard – onde o público é convidado a mergulhar nas memórias que compõem a história do Palácio das Artes – e se estende por outros espaços da instituição.
Segundo Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis Salgado, “a exposição é guiada no sentido de colocar o público como protagonista da história do Palácio das Artes”. Ela destaca que o nome com que a mostra foi batizada alude ao slogan da campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, “50 anos em 5”, amparado em seu projeto desenvolvimentista.
“A homenagem é porque o Palácio das Artes nasce do sonho de JK, quando prefeito de Belo Horizonte, de construir um grande centro cultural para a capital mineira. O projeto foi encomendado a Oscar Niemeyer ainda no início dos anos 1940”, diz.
Para a montagem dos cinco atos, foram utilizados recursos de inteligência artificial e softwares de última geração, aplicados em algumas das principais histórias desses 50 anos, divididas nos cinco ambientes que ocupam a galeria. Brayhan Hawryliszyn, diretor do estúdio MIR, contratado para esse trabalho, considera que “a exposição é uma forma contemporânea de ler essa história do Palácio das Artes, que sempre acolheu projetos de vanguarda da arte e da cultura do Brasil e do exterior”.
ATOS
O primeiro ato coloca o visitante prestes a assistir a um espetáculo, num ambiente que reproduz o Grande Teatro, com as cortinas fechadas, a iluminação, o som de aplausos e de afinação da orquestra.
O segundo ato, dedicado à memória, leva o visitante ao encontro da pluralidade de artistas e manifestações culturais que o espaço já abrigou em seus 50 anos. A ambientação é composta por três telas translúcidas, de 2,5m de altura, que apresentam um imenso mosaico de fotos e vídeos que exibem desde as obras de criação e fundação do Palácio das Artes, passando pelo incêndio que atingiu o Grande Teatro em abril de 1997, sua reconstrução e outros grandes momentos. A videoinstalação traz 780 registros, que abarcam muitos dos espetáculos que já passaram pela instituição.
As produções dos corpos artísticos do Palácio das Artes e de seu Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) compõem o terceiro ato, com uma projeção de vídeo mapping 360°, em uma área de mais de 350m², que coloca o visitante dentro de cinco espetáculos que marcaram época: “Entre o céu e as serras” (2014), “Pipiripau” (2010), “Nabucco” (2011), “A viúva alegre” (2012) e “Madame Butterfly” (2012). Um filme original, gravado especialmente para a exposição, com participação dos corpos artísticos, completa a experiência imersiva.
No quarto ato, o público chega a um ambiente onde estão posicionadas caixas de som que pendem do teto e pelas quais é possível ouvir histórias dos bastidores do Palácio das Artes, narradas por funcionários da instituição e por pessoas que vivenciaram grandes momentos naquele espaço ao longo destes 50 anos, e que foram convidadas a enviar seus relatos para a mostra.
No quinto ato, o público conhece de perto alguns figurinos e objetos cênicos de óperas e produções icônicas da Fundação Clóvis Salgado, como “Turandot”, “Nabucco”, “Aida” e “A flauta mágica”.
MARCANTE
“A forma que a gente encontrou para rever essa história de 50 anos foi criando esses cinco atos, cada um contando uma parte desse percurso, como se fosse um grande espetáculo. O segundo ato é um conteúdo mais longo, com 20 minutos, e ajuda a entender tudo o que foi a história do Palácio das Artes”, diz Hawryliszyn. “No terceiro ato, é como se você estivesse dentro dos espetáculos, que são projetados e intercalados por outros cinco momentos que a gente desenvolveu, filmou e dirigiu com os próprios artistas interpretando produções que eles mesmos escolheram. Todas as escolhas, aliás, foram feitas a várias mãos. A presidente, as diretorias, o pessoal de artes visuais, todo mundo participou apontando o que foi mais marcante para cada um.”
Seguindo o protocolo de segurança sanitária, a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard só pode receber 12 pessoas de cada vez e, considerando a presença de dois monitores, são, portanto, 10 visitantes por vez, mantendo o distanciamento.
“A experiência é que vai nos dizer sobre a questão do tempo de duração da visita à exposição. A princípio fica em aberto, é livre, mas se a gente perceber filas muito grandes, podemos adotar um modelo com senhas, por exemplo, ou com agendamento”, diz Eliane Parreiras.
Ela destaca que a mostra é composta por outras atrações, fora da Grande Galeria, e que, assim, as pessoas podem aguardar a vez de entrar circulando por esses outros espaços. “Neste período de reabertura, a gente está encarando tudo como uma experiência, tudo depende do funcionamento dos protocolos e da recepção do público”, afirma.
MAQUETE
As outras atrações a que se refere são uma maquete da caixa cênica do Grande Teatro, criada e executada por Raul Belém Machado entre o final de 2008 e o início de 2009, que está exposta no hall de entrada, e o elefante Hari, um dos personagens centrais da peça "Incomoda, incomoda, incomoda", dos formandos da turma de 2020 do curso de teatro do Cefart.
Com direção e dramaturgia de Rita Clemente, o espetáculo estreou em 4 julho passado, no Grande Teatro, e, com uma temporada de cinco dias, marcou a reabertura das atividades culturais presenciais em Minas Gerais. O boneco articulado e manipulável foi concebido e confeccionado, em tamanho natural, por Antônio Lima e Eduardo Félix, do grupo Pigmalião Escultura que Mexe, e está exposto no andar inferior, próximo ao Cine Humberto Mauro.
“Esse elefante virou um símbolo da capacidade de produção da casa, de celebração da arte e da cultura e também da reabertura do Grande Teatro”, destaca Eliane.
PROTOCOLOS DE SEGURANÇA
A Fundação Clóvis Salgado estabeleceu uma série de normas para a volta das atividades presenciais em seus espaços. Todos os ambientes do Palácio das Artes e da CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais são higienizados diariamente, antes da abertura ao público.
Também são disponibilizados tapetes para a limpeza de calçados e álcool em gel 70% para desinfecção das mãos. A entrada de sacolas, mochilas e afins não é permitida, para diminuir a contaminação dos espaços.
O uso de máscara – tanto para visitantes quanto para funcionários – é obrigatório durante todo o tempo de permanência nos espaços. Os frequentadores também devem seguir recomendações como evitar aglomerar e conversar, manusear celulares ou tocar no rosto durante a permanência no interior do centro cultural.
O número de visitantes nas galerias é limitado: 12 na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, 13 nas galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta (que abrigam a 4ª edição do Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte) e quatro na PQNA Galeria Pedro Moraleida (que exibe a mostra “Acervo FCS – retratos”).
O Grande Teatro conta com sinalização nas áreas externas e internas. As cadeiras também possuem lacre, indicando os assentos permitidos para manter o distanciamento entre as pessoas. A capacidade atual do Grande Teatro está limitada a 800 pessoas, seguindo as normas determinadas pela Prefeitura de Belo Horizonte.
Para evitar filas e aglomerações, os ingressos do Cine Humberto Mauro são distribuídos no dia de cada sessão, durante o horário de funcionamento da bilheteria do cinema (terça a sábado, das 12h às 20h, e aos domingos, de 17h às 20h). A lotação máxima do cinema é de 30 lugares.
“Palácio das Artes: 50 anos em 5 atos”
Exposição comemorativa. Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard – Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro). Das 9h30 às 21h, de terça-feira a sábado, e das 17h às 21h, aos domingos. Informações para o público: (31) 3236-7400. Até 14/11.