Jornal Estado de Minas

DOCUMENTÁRIO MUSICAL

Documentário traz canções inéditas de Dona Ivone Lara


Yvone Lara da Costa, ex-enfermeira e assistente social integrante da equipe da doutora Nise da Silveira no Serviço Nacional de Doenças Mentais, havia completado 55 anos quando entrou para a história da música popular brasileira com o nome artístico de Dona Ivone Lara. Em sua trajetória artística de quatro décadas, lançou 16 discos e emplacou clássicos do samba – entre eles, “Alguém me avisou”, “Sonho meu”, “Acreditar”, “Minha verdade” e “Sorriso negro”.





Primeira mulher a fazer parte da ala de compositores de uma escola, a Império Serrano, a carioca nascida em Oswaldo Cruz – bairro vizinho de Madureira – recebeu o título de Grande Dama do Samba. Morreu em 16 de abril de 2018, deixando um rico legado. Parte dele está reunido em “Baú da Dona Ivone”, documentário produzido e dirigido por Bruno Castro, cavaquinista que integrava a banda da artista, de quem se tornou parceiro e um dos melhores amigos.

O documentário, que celebra o centenário de Dona Ivone, nascida em 13 de abril de 1921, traz gravações de apresentações e depoimentos de vários artistas. O lançamento é do Music Box Brazil, canal por assinatura dedicado à música brasileira, e está disponível também na Vivo TV, Claro HD/Net e Claro Net.

Em abril, foi lançado o EP homônimo, com vários convidados. “Dois corações abrindo a manhã” (parceria de Dona Ivone com Bruno Castro e Rildo Hora) é interpretada por Maria Rita. “Já é hora” (dela e de Bruno Castro com Serginho Procópio) chegou na voz de Xande de Pilares. “Quinze anos após o centenário” (de Dona Ivone, Bruno Castro e Zé Luiz do Império) foi gravada por Dudu Nobre e Pretinho da Serrinha. Fundo de Quintal comparece com “Os espaços para sonhar” (de Dona Ivone e Bruno Castro).





Completam o repertório “Nas escritas da vida”, com Bruno Castro, que ela registrou ao lado de Gilberto Gil, e “Silêncio da passarada” (de Bruno Castro e Siraninho), na voz de Dandara Mariana. 

“O material do 'Baú' foi gravado em 2021 e tem imagens do meu acervo pessoal”, conta Bruno Castro. Nesta entrevista, o diretor revela como a Grande Dama do Samba marcou a sua vida.

Quando você se aproximou de Dona Ivone Lara?
Fui indicado pelo cavaquinista Mauricio Verde a fazer alguns trabalhos com Dona Ivone Lara em meados da década de 1990, já que ele tinha agendas casadas com Altamiro Carrilho e João Nogueira.

Como era a sua relação com ela?
Relação de muita amizade e respeito que durou 20 anos, trabalhando muito em shows, viagens, palestras e composições. Ela representou para mim uma faculdade informal de vida e de música. Sou grato por essas páginas que Dona Ivone me ajudou a escrever. Ela era um ser humano diferenciado.





Qual é o legado da Grande Dama do Samba?
Ela foi precursora sem ser panfletária. Agia de forma natural. O legado dela é incomensurável na área da música, da enfermagem e da assistência social. São figuras que aparecem de 100 em 100 anos.

O acervo dela passou a ser administrado por você?
Não. O acervo é administrado pela família Lara. Sou muito próximo e amigo de todo o clã Lara. Tudo o que faço discuto com eles e com a Miriam Souza, a empresária dela, que fez muito pela Dona Ivone. Tenho muito material, pois foram muitos anos trabalhando com Dona Ivone. Procuro retribuir, devolver ao público todo o aprendizado que tive.

Como foi a produção do documentário?
O documentário é assinado por mim. Mistura clipes musicais com depoimentos relevantes de artistas, familiares, músicos e da equipe em geral. Um registro necessário, o qual me orgulho de ter feito e de ter tido a colaboração de tantos amigos queridos que amam a música e, em especial, o samba!

O filme traz algo que fãs e o público não conheciam?
Certamente. Destaco os clipes de quatro obras inéditas que foram interpretadas por Xande de Pilares, Dudu Nobre e Pretinho, Dandara Mariana e Grupo Fundo de Quintal, além de imagens do meu acervo, mostrando momentos de criação em viagens e também na residência dela.
(foto: Radar Records/divulgação)

“BAÚ DA DONA IVONE”
• Documentário dirigido por Bruno Castro. 40 min. Lançamento do canal Music Box Brazil, disponível na Vivo TV, Claro HD/Net e Claro Net
• EP com 18 faixas, lançamento da Radar Records. Disponível nas plataformas digitais




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