Jornal Estado de Minas

CINEMA

'AzulScuro', curta-metragem de terror mineiro, foi filmado no celular



AzulScuro”, o primeiro curta dos diretores belo-horizontinos Evandro Caixeta e João Gilberto Lara, representa o cinema mineiro no 25º Fantasia International Film Festival, no Canadá, e no 32º Curta Kinoforum, em São Paulo, onde será exibido nesta sexta-feira (20/08).





O filme de terror utiliza a linguagem digital. Em 15 minutos, o curta aborda o mistério sobre a morte de Alice dos Anjos (Lavínia Bocchino) pela ótica de sua irmã, Sofia (Larissa Bocchino). Após a tragédia, jovens desaparecem em BH em situações semelhantes, com água por toda a casa e desenhos de figuras demoníacas nas paredes.

Sofia recebe misteriosa mensagem no celular e suspeita que as mortes estão conectadas. “AzulScuro” mescla terror e artifícios digitais, nos moldes de “Buscando…” (2018), filme de Aneesh Chaganty.

INTERNET 

A trama do curta mineiro é conduzida pela tela do smartphone da protagonista, com trocas de mensagens, fotos, interações nas redes sociais e notícias da internet. Gravado na vertical, ele deve ser assistido pelo celular, recomendam os diretores.





Evandro Caixeta e João Gilberto Lara, ambos de 31 anos, estudaram publicidade e fundaram a produtora Qu4rto Studio, especializada em linguagem digital.

“O terror tem um fator muito interessante: você consegue fazer muito com pouco. O medo está muito mais naquilo que você não vê. É muito mais assustadora a imaginação sobre o que pode estar ali no escuro do que sobre o que realmente está na tela. Às vezes, quando o monstro aparece até diminui a tensão”, diz Evandro Caixeta.

O experimentalismo marca o cinema de terror, lembra ele. “Clássicos como ‘A bruxa de Blair’ (1999) e ‘Atividade paranormal’ (2007) tiveram grande alcance, apesar do orçamento baixo, justamente por propor novas linguagens, novas formas de colocar uma situação de medo.”

João Gilberto e Evandro se inspiraram nos filmes “Midsommar” (2019), “Corra!” (2017), “O farol” (2019), “Profile” (2018) e “Atividade paranormal” (2007). Todos comprovam que para fazer medo não é necessário um banho de sangue. “A gente está vivendo uma renascença do terror”, acredita Caixeta.





O experimental “AzulScuro” dialoga com o gênero screen life, em que o público acompanha a trama por celular, computador ou câmeras de segurança. Feitas com apenas um celular, as gravações foram concluídas em janeiro de 2020, antes do confinamento social. O final, aberto à interpretação do espectador, teve a colaboração do capixaba Rodrigo Aragão, referência do terror no cinema nacional.

Em abril deste ano, “AzulScuro” foi premiado no Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa). Nesta quinta-feira (19/08), ele será exibido no 25º Fantasia International Film Festival, em Montreal, no Canadá.

*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria


“AZULSCURO”
Direção: Evandro Caixeta e João Gilberto Lara. Exibição amanhã, às 19h, no site www.kinoforum.org, onde ficará disponível por 24 horas. Volta ao cartaz na próxima quinta-feira (26/08) até domingo (29/08)


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