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Estado de Minas ARTES VISUAIS

UFMG revela seu acervo de arte sacra em exposição virtual

Destaques da coleção da universidade poderão ser vistos no YouTube. Programação inclui mesa-redonda e recital do Ars Nova


24/08/2021 04:00 - atualizado 24/08/2021 07:50

'Procissão fluvial', de José Luiz Soares, é uma das obras da exposição, que reúne peças de diversas fontes, incluindo a Coleção Brasiliana, doada por Assis Chateaubriand
"Procissão fluvial", de José Luiz Soares, é uma das obras da exposição, que reúne peças de diversas fontes, incluindo a Coleção Brasiliana, doada por Assis Chateaubriand (foto: Reprodução )

O público poderá conferir, a partir desta terça-feira (24/08), a exposição virtual Figurações: imagética religiosa no acervo artístico da UFMG”, com aproximadamente 100 obras que abordam a temática religiosa, selecionadas entre o rico acervo artístico da universidade. 

A abertura da mostra se dá no âmbito do Jubileu da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte e será marcada por uma live denominada “Arte e devoção: O sagrado sob o olhar diverso da universidade”, transmitida a partir das 15h pelo canal no YouTube da Diretoria de Ação Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais. 

A programação conta também com uma conferência, concerto do Ars Nova – Coral da UFMG e uma mesa-redonda que apresentará o percurso expositivo da mostra.

As obras que compõem a exposição datam dos séculos 16 ao 20 e foram organizadas numa narrativa expositiva que propõe quatro eixos de interpretação: “A devoção e o templo”, “O povo, o rito, a festa”, “Os modernos e o substrato religioso” e “A igreja e a montanha”. 

De acordo com a professora da Escola de Belas Artes da UFMG Verona Segantini, coordenadora geral da exposição, esses módulos foram pensados de forma a agrupar as obras em função de determinadas características.

Detalhe de escultura de São João Batista, datada do século 18 e pertencente à coleção da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, doada à universidade
Detalhe de escultura de São João Batista, datada do século 18 e pertencente à coleção da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, doada à universidade (foto: Alberto Lopes / Divulgação  )

CONEXÕES 

“Quando iniciamos a concepção da mostra, o primeiro movimento foi reconhecer o acervo da universidade em relação à arte com temática sacra. Depois disso, o trabalho curatorial foi justamente pensar em como esses diferentes itens conversavam entre si, mesmo havendo entre eles uma grande distância temporal e de formatos, já que alguns são esculturas e outros pinturas, por exemplo. Criamos conexões entre esses diferentes acervos”, diz. 

Sobre o primeiro, “A devoção e o templo”, ela explica que abarca o acervo que faz parte do culto religioso, com retábulos, esculturas devocionais e algumas pinturas maiores, atribuídas a Mestre Ataíde, que remetem ao imaginário da Igreja Católica.

Já em “O povo, o rito, a festa” estão agrupadas obras que expressam a cultura popular, com cerâmicas produzidas no Vale do Jequitinhonha que representam rituais do cotidiano religioso, oratórios de esmoler, em formatos menores, que têm a ver com a prática devocional doméstica, e ex-votos. 

O terceiro eixo, “Os modernos e o substrato religioso”, traz a arte modernista inspirada pela religiosidade, com vários quadros de Yara Tupinambá, estandartes feitos nas décadas de 60 e 70, algumas obras do Petronio Bax e três estudos de Portinari para a Igreja da Pampulha. 

“Os modernos se inspiraram na religiosidade e ficaram muito envolvidos com o movimento de reconhecimento do barroco como obra que caracterizava nossa cultura”, destaca Verona.

No quarto módulo, “A igreja e a montanha”, estão obras que abarcam justamente esse imaginário da mineiridade, sintetizado nestes dois elementos, a igreja e a montanha. “Nesse eixo, muitos dos trabalhos são inspirados na obra e na trajetória de Guignard”, aponta a coordenadora da mostra.

Verona destaca a grande variedade de “Figurações: imagética religiosa no acervo artístico da UFMG” e aponta o que considera alguns destaques. “Um deles é a pintura de Nossa Senhora dos Índios, da Coleção Brasiliana. É uma obra que ainda carece de estudos, mas sabemos que é uma repintura, porque tem outra obra por trás. É uma representação entre o indígena e Nossa Senhora. É como se fosse um reaproveitamento de tábua, os pintores a viraram de cabeça para baixo e fizeram a imagem. Descobrimos isso com processos de restauração e radiografia. Ela precisa de muitas investigações e, inclusive, agora, neste estágio em que está, os visitantes poderão ver essas radiografias que foram feitas”, diz.

Outros pontos altos da exposição virtual, segundo a professora, são uma coleção do Vale do Jequitinhonha produzida na década de 70; obras da artista e professora Beatriz Coelho, que se dedicou por um período a registrar as festas de congado em Minas, que posteriormente trabalhou artisticamente; uma bandeira da Irmandade Nossa Senhora do Rosário, do século 18, utilizada nos rituais afro-brasileiros; e os estudos de Portinari para a Igreja da Pampulha. “É muito interessante comparar esses estudos com o resultado final, ver o processo de criação e realização dos azulejos da igrejinha”, reforça.

A mostra traz obras da artista e professora Beatriz Coelho que retratam as manifestações religiosas afro-brasileiras
A mostra traz obras da artista e professora Beatriz Coelho que retratam as manifestações religiosas afro-brasileiras (foto: Acervo UFMG / Divulgação )

FONTES 

Sobre a procedência das obras que integram o acervo artístico da UFMG, ela ressalta que são fontes variadas. “Tem a Coleção Brasiliana, doada por Assis Chateaubriand no final da década de 60, com obras que vêm desde o século 16; tem as doações da Associação Amigas da Cultura, principalmente com obras do século 20; e tem o acervo, muito importante, da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, criada na década de 70”, aponta. 

“Além disso, existem itens que estão espalhados pelo câmpus Pampulha. No total, são aproximadamente 1.700 obras que a UFMG reúne e que estão sendo novamente inventariadas.”

O diretor de Ação Cultural da UFMG (DAC), Fernando Mencarelli, afirma: “Aproveitamos a ocasião dos 100 anos da Cúria Metropolitana para revolver nosso acervo e extrair dele uma experiência plural sobre o universo imagético do cristianismo”. 

Ao todo, mais de 30 pessoas participaram do trabalho investigativo e de montagem da exposição, incluindo uma série de videoentrevistas que serão disponibilizadas nos próximos meses, um catálogo e intervenções audiovisuais que ocorrerão em Tiradentes e na fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG.

A live “Arte e devoção: o sagrado sob o olhar diverso da universidade”, que celebra o Jubileu da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte, terá uma abertura oficial feita pela reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, e pelo arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo. 

Às 15h30, a professora de história da UFMG e colaboradora da Faculdade Arquidiocesana de Mariana Adalgisa Arantes Campos ministra a conferência magna "Um vínculo com o passado: pérolas da arte e devoção na Arquidiocese de Belo Horizonte". Em seguida, o Ars Nova-Coral da UFMG apresenta um concerto de música sacra preparado especialmente para a ocasião. 

Por fim, às 16h40, ocorre a abertura da exposição, acompanhada de uma mesa-redonda com Verona Segantini e demais membros da equipe que colaboraram com a concepção da mostra.


“Figurações: imagética religiosa no acervo artístico da UFMG” e mesa-redonda
Abertura nesta terça-feira (23/08), às 15h, com transmissão pelo canal no YouTube da Diretoria de Ação Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais (www.youtube.com/culturaufmg).


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