No ano em que ganhou duas biografias – “Guignard: anjo mutilado”, de Marcelo Bortoloti (Cia. das Letras), e “Balões, vida e tempo de Guignard”, de João Perdigão (Autêntica) –, o artista plástico fluminense definitivamente ligado a Minas Gerais é homenageado também com uma exposição.
“O MAIOR”
Autor do texto de apresentação da exposição, o crítico Olívio Tavares de Araújo chama a atenção para o fato de as obras lembrarem que Guignard “foi um grande pintor de flores, creio que o maior, na arte moderna brasileira”.
O crítico chama a atenção para o “tecido pictórico” das flores trabalhadas por Lucchesi. “É de ver-se o virtuosismo, a fluência, a firmeza e a (pelo menos aparente) espontaneidade com que sua mão sai riscando, desenhando, pontuando, decorando ritmicamente toda a superfície, com a preciosidade (não preciosismo) de um perfeito ourives. Só o mais apurado senso de medida e de cor impede a confusão. Pelo contrário, tudo parece (ou melhor: acaba sendo) absolutamente organizado.”
Mineiro de Belo Horizonte, Fernando Lucchesi, assim como Guignard, morou em Ouro Preto. Muitas das telas expõem, em meio à flora, o casario e as igrejas históricas, ainda que estejam em segundo plano nesta série.
O artista está em atividade desde o fim da década de 1970. Ao longo dos anos 1980, além das pinturas, dedicou-se a objetos e instalações de origem devocional, que trazem a influência da cultura popular e erudita mineira, revelando o passado barroco.
Em 1989, Lucchesi se instalou em Ouro Preto, onde, no ano seguinte, durante a semana santa, realizou exposição a céu aberto, cobrindo com banners as fachadas das casas. Voltou a residir em Belo Horizonte em 1995, quando passou a realizar pinturas constituídas por toques circulares do pincel – tanto obras de pequeno formato quanto de grandes dimensões.
“FLORES PARA GUIGNARD”
Exposição de Fernando Lucchesi. Errol Flynn Galeria de Arte, Rua Curitiba, 1.862, Lourdes. Visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 9h às 14h. Até 18 de setembro.