Durante a quarentena, o músico mineiro Gabriel Bruce, integrante da banda Graveola, adotou o hábito de desligar o celular nas noites de sábado e ligar o aparelho somente nas manhãs de segunda-feira. No intervalo de tempo em que está desconectado das redes sociais, ele consegue enxergar a vida em perspectiva com calma, e aproveita para ler, escrever e conversar com sua companheira, a pedagoga argentina Trinidad Vaccarezza, com quem divide os dias de isolamento.
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Fi Barreto se inspira no bisavô, Alberto Deodato, para criar suas cançõesMariana Cavanellas lança "Eu e tu", primeiro single de álbum soloPianista Erika Ribeiro dedica álbum a três mestresNovo baterista do Tianastácia, Dudu Azevedo já compõe com a banda"Essa música nasceu num dia em que eu estava vibrando muito amor por essa relação tão linda e grandiosa", conta Gabriel Bruce. "Quando comecei a compor, a melodia veio inteira. Logo gravei, chamei ela (Trinidad) e toquei a música. Quando acabou, ela se emocionou muito e percebi que a música era sobre a nossa relação. Então escrevi uma letra que fosse um compilado dessa experiência", explica.
ESPECIAL
Juntos há seis anos e meio, eles se conheceram na Argentina. Na ocasião, Bruce teve uma experiência sinestésica que ele relata no verso: "Senti a cor da sua luz, lilás/ Que me acolhe e me guia, à paz". Em outro trecho, ele canta: "No seu olhar, vi/ Duas luzes indo além/ E me fez recordar que estamos juntos/ Antes do espaço e o tempo existir".
"A primeira vez em que nos encontramos foi muito marcante e senti que aquele era um momento especial. Foi uma sensação muito profunda. Pouco tempo depois, já tinha percebido que ela seria uma parceira de vida", ele diz.
Gravada parcialmente em casa, com exceção das vozes, captadas em estúdio, "O que vi no seu olhar" tem produção do mineiro Fred Selva, mixagem assinada por Marcelinho Guerra e masterização de Kassin, produtor carioca responsável por trabalhos de artistas como Caetano Veloso, Los Hermanos e Nação Zumbi.
O registro também contou com a presença dos músicos Frederico Heliodoro (baixo), PC Guimarães (guitarra) e Natália Mitre (percussão). Gabriel Bruce foi o responsável pela bateria.
Aliás, ele é reconhecido pelo talento atrás dela. Foi em torno desse instrumento que o artista construiu as músicas de seu primeiro álbum solo, o elogiado "Afluir" (2020).
"Eu não me considero um cantor, mas essa letra é pessoal demais para eu não cantar. Não faria muito sentido convidar um artista para cantá-la inteira. Então eu me preparei para gravar. O que me ajudou muito é que, quando estudei no Palácio das Artes, eu participei do coral, então tenho essa percepção musical. Na hora de gravar, eu me joguei", afirma.
A presença de Curumin é justificada pela afinidade artística e criativa entre os dois parceiros. "Nós somos bateristas compositores. Ele é uma referência para mim. Sempre acompanhei os trabalhos dele e, de uns tempos para cá, a gente vinha interagindo nas redes sociais. Fiz o convite para que ele cantasse comigo, e ele topou. Fiquei superlisonjeado", comemora.
Prestes a completar um ano de lançamento, a estreia solo de Bruce continua seguindo uma trajetória de sucesso. Após ser lançado no Brasil, "Afluir" ganhou edição física no Japão por meio do selo MOCLOUD, dedicado ao jazz contemporâneo.
"Eles trabalham com jazz moderno e o disco foi superbem recebido por lá. Inclusive, saiu em algumas listas de melhores do ano, ao lado de Caetano Veloso e J. Balvin. O Japão é um mercado engraçado, que aproxima artistas muito grandes de artistas independentes", analisa.
"O que vi no seu olhar" também irá ganhar uma edição e divulgação em terras japonesas, porém em formato digital. No futuro, Gabriel Bruce pretende fazer shows no país que recebeu tão bem a sua música. "Já existem conversas sobre isso e eu tenho muita vontade de tocar lá. Assim que for possível, pretendo ir, sim."
Embora seja novidade na carreira do artista, o single não aponta para a chegada de um novo álbum. Bruce conta que já iniciou a composição das músicas, mas o projeto ainda está em fase inicial.
"Devo lançá-lo no próximo ano. Ainda estou no processo inicial. E talvez eu cante nele. Durante toda a minha carreira, eu sempre fui muito conectado com a canção. Ainda não sei o que vai ser, mas já fiz uma música que tem cara de canção. Quem sabe será esse caminho", comenta.
“O QUE VI NO SEU OLHAR”
Gabriel Bruce (@gabrielbrucemusic) e Curumin (@curumineosaipins)
Selo Grão Discos
O single está disponível nas plataformas digitais