Festival Ponta a Pé aposta na arte como pilar da democracia
Com 19 atrações e realizado pela Cóccix Cia.Teatral, evento discute cidadania, racismo, discriminação das mulheres e injustiça social. Foco está em Venda Nova
Por
André Hermeto*
26/08/2021 04:00 - Atualizado em 26/08/2021 07:41
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“Enquanto objeto de manifestação e liberdade de expressão, a arte só é possível na democracia”, afirma Rogério Gomes, curador e idealizador do Festival Ponta a Pé Cultural, que chega à oitava edição. A programação vai até 12 de setembro. De acordo com o curador, a liberdade dá o tom das 19 atrações do evento, que terá teatro, música, dança, cinema, oficinas e debates.
Com o tema “Arte e sociedade”, o festival exibirá trabalhos de agentes culturais residentes e atuantes em Venda Nova, que concorrerão ao prêmio de R$ 3 mil, mediante a votação popular. Para isso, basta preencher, até 1º de setembro, formulários de inscrição disponibilizados nas redes sociais (@coccixcompanhia) e no site da Cóccix Cia.Teatral.
Produtora do evento, a Cóccix optou por Venda Nova porque se trata de uma região de Belo Horizonte que enfrenta problemas como a evasão escolar e altos índices de criminalidade. “A gente busca gerar algumas emancipações, desenvolver a juventude. A cultura é símbolo de cidadania, de resistência e de democratização”, explica Rogério Gomes.
“Queremos dar visibilidade a artistas e grupos mineiros que se dedicam ao desenvolvimento cultural de áreas remotas, territórios não apenas à margem territorialmente, mas também às margens do atendimento social, cultural e político”, informa.
Esta é a primeira edição on-line do festival. A pandemia impediu a realização do evento em 2020, pois inviabilizou totalmente as atividades presenciais. Como as medidas de prevenção ao novo coronavírus prosseguem este ano, a saída foi reformular o festival.
Sinara Teles, curadora do evento em parceria com Gomes, diz que a cultura tem papel fundamental neste momento de crise. “Entendemos que a arte deixa de ser possibilidade e passa a ser necessidade por ser capaz de ressignificar e fortalecer símbolos como empatia, respeito, convívio social, alegria, diversidade, tolerância e identidade cultural”, diz ela.
O curta "Brooklyn", produzido pela CineLeblon, será exibido na próxima segunda-feira (foto: Cine Leblon/divulgação
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Por outro lado, o festival dá visibilidade e renda aos artistas, impedidos de realizar espetáculos presenciais desde março de 2020, observa Sinara.
As atrações do festival dialogam com o momento de impasse vivido pelo Brasil. “A crise política e sanitária pôs uma lupa sobre as diversas dificuldades enfrentadas pelo setor artístico”, afirma Rogério Gomes. Ele cita o show de Júlia Tizumba e do Slam Clube da Luta, com canções autorais e poesia falada abordando racismo, questões de gênero, maternidade, amor e lutas sociais.
“A classe artística resiste há muito tempo. Quem trabalha com arte negra resiste duplamente. A pandemia foi mais um momento assim”, comenta Júlia Tizumba. “A gente segue perseguindo a utopia de viver em um mundo de mais paz, igualdade e saúde. É disso que vamos tratar no festival.”
Outras atrações serão os grupos de teatro In-Cena, Oficcina Multimedia e Trampulim, o Grupo de Percussão da UFMG, o coletivo Fusion de Danças Urbanas e os artistas Fábio Costa, Teuda Bara e Admar Fernandes.
*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
FESTIVAL PONTA A PÉ CULTURAL
Até 12 de setembro. Transmissão no canal do Festival Ponta a Pé Cultural no YouTube. Programação completa: www.coccixcompanhiateatral.com.br/