Maestro sem orquestra é como o músico sem instrumento. Dessa maneira, foi com “um sentimento de alegria muito grande” que Silvio Viegas se reencontrou com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) para ensaiar nesta semana, após um ano e meio de separação. O reencontro ainda não foi completo. Diante das impossibilidades impostas pela pandemia, apenas os naipes de cordas participarão do primeiro concerto da Sinfônica desde março de 2020.
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O programa terá três peças: o “Concerto para piano e orquestra nº 12”, de Mozart, a “Sinfonia Al santo sepolcro”, de Vivaldi, e “Stabat mater”, de Pergolesi, escolhidas por razões práticas e artísticas.
“A primeira questão é a formação da orquestra. Teria de ser um programa interessante e apenas para cordas. Como estamos dentro da temporada de ópera do Palácio das Artes, era preciso encontrar um repertório com algo de operístico. Mas não é ópera, isso é importante dizer. Estamos fazendo Vivaldi, Pergolesi e Mozart porque foram três compositores muito importantes de ópera”, explica Viegas.
Composta por Pergolesi no final de sua vida, “Stabat mater” (“Estava a mãe”, em tradução do latim) acompanha o sofrimento de Maria durante a crucificação de Jesus. “Do ponto de vista dramático, é uma obra muito interessante, pois o drama é um texto litúrgico e a música está completamente conectada a ele”, acrescenta Viegas.
As duas solistas participaram de óperas montadas pela Fundação Clóvis Salgado (FCS). Já Pablo Rossi, que vai abrir a noite com o concerto de Mozart, está estreando com a Sinfônica.
“Historicamente, o Brasil sempre teve grandes pianistas, como Guiomar Novaes, Arthur Moreira Lima, Nelson Freire e Arnaldo Cohen. Pablo Rossi é um jovem pianista com carreira internacional. É bom ver que há a nova geração chegando, honrando o nome do Brasil e dos músicos que levaram o país para outros cantos do mundo”, diz o maestro.
Desde março de 2020, assim que a crise sanitária foi declarada, os corpos artísticos da FCS começaram a produzir, remotamente, material para ser veiculado no site e nas redes sociais da instituição. Somente nesta semana os músicos que participam do concerto, além do maestro, se reencontraram no Grande Teatro.
PIANO
“Durante um ano e meio, minha orquestra virou o meu piano. Minha formação é de pianista, mas não estudava tanto há muito tempo. Hoje, toco melhor do que antes, pois a nossa vida acabou se voltando para o fazer musical individual. Coordenei a orquestra e fiz direção musical a distância. Estava esperando há muito para estar em conjunto, pois ficar sem o meu instrumento, que é a orquestra, é enlouquecedor. Por mais que tenha outras funções, pois também ensino regência, a realização não acontece no vazio”, afirma Viegas.
A apresentação de hoje é o primeiro passo do retorno do maestro, dos músicos e do público ao teatro. “Terminado o concerto, vamos fazer uma avaliação para dar o segundo passo. A intenção é realmente avançar até chegar ao ponto em que a gente consiga ter toda a Sinfônica no palco”, conclui Viegas.
“STABAT MATER – O DRAMA DO BARROCO ITALIANO”
Concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e solistas convidados. Regência: Silvio Viegas. Neste sábado (28/8), às 20h30, no Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Entrada franca. Ingressos podem ser retirados na bilheteria ou no site Eventim (eventim.com.br). O concerto será transmitido ao vivo pelo site da Fundação Clóvis Salgado (fcs.mg.gov.br)