Jornal Estado de Minas

ARTES PLÁSTICAS

Artista faz vaquinha on-line para expor obras em bienal de arte na Itália

Único artista mineiro selecionado para participar da XIII Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Florença, na Itália, Deivison Silvestre, de Mariana, corre o risco de não expor suas obras por falta de recursos. E resolveu fazer uma vaquinha on-line para conseguir o dinheiro (veja como contribuir abaixo). 





A bienal será de 23 a 31 de outubro e é considerada umas das maiores exposições internacionais de arte moderna e design do mundo.

 
Com formação em filosofia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o artista de 32 anos será o único negro a expor suas obras no eventos, caso consiga arrecadar os R$ 70 mil necessários.
 
“Ser o único artista negro representa um passo significativo na história das artes visuais, onde percebemos poucas pessoas negras evidenciadas pela história. Minha arte é um retrato das relações humanas, trazendo à luz do discurso questões sociais como desigualdade, preconceito e miséria”.
Deivison Silvestre: "Ser o único artista negro representa um passo significativo na história das artes visuais, onde percebemos poucas pessoas negras evidenciadas pela história" (foto: Divulgação/Asante)
A ida do artista tem um valor considerado alto porque além dos custos com sua passagem e hospedagem, ele também tem que arcar com os valores do envio de três obras (foto: Divulgação/Asante)
Autodidata, o artista reconhece que o convívio com Mariana, celeiro da arte mineira, aliado às questões humanas formaram um ambiente que contribui para a criação das obras.



A partir da união dos conceitos artísticos à filosofia, Deivison criou o seu próprio estilo de arte. Chamado de simiosofia, o seu trabalho é resultado de divagações filosóficas codificadas em narrativas sobre as relações psicossociais.
 
“As minhas experiências cravam na minha consciência muito do que sou ou penso ser, considerando a estética barroca que sempre me inspirou ao caminho das artes, a atmosfera religiosa, o convívio com poetas e proximidade de grandes artistas. Toda essa experiência abstraída desde a infância foi o "combustível" que me manteve no caminho das artes visuais”.
 
Um caminho nem sempre fácil. Segundo o artista, em 2019 foi convidado para a mesma exposição e não pôde enviar as obras e nem comparecer por falta de patrocínio. A ida do pintor tem um valor considerado alto porque além dos custos com sua passagem e hospedagem, ele também tem que arcar com os valores do envio de três obras.




 
“A vaquinha on-line, realizada na plataforma Benfeitoria, possui três metas. A primeira é referente à parte do transporte das obras criadas, exclusivamente, para a XIII Bienal de Florença, no valor de R$ 5 mil; a segunda meta é de R$ 15 mil, para finalizar o envio das obras e a documentação; e a terceira meta é de R$ 50 mil para poder estar presente no evento e conseguir representar Minas Gerais”. Para ajudar, basta entrar no site e fazer a doação.

Questões sociais são marcantes na obra de Deivison Silvestre (foto: Divulgação/Asante)

Artista cobra políticas públicas para a cultura 

Atualmente, o marianense tem a produtora cultural Asante como peça fundamental no gerenciamento da carreira artística, mapeando o público e permitindo que um número maior de pessoas tenha acesso ao trabalho dele.

Mas o artista observa que a arte ainda tem papel secundário no país e vê a necessidade de políticas públicas que possibilitem que as criações brasileiras sejam apreciadas nos quatro cantos do planeta.
 
"É preciso que o poder público e a iniciativa privada consigam olhar para a arte e cultura como uma ferramenta de transformação e também como um grande fomento da economia do país. O interior, por exemplo, produz muita arte e precisa ser reconhecido e valorizado. É necessário pensar em políticas públicas culturais, criar estratégias de capacitação, e é muito importante que sejam feitas as conexões para que possa materializar".
 




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