Conhecido pela dupla formada com Dokttor Bhu, Shabê batalha pelo rap mineiro desde a década de 1990. Só agora ele lança seu primeiro álbum solo, “Visão monocular”, com oito faixas. O humor ácido marca as letras do MC, que trazem referências à cultura pop e à literatura.
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“Visão monocular” partiu da vontade do rapper de desengavetar as composições guardadas. “Compreendi que aquelas coisas caberiam apenas em um trabalho solo”, diz. O álbum teria 10 faixas – entre elas, “versões rap” de “Sonhos”, de Peninha, e “Carta aos missionários”, da banda Uns e Outros. Porém, as duas ficaram de fora. “Na hora da liberação, me pediram um dinheiro além do que eu podia pagar”, lamenta Shabê.Contemplado no edital Descentra, da Fundação Municipal de Cultura de BH, o disco traz rock, funk, jazz e samba conduzidos pelo rap de Shabê. Edgar Filho assina a produção.
Disponíveis nas plataformas digitais, as faixas “Visão monocular”, produzida por Sérgio Giffoni e Hélder Oliveira, e “Pandemônio na pandemia”, por GreeBeatz e Preto C, ganharam, respectivamente, videoclipe e lyric vídeo.
Neste sábado (4/09) à noite, Shabê fará live de lançamento em seu canal oficial no YouTube. A transmissão será realizada ao vivo, diretamente do Quintal, espaço no Bairro Padre Eustáquio. “Comigo estará o DJ Edd”, anuncia o MC.
“Um disco orgânico”. É assim que Shabê define o novo trabalho, no qual está acompanhado do guitarrista Ismael Souza, do baixista Luiz Gomes, do baterista Edgar e do percussionista Cuíca Play. “O trompetista Brasilino comparece em ‘Um quarto rei mago’, que tem uma pegada mais jazz”, conta ele.
Também estão presentes dois nomes de ponta do hip-hop mineiro – PDR Valentim, do coletivo Família de Rua, que realiza o Duelo de MCs, e Dokttor Bhu, parceiro de Shabê há 16 anos –, além da cantora Juliana Felício. “Ela participa da faixa ‘O que é que te faz bem’, homenagem aos bailes das décadas de 1980/1990 feitos nas quadras, um dos raros lugares de lazer da periferia”, comenta o rapper.
O adolescente Shabê era frequentador dessas festas. Gostava de dançar e fez parte do grupo Caçadores de Estilo, dedicado à street dance. “Fomos até no programa da Xuxa, em 1995, e ficamos em segundo lugar no concurso de dança de rua. Concorremos com gente de vários estados. Foi a partir dali que comecei a me identificar com o rap”, relembra.
Com o passar do tempo, Shabê passou a compor e a conviver com vários militantes do hip-hop e da black music da capital mineira, como o rapper Roger Deff, DJ A Coisa, DJ Black Josie e Roger Dee. Esse último o convidou para participar da antológica coletânea “Malucofonia”, que reunia Flávio Renegado, Matéria Prima, Julgamento e Cubanito, entre outros.
DUPLAS
O primeiro disco de Shabê foi gravado com Maurô, no início dos anos 2000. Mas foi a parceria com Dokttor Bhu, a partir de 2006, que o projetou no cenário do rap. Em 2011, a dupla lançou o álbum “Conglomano”, com 11 faixas. Além disso, Shabê participou de trabalhos de Heberte Almeida, Roger Deff e da band aCromossomo Africano.O rapper revela que tem aproveitado o confinamento pandêmico para compor, além de melhorar antigas criações. Anuncia que vai lançar outro disco no fim deste ano, com participação da DJ Black Josie e do pandeirista Tulio Araujo. No início de 2022, a dupla Dokktor Bhu e Shabê manda novo álbum para as plataformas digitais.
“VISÃO MONOCULAR”
• Disco solo de Shabê
• Oito faixas
• Independente
• Disponível nas plataformas digitais
• Live neste sábado (4/09), às 20h, transmitida pelo canal de Shabê no YouTube