Kristen Stewart foi ovacionada no sábado (4/9), após a exibição do filme “Spencer” no 78º Festival de Cinema de Veneza, na Itália. A plateia aprovou o trabalho da atriz norte-americana, de 31 anos, como Lady Diana, e a crítica a cobriu de elogios. Kristen se tornou estrela mundial ao protagonizar a franquia “Crepúsculo”, destinada ao público adolescente e lançada em 2008.
INFERNO
Larraín, que participa pela quarta vez do festival depois de “Post mortem” (2010), “Jackie” (2016) e “Ema” (2019), mergulhou na psicologia da jovem e bela protagonista do “casamento do século”, que enfrentou o inferno junto à realeza britânica.
“É um conto de fadas de pernas para o ar”, afirmou o diretor. Com um ritmo angustiante e estressante, graças à trilha sonora de Jonny Greenwood, ele relembrou o fim de semana em que Diana Spencer tomou a histórica decisão de se divorciar do herdeiro da coroa inglesa.
Larraín explorou ordens, vestimentas, obrigações, cortinas fechadas (até costuradas), anorexia, bulimia e automutilação, enquanto a imprensa espreitava Lady Di e a família real impunha seu rito na propriedade em Sandringham, em Norfolk.
Diana Spencer gerou enorme admiração mundial desde os primeiros dias como princesa até sua trágica morte, há 24 anos, em acidente de carro na capital francesa.
Ícone da era moderna, Lady Di foi “dissecada” em documentários, séries e filmes, mas o diretor chileno mostrou o lado mais íntimo e doloroso da “mulher mais famosa do mundo, a mulher mais fotografada do mundo”, como a definiu Kristen Stewart.
“Embora tenha estabelecido uma relação com ela, acho que ninguém jamais vai entender como se sentia”, confessou a atriz, referindo-se à impotência e à infelicidade da personagem mais popular da nobreza mundial, decepcionada com a falta de amor e a infidelidade do marido.
A talentosa artista californiana se junta à longa lista de atrizes que buscaram capturar o espírito de Diana, incluindo Emma Corrin, que ganhou o Globo de Ouro este ano por sua atuação na quarta temporada de “The crown”, da Netflix.
Brilhante narrador de histórias chilenas, entre elas “No” (2012) e “O clube” (2015), Larraín enfrentou, depois de seu filme sobre Jackie Kennedy, em 2019, outra mulher conhecida por suas dores e glórias.
“Queria fazer um filme de que minha mãe gostasse, porque ela não gosta de muitos dos filmes que fiz”, revelou o diretor à imprensa.
LIBERDADE
Com roteiro do veterano Steven Knight, “Spencer” é também homenagem ao gesto de liberdade e rejeição da submissão que William e Harry, filhos de Diana, de alguma forma compreenderam e compartilharam, como mostra a libertadora cena final do longa.
“A personagem começa em colapso, depois se transforma em fantasma e finalmente se cura”, resumiu Pablo Larraín.