Para comemorar seus 21 anos de carreira, o cantor e compositor Emílio Dragão lança o primeiro álbum solo, o independente “Crônicas de um Brasil distópico”, disponível nas plataformas digitais a partir desta terça-feira (7/09). Por 16 anos ele esteve à frente da banda mineira Djambê.
“Fica o convite para a escuta instigante e, ao mesmo tempo, esperançosa”, diz, chamando a atenção para a violência que vem marcando a sociedade contemporânea.
“Violência nos debates, até física mesmo. Consegui perceber essa violência em mim, então o disco vem com esse questionamento também. Até onde estou oprimindo o outro. É preciso tolerar o intolerante. Se a pessoa fala ‘você é diferente de mim e você tem que morrer’, aí acho difícil. A gente não pode tolerar esse discurso, pois é um discurso nazista, fascista. Discutir é bom quando as pessoas têm escuta aberta e conhecimento.”
Emílio iniciou sua carreira em 1999, aos 15 anos, com a banda de forró Marruá. Em 2003, criou a Djambê, que durou até 2019 e lançou os discos “O mundo não é só eu” (2011) e “Encruzilhadas” (2015). Encerradas as eleições de 2018, ele voltou a compor “crônicas musicadas”, que postava em seu Instagram. “Foi um desabafo mesmo, tocava violão, cantava, gravava e colocava lá. Quando vi todos os meus amigos tristes com o resultado da eleição, fiz uma canção sobre isso. Veio a pandemia, fiz outra.” O álbum traz letras que, segundo ele, remetem ao contexto de vacinação, polarização e democracia em risco.
Quando a crise de saúde deixar, Emílio Dragão pretende fazer shows para divulgar o disco. “Na pandemia, o que me restou foi trabalhar por conta própria. Ainda bem que tenho a Kombi que a gente usava para fazer turnês da Djambê, com a qual comecei a fazer carretos. O que também ajudou a pagar as contas foi pintar casas e trabalhar como ‘marido de aluguel’, com montagem de móveis e consertos em domicílio”, revela.