O compositor, instrumentista, arranjador e produtor musical
Rogério Caetano
acaba de lançar álbum solo dedicado exclusivamente ao
violão de sete cordas de aço
, com 10 faixas autorais. De acordo com ele, seu trabalho apresenta um novo padrão relacionado ao
timbre
característico do instrumento.
“Trata-se de uma abordagem pessoal e única no cenário nacional, no qual o violão de sete cordas começa a imperar”, diz. De acordo com ele, “Rogério Caetano solo” (Biscoito Fino) serve de guia para os interessados em compreender o instrumento e seu progresso.
JAZZ
Violonista
influenciado por Dino 7 Cordas (1918-2006) e Raphael Rabello (1962-1995), Rogério apresenta
repertório com choro
, samba, baião, xote e valsa “somados a elementos da vanguarda do
jazz
”.
Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Agustín Barrios (1885-1944), Radamés Gnattali (1906-1988), Garoto (1915-1955), Hélio Delmiro, Marco Pereira, João Lyra e Yamandu Costa são referências para o compositor e instrumentista goiano –
parceiro do próprio Yamandu
, bem como de Hamilton de Holanda, Marco Pereira e Cristóvão Bastos.
“Na história fonográfica brasileira, pela primeira vez é gravado um álbum tendo o violão de sete cordas de aço como instrumento solista”, explica Rogério. Desenvolvido por Dino 7 Cordas, “ele sempre teve a verve de instrumento acompanhador”, observa. Já o sete cordas de náilon foi estabelecido por Raphael Rabello na década de 1980.
“Resumindo: o violão de sete cordas de aço veio com o Dino, o pai de todo mundo. O de náilon, com o Raphael Rabello. Mas solista 'sete cordas de aço' é a primeira vez, pois ninguém havia gravado com esse instrumento tocando sozinho, vamos assim dizer. Nesse disco, só eu toco.”
O artista está feliz com seu novo projeto. “É uma conquista tanto para mim quanto para todos. Pretendo fazer mais discos com ele, espero que outros músicos também componham para o violão de sete cordas de aço”, diz Rogério.
A primeira faixa do álbum é “Valsa do tempo”, composta quando ele fez 40 anos. “Explora a técnica do ligado da mão esquerda de forma ascendente e descendente”, detalha. Em seguida, vem “Choro bruto”, inspirada na peça “Canhoto”, de Radamés Gnattali, e na linguagem violonística de Raphael Rabello. “O nome homenageia o povo de Goiás, minha terra natal”, diz Rogério.
Já a faixa “Villa e Mangoré” remete ao violão clássico de Villa-Lobos e Agustín Barrios, com referências às peças “Prelúdio nº 1” e “La catedral”, compostas por eles. Por sua vez, “Tema das águas” homenageia o compositor e guitarrista Hélio Delmiro.
ÉPOCA DE OURO
Dino 7 Cordas, o mestre, inspirou “Dino 100 anos”. “Essa música explora a região grave do violão de sete cordas de aço, citando a introdução executada por ele na gravação de ‘Dança do urso de Candinho’ com o Época de Ouro”, diz o artista. “Valsa D'Yamandu” fecha o álbum, fazendo referência ao violão vigoroso do gaúcho Yamandu Costa.
Rogério Caetano já tem músicas prontas para outro disco autoral. “Componho muito. A produção aqui, graças a Deus, está muito boa. Quero sempre explorar as características do sete cordas de aço para mostrar o lado solista dele, além de suas possibilidades tímbricas. É um instrumento muito bonito, tem um som lindo.”
Aos 6 anos, o garoto de Goiânia começou a tocar cavaquinho. Aos 11, apaixonou-se pelo violão ao ouvir Dino 7 Cordas no disco gravado por ele com Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Zimbo Trio. “Na adolescência, me mudei para Brasília e entrei no Clube do Choro. Lá, passei a acompanhar Dominguinhos, Hermeto Paschoal, Altamiro Carrilho e Sivuca. Aquilo se tornou a minha escola”,
conclui.
“ROGÉRIO CAETANO SOLO”
Disco do violonista
Rogério Caetano
Biscoito Fino
10 faixas
Disponível nas plataformas digitais