O cinema da América Latina vive um bom momento, com 16 filmes no Festival de Veneza. Injustiça, racismo e escravidão moderna são temas abordados por diretores latino-americanos, cujos trabalhos surpreenderam – e até chocaram – o público. O evento será encerrado neste sábado (11/09).
“Essa história é agoniante”, reagiu a diretora italiana Silvana Sari, de 65 anos, após assistir ao brasileiro “7 prisioneiros”, que concorre ao prêmio Horizontes Extra.
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Outro bom exemplo do vigor da produção latino-americana vem de Joaquín del Paso, de 35 anos. Dirigido por ele, “El hoyo en la cerca” denuncia o racismo e o preconceito disseminados na educação no México.
ELITE
Del Paso chamou a atenção ao contar a história de jovens alunos integrantes de uma elite implacável, educada por professores católicos. “É tudo baseado em eventos reais”, avisou o diretor, que estudou em um colégio ultraconservador da Opus Dei.
“Estão nascendo novos diretores, muito talentosos, que contam histórias do seu próprio país e de sua própria cultura. Eles são muito originais”, afirmou Alberto Barbera, diretor do festival, ao comentar o trabalho dos latino-americanos.
“Eles têm a possibilidade de viajar pelo mundo graças aos festivais. Acredito que seus filmes chegarão às salas de cinema e, principalmente, às plataformas, porque esse será o futuro para todos”, previu Barbera.
OSCAR
A 78ª edição do festival recebeu filmes de 59 países – 21 longas disputam o cobiçado Leão de Ouro, que será entregue amanhã. Veneza costuma ser “plataforma” para o Oscar. Recentemente, saíram premiados de lá “Nomadland” (2020), “Coringa” (2019) e “A forma da água” (2017), contemplados posteriormente com a estatueta dourada na festa de Hollywood.
Este ano, Veneza recebeu “Madres paralelas”, de Pedro Almodóvar, um filme sobre maternidade e família; “The power of the dog”, de Jane Campion, sobre o complicado relacionamento de dois irmãos num rancho no interior dos EUA nos anos 1920; “Lost illusions”, de Xavier Giannoli, adaptação de “Ilusões perdidas”, de Balzac; os italianos “America Latina”, de Damiano e Fabio D’Innocenzo, “Qui rido io”, de Mario Martone, “The hand of God”, de Paolo Sorrentino, e “The hole”, de Michelangelo Frammartino.
PRÉ-ESTREIAS
Fora de competição, o festival exibiu os candidatos a blockbuster “Duna”, de Denis Villeneuve, com Timothée Chalamet, Oscar Isaac, Zendaya e Javier Bardem; “O último duelo”, com Matt Damon, Ben Affleck e Jodie Comer; e “Noite passada em Soho”, de Edgar Wright, com Anya Taylor-Joy e Matt Smith.
Neste segundo ano da pandemia, o Festival de Veneza estendeu o tapete vermelho para astros e estrelas, mas sem aproximação do público para evitar aglomerações. Entre as medidas adotadas, além da obrigatoriedade da máscara, exigiu-se o passaporte verde, foram aplicados testes em quem não recebeu vacina, limitou-se o uso das salas e os ingressos tinham lugares marcados.
TAPETE VERMELHO COM “BENNIFER”
Foi de longe, mas os fãs do casal “Bennifer” – Ben Affleck e Jennifer López – puderam ver as duas estrelas no tapete vermelho, apesar do distanciamento imposto pela pandemia. Na quinta-feira, os dois chegaram a Veneza em um barco-táxi, em meio aos flashes e ao alvoroço dos paparazzi. Ben Affleck, Matt Damon e Adam Driver se encontraram ontem para apresentar “The last duel”, o aguardado blockbuster de Ridley Scott. Exibido fora da competição e ambientado na França medieval, o longa tem armaduras impressionantes, cavalgadas emocionantes e uma história pouco convencional. O lançamento do filme de Scott confirma o Festival de Veneza como a vitrine europeia das grandes produções americanas.