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Estado de Minas AUDIOVISUAL

"Ismália'", soneto de Alphonsus de Guimaraens, ganha versão orquestral

Vídeo será lançado neste domingo, reunindo Coral Lírico, Sinfônica de MG, a bailarina Claudia Lobo e os artistas visuais Alexandre Pires e Roberto Frank


12/09/2021 04:00 - atualizado 10/09/2021 23:21

Vídeo homenageia Alphonsus de Guimaraens, cujo centenário de morte é lembrado em 2021
Vídeo homenageia Alphonsus de Guimaraens, cujo centenário de morte é lembrado em 2021 (foto: Arquivo EM/reprodução)

A Fundação Clóvis Salgado, por meio de seus corpos artísticos, celebra o legado do poeta ouro-pretano Alphonsus de Guimaraens, mestre do simbolismo, por conta do centenário de sua morte, que se completa em 2021.

Neste domingo (12/9), será lançado um vídeo do Coral Lírico e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais interpretando a canção “Ismália”, composta por Gastão Villeroy, inspirada no poema homônimo de Alphonsus e originalmente gravada por Milton Nascimento. O vídeo estará disponível nas páginas da Fundação Clóvis Salgado no Instagram e no Facebook.

BISNETO 

A adaptação de “Ismália” para coro e orquestra é assinada pelo maestro Marcelo Ramos. O vídeo conta com a participação da bailarina Cláudia Lobo, da Cia. de Dança do Palácio das Artes. A narração do poema ficou a cargo do escritor Lucas Guimarães, bisneto de Alphonsus.

Animação criada por Alexandre Pires, com desenhos de Robert Frank, acompanha os movimentos da bailarina, acrescentando novas nuances e interpretações à coreografia. O vídeo tem direção musical do maestro titular da Orquestra Sinfônica, Silvio Viegas, e da maestrina associada ao Coral Lírico, Lara Tanaka.

O soneto “Ismália” é um dos mais conhecidos Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), com forte apelo à musicalidade. Viegas destaca que a escrita do poeta é mística e profundamente sensível, explorando o simbolismo da morte, do amor, da solidão e da transcendência perante a realidade do mundo.

Clássico da literatura brasileira, o poema do autor mineiro já inspirou artistas de várias gerações. Em 2019, o rapper Emicida lançou a canção “Ismália” no disco “Amarelo”. Os versos sobre a moça atormentada que sonhou com o céu e morreu no mar foram recitados pela atriz Fernanda Montenegro.

“Ismália” e Alphonsus de Guimaraens fazem parte da história da Sinfônica mineira há dois anos. “Em 2019, nosso fagotista Claudio Freitas escreveu uma peça moderna inspirada nesse poema. Ele estava de saída da orquestra e fizemos a obra. Foi quando conheci o Lucas, que recitou o poema na abertura do concerto”, recorda Viegas.

A orquestra retorna à obra de Alphonsus de Guimaraens, no centenário da morte do escritor, mas com outra proposta, determinada pelo atual cenário de pandemia. “Não tínhamos como fazer a ‘Ismália’ do Claudio, porque é muito complexa para ser gravada da forma como foi apresentada em 2019. A escrita é contemporânea, atonal, pensada para o formato orquestral, com vários efeitos e o poema desmembrado dentro do coro”, observa o maestro.

DUAS 

“Conhecíamos a composição do Gastão Villeroy e a elegemos. Marcelo Ramos fez o arranjo para orquestra e coral, fomos caminhando até chegar ao resultado que vamos apresentar. São duas ‘Ismálias’ completamente distintas, mas ambas com profundidade”, explica.

De acordo com ele, são muitos os desafios para adaptar uma canção popular para o formato orquestral. “Tem gente que pega música popular e transforma quase em ária de ópera. Tudo bem, pode funcionar, já fiz isso para a Sylvia Klein. Mas é muito bacana quando a gente consegue manter o caráter popular da música conectando com a linguagem orquestral. O original está preservado, só que com coro e orquestra. Isso foi muito bem realizado pelo Marcelo”, elogia.

A execução da obra ocorre simultaneamente aos movimentos de Cláudia Lobo e à animação de Alexandre Pires e Robert Frank. O vídeo consegue estabelecer diálogo harmônico entre som, imagem, movimento e texto, diz o regente.

NOVEMBRO 

Depois de 18 meses sem pisar no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes, a Sinfônica fez concerto presencial em agosto. A previsão é de retorno efetivo em novembro. Provavelmente, algumas apresentações serão realizadas até lá.

“Em agosto, nos sentimos seguros nas mãos da direção da casa, que teve muito cuidado conosco. Fizemos dois exames de detecção da COVID-19 no prazo de seis dias. Com relação ao futuro, precisamos avaliar tudo para saber o próximo passo”, informa Viegas.

De acordo com ele, a tendência é adotar o formato híbrido. “Vamos continuar com as produções on-line, até porque elas são muito bem recebidas. Me arrisco a dizer que quem fez o melhor trabalho virtual no Brasil no âmbito da música orquestral foi a Sinfônica de Minas Gerais”, conclui o regente titular da orquestra mineira.

“ISMÁLIA”

Lançamento de vídeo com Coral Lírico e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Neste domingo (12/9), às 10h, no Instagram (www.instagram.com/fcs.palaciodasartes) e Facebook (www.facebook.com/fundacaoclovissalgado)



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