Se a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais celebra a obra de um dos mais importantes compositores eruditos do século 19, a dupla mineira Duo Foz , formada pela percussionista Natália Mitre e o guitarrista PC Guimarães , exalta o trabalho de um expoente da MPB: Gilberto Gil.
Uma das faixas de "
Interseção dos mundos
", álbum de estreia que o duo lança nesta quinta-feira (16/09), pelo selo Grão Discos, é uma versão instrumental da música "
Drão
", lançada pelo cantor e compositor baiano no álbum "Um banda um" (1982).
prêmio de melhor arranjo no 20º
BDMG Instrumental
, realizado em junho passado. Mas a história do arranjo começa muito antes, em 2017, quando os dois já se conheciam e eram parceiros musicais, mas ainda não tinham planos de realizar um projeto em dupla.
Com ela, o Duo Foz recebeu o
DESPRETENSÃO
"Naquela época, a gente só gostava de tocar juntos. Era algo despretensioso que acabamos gravando só para registrar aquele momento. Quando começamos a selecionar o repertório do disco, achamos essa gravação meio perdida no Google Drive e ficamos muito emocionados. Essa música tem uma intensidade, uma tristeza, ao mesmo tempo em que sugere um afeto muito grande", diz PC Guimarães.
A ideia de incluí-la no disco foi do produtor Alexandre Andrés, imaginando que seria interessante ter uma música "mais conhecida" no trabalho. Andrés é uma espécie de padrinho do Duo Foz. Depois de assistir à apresentação da dupla no festival virtual Unoduo, o produtor convidou Natália e PC para gravar um disco no Estúdio Macieiras, que ele mantém na cidade de Entre Rios de Minas, no interior do estado.
Parceiros musicais desde 2014, PC e Natália reproduzem em disco a formação experimentada no festival on-line, com ela conduzindo o vibrafone e ele na guitarra.
Além de "Drão", o trabalho conta com outras seis faixas. Juntos, eles assinam a composição de "Amálgama". PC Guimarães é o autor de "Montanha", "Lançar da âncora" e da música que dá título ao registro. Natália Mitre compôs "Deságua". Alexandre Andrés assina “Iandé”, e Rafael Dutra, “Onírica”.
PC conta que o processo de composição das músicas, principalmente "Amálgama", que eles fizeram juntos, se deu muito naturalmente. "É naquele momento que estamos tocando juntos e conseguimos captar que determinado pedaço dá para gravar. O processo de criação é sempre em conjunto, experimentando caminhos musicais, trocando ideias e deixando o momento nos influenciar", afirma.
Esse jeito de trabalhar tem tudo a ver com a inspiração para o título do disco, retirado de um texto da jornalista Eliane Brum. "Ela dizia da multiplicidade de vozes que existem hoje, das várias formas de comunicação falha e refletia sobre como ouvir é uma forma de nos conectar com o universo. Ou seja, o ouvido é uma interseção de mundos", explica.
Para a estreia do disco, o Duo Foz não investiu somente no som, mas também em vídeo. Cada música do álbum ganhará um registro audiovisual gravado no Estúdio Macieiras. No sábado, a dupla realiza uma live gratuita com participação de Alexandre Andrés para tocar o repertório do trabalho na íntegra. Para assistir, é necessário retirar o ingresso pela plataforma Sympla.
"Interseção dos mundos" é o primeiro álbum cheio lançado pelo Grão Discos. Criado em 2021, o selo mineiro pretende divulgar, ainda neste ano, projetos de André Mehmari, Cristian Budu, Artur Andrés, Toca de Tatu, Semreceita e Arcomusical Brasil. O selo lançou recentemente o single "O que vi no seu olhar", do baterista Gabriel Bruce, em parceria com o cantor e instrumentista paulistano Curumin.
“INTERSEÇÃO DOS MUNDOS”
• Duo Foz
• 8 faixas
• Selo Grão Discos
• Disponível nas plataformas digitais. Live de lançamento neste sábado (18/09), às 18h, com retirada de ingressos gratuitos por meio da plataforma Sympla