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Estado de Minas BAFAFÁ

Compositor mineiro Toninho Gerais acusa Adele de plágio

Ele afirma que a cantora e compositora britânica copiou a música "Mulheres", de sua autoria, que fez sucesso na voz de Martinho da Vila


17/09/2021 04:00 - atualizado 17/09/2021 00:44
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A britânica Adele costuma compor sobre episódios de sua vida e nomeia seus álbuns de acordo com sua idade à época do lançamento. A acusação de Geraes se refere a uma faixa do disco '25'
A britânica Adele costuma compor sobre episódios de sua vida e nomeia seus álbuns de acordo com sua idade à época do lançamento. A acusação de Geraes se refere a uma faixa do disco "25" (foto: Valerie Macon/AFP)

Compositor de sambas e pagodes de sucesso, o mineiro Toninho Geraes virou um dos nomes mais citados nas redes sociais na última semana. Ele acusa a cantora e compositora britânica Adele de plagiar "Mulheres", canção que Geraes compôs e que se tornou sucesso na voz de Martinho da Vila, desde que ele a registrou no álbum "Tá delícia, tá gostoso" (1995).

Geraes reuniu elementos para sustentar sua acusação de que a melodia de “Mulheres” foi usada em "Million years ago", faixa do álbum "25", que a britânica lançou em 2015. O título do disco corresponde à idade de Adele naquele ano.

A notícia de que o artista brasileiro entrou com uma ação judicial contra a cantora britânica  foi divulgada pela revista “Veja” no último dia 10. Gerais afirmou à revista: "Fiquei estarrecido quando me dei conta. A melodia e a harmonia são iguais. É uma cópia escancarada".

O Estado de Minas procurou entrar em contato com o compositor desde então, mas não teve sucesso em suas tentativas de obter uma entrevista. Segundo a reportagem de “Veja”, foram enviadas em maio deste ano duas notificações extrajudiciais a Adele, ao coautor da canção, o norte-americano Greg Kurstin, à gravadora britânica XL Recordings/Beggars Group e ao grupo Sony Music.

Dos quatro, apenas a Sony respondeu à solicitação, afirmando que a questão e seus desdobramentos estão nas mãos da gravadora britânica e da própria Adele.

MELODIA 

Ainda de acordo com a revista semanal, os advogados de Toninho Geraes argumentam que a artista e Kurstin se apropriaram da linha melódica da canção e das primeiras notas da introdução, reproduzindo-as no início, no refrão e no final da música. 

Ao todo, foram contabilizados 88 compassos com indícios de cópia, que somam três minutos e dois segundos, ou seja, 87% da música. Na internet, já é possível encontrar montagens que unem as duas canções.

O que também chama a atenção no caso é o fato de Greg Kurstin ser fã de música brasileira. Em sua biografia na plataforma de streaming Spotify, ele conta que se mudou para Nova York após o colegial, onde passou a estudar música, inclusive a feita no Brasil, o que o levou a aprender a tocar berimbau.

No Twitter, Kurstin não esconde o conhecimento que tem. Em março passado, o compositor postou um vídeo em que Paulinho da Viola e Maria Bethânia interpretam a música "Coração vulgar".

SEMELHANÇAS 

Essa não é a primeira vez que Adele se vê diante de uma acusação de plágio. Quando lançou o single "Hello", carro-chefe do álbum "25", muitos fãs do músico norte-americano Tom Waits apontaram semelhança da música com "Martha", do álbum "Closing time" (1973).

O imbróglio entre Adele e Toninho Geraes tem um precedente no caso de plágio envolvendo Jorge Ben Jor e Rod Stewart. O cantor e compositor brasileiro descobriu que no refrão da canção "Da ya think I'm sexy?", que o artista britânico lançou em 1978, havia notas iguais às do refrão de sua "Taj Mahal", lançada seis anos antes.

O caso foi parar nos tribunais, mas os dois resolveram a questão extrajudicialmente. Stewart admitiu ter se apropriado da melodia, que ele ouviu enquanto passava férias no Brasil. Os dois artistas entraram em acordo, e o brasileiro passou a receber direitos autorais.

A estrela teen Olivia Rodrigo foi acusada de plagiar canções do Paramore e de Taylor Swift. Ela acrescentou os créditos dos compositores às suas canções do álbum %u201CDriver%u2019s license%u201D
A estrela teen Olivia Rodrigo foi acusada de plagiar canções do Paramore e de Taylor Swift. Ela acrescentou os créditos dos compositores às suas canções do álbum %u201CDriver%u2019s license%u201D (foto: Angela WEISS / AFP)

SUSPEITA RONDA GRANDES NOMES

Acusações de plágio não são incomuns na história da música. Até mesmo artistas do calibre dos Beatles já foram alvo de suspeitas desse tipo. Em 1969, após lançar o seminal "Abbey road", o quarteto britânico  foi acusado de copiar a música "You can't catch me", de Chuck Berry, em "Come together". O caso foi resolvido em sigilo.

Em março de 2020, chegou ao fim uma batalha judicial que acusava a banda Led Zeppelin de plagiar a música "Taurus", do Spirit, no clássico "Stairway to heaven". A decisão foi favorável à banda britânica, que se livrou da acusação.

Outro célebre conflito envolvendo a autoria de canções veio à tona em 2018, quando a banda britânica Radiohead notificou a cantora norte-americana Lana Del Rey por plágio. Na época, o grupo liderado por Thom Yorke alegava que "Get free", do álbum "Lust for life" (2017), tinha um trecho que é uma cópia da clássica "Creep", do disco de estreia do Radiohead, "Pablo honey" (1993).

"Mesmo que minha música não tenha sido inspirada por 'Creep', o Radiohead sente que tenha sido e quer 100% dos direitos autorais. Ofereci até 40%, nos últimos meses, mas eles só aceitam 100%. Os advogados deles foram implacáveis, então vamos lidar com isso no tribunal", afirmou Lana Del Rey em seu Twitter.

Poucos meses depois, a confusão chegou ao fim e, atendendo a um pedido dos fãs, Lana cantou a música durante um show no Brasil. "Agora que o processo acabou, acho que eu posso cantar essa música quando eu quiser, certo?" ela disse, na ocasião.

Acontece que "Creep" já foi acusada de ser plágio de uma outra canção: "The air that I breathe", da banda The Hollies, composta pelos músicos Albert Hammond e Mike Hazlewood. Na época da acusação, o Radiohead admitiu a semelhança entre a melodia e a estrutura dos acordes das duas músicas e concordou em adicionar os nomes dos dois compositores aos créditos.

Mais recentemente, a cantora Olivia Rodrigo se viu no olho do furacão em razão da semelhança entre a progressão dos acordes do refrão de sua música "Good 4 u" e "Misery business", da banda Paramore. Tudo começou quando o single de Olivia Rodrigo viralizou no TikTok e os fãs da Paramore começaram a apontar semelhança entre as duas produções.

Diante da repercussão, a jovem incluiu os compositores Hayley Williams e Josh Faro, do Paramore, nos créditos da composição. De acordo com o “BuzzFeed News”, a equipe da cantora já havia entrado em contato com os dois em maio deste ano, quando a música foi lançada e os fãs passaram a relacioná-la com "Misery business".

Em julho, Olivia Rodrigo incluiu Taylor Swift, Jack Antonoff e St. Vincent nos créditos de sua “Deja vu”, em razão das semelhanças com a canção "Cruel summer", lançada por Swift no álbum "Lover". Na música "1 step forward, 3 steps back", ela também precisou creditar Taylor e Antonoff, já que a canção recria a melodia de "New year 's eve", do álbum "Reputation" (2017).

Olivia Rodrigo também foi acusada de plágio por Courtney Love. A cantora e ex-líder da banda Hole apontou semelhanças entre a capa do álbum "Live through this" (1994) e as imagens de divulgação do show virtual "Sour prom", que Olivia realizou em junho passado, no YouTube.

Ambas apresentam uma mulher como rainha do baile de formatura, usando uma tiara e segurando flores, com o rímel manchado. "Roubar uma ideia original e não pedir permissão é rude. Não há como ser elegante nisso. Não estou brava. Isso acontece o tempo todo comigo. Mas foi péssimo", escreveu Courtney no Facebook.

No Instagram, Olivia Rodrigo tentou apaziguar a situação, declarando-se para a veterana. "Te amo e vivo muito isso", ela escreveu. (GA)





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