Jornal Estado de Minas

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Conferimos como é a visitação ao Palácio das Artes com novos protocolos



Antes de entrar, os visitantes precisam esfregar os sapatos em um tapete, medir a temperatura no pulso e higienizar as mãos com álcool em gel. O uso de máscaras de proteção é obrigatório, conforme indica o porteiro. Quem chega ao Palácio das Artes logo nota os protocolos implantados para impedir a disseminação do novo coronavírus.   
 
Bailarinos da Companhia de Dança da Fundação Clóvis Salgado fizeram performance em frente ao Palácio das Artes, de acordo com o objetivo de levar a dança para o corpo da cidade (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)
 
 
Em sua reabertura ao público, o principal equipamento cultural do estado faz uma auto-homenagem com a exposição “50 anos em 5 atos”, que repassa as principais realizações de seu cinquentenário. 



Inaugurada em 13 de agosto último, a mostra recebeu, até a última terça-feira (21/09), data da visita do Estado de Minas ao espaço, 2.755 pessoas, com média de 86 visitantes por dia. Lívia Lopes, mediadora das visitas à Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, diz que o público tem seguido sem resistência os novos protocolos sanitários. 
 
“Sempre é muito mais gratificante esse contato olho no olho. Aqui no Palácio, as medidas de segurança estão sendo mantidas, então a gente fica mais tranquila de poder estar aqui. Estamos tendo uma resposta do público muito positiva. As pessoas estão sentindo falta de poder visitar uma exposição. Acho importante esse retorno gradual com responsabilidade, como está sendo feito”, afirma.  
 
O Cine Humberto Mauro voltou a receber público depois de um período com projeções para a sala vazia, feitas para garantir a manutenção do equipamento   (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)
 
 
Ela comenta que o trabalho agora “é um pouco mais desafiador, porque a gente tem que alertar em relação aos protocolos”. No caso da mostra em cartaz, que é imersiva e permite ao visitante filmar e tirar fotos, “muitas vezes as pessoas vêm condicionadas a tirar a máscara quando vão tirar a foto, então é importante orientar sobre isso”, ela diz. 
 
Ocupando diversos espaços do Palácio das Artes, a exposição comemorativa do seu cinquentenário é imersiva e permite ao público fotografar e filmar (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)
 
 
A lotação máxima da galeria principal é de 12 pessoas por vez. Às 14h de terça passada, visitantes de diferentes faixas etárias percorriam a exposição, atentos. A belo-horizontina Gabriela Vidigal, de 22 anos, retornou ao Palácio das Artes pela primeira vez após a reabertura. 




 
“O Palácio é um dos lugares mais abertos, um dos espaços públicos mais importantes da cidade. Já que está completando 50 anos, tem que comemorar”, disse, em sinal de aprovação ao tema da mostra. Os protocolos sanitários garantiram seu conforto ao longo da exposição. “Não vi nada que me assustou. Não vi gente se abraçando, se cumprimentando, comendo no meio da exposi- ção. Achei tranquilo.”
 
 Moksha, de 36, é natural de Belo Horizonte e mora em Juiz de Fora. Ele não perdeu a oportunidade de ir ao Palácio das Artes durante sua visita à capital mineira. “Fiquei sabendo que tinha uma exposição aqui, mas não sabia sobre o que era. Quando cheguei, vi que era uma exposição sobre o próprio Palácio e achei muito bacana, de muito bom gosto. Para quem conhece e frequenta aqui sempre, é muito legal.” 

Homenagem


As celebrações não se limitam à exposição. Os visitantes também puderam conferir na tarde de terça o making of da nova produção audiovisual da Cia. de Dança Palácio das Artes em homenagem aos 50 anos. Desde o início da pandemia, os corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado seguiram na ativa, publicando vídeos nos canais digitais da instituição. Os ensaios ocorreram remotamente. 
 
Para a gravação do vídeo, os bailarinos usaram figurinos que remetiam a espetáculos e personagens históricos. Eles performaram em diferentes espaços do Palácio das Artes, cativando a atenção do público. O vídeo remete à itinerância da Cia de Dança ao longo do tempo.  
 
“Nos últimos 20 anos, a companhia tem feito vários espetáculos que trabalham essa ideia de sair do Grande Teatro e ir até o público, para a rua. Já tem 20 anos que a companhia trilha um pensamento contemporâneo, não só dentro da caixa-preta. A ideia é a expansão, ganhar esse corpo-cidade”, afirma Cristiano Reis, diretor da Cia de Dança Palácio das Artes.




 
Às 16h, a fila para ingressar no Cine Humberto Mauro crescia. O público aguardava pela sessão de “A noiva da cidade” (1978), de Alex Viany, exibido no ciclo “Exagerados: cinema contra o baixo-astral”, que aborda a produção cinematográfica brasileira dos anos 1980. Em cartaz desde o último dia 9, a mostra segue o modelo híbrido. Dos 18 filmes na programação, 15 estão disponíveis na plataforma Cine Humberto Mauro Mais. 
 
“Planejamos uma mostra jovem, que pudesse homenagear o cinema brasileiro, para quando a vacinação estivesse mais avançada. A gente fez o recorte dos anos 1980, porque consideramos o universo muito abrangente, musical e pop. Demos o nome ‘Cinema contra o baixo-astral’ para devolver o cinema para a comunidade, quando ela está podendo desfrutar de uma fruição coletiva", afirma Bruno Hilário, gerente do Cine Humberto Mauro. 

PLATAFORMA O retorno das atividades presenciais na sala de cinema ocorreu em julho de 2021, após 16 meses fechada. Em 2020, a programação on-line do Cine Humberto Mauro alcançou 241 mil visualizações, com 11 mostras realizadas. A plataforma Cine Humberto Mauro Mais, que abriga a programação de filmes e debates no ambiente virtual, de forma gratuita, foi lançada em outubro passado.  
 
A experiência on-line foi um grande sucesso, segundo Bruno Hilário. No entanto, ele avalia que o modelo presencial é insubstituível. “É uma qualidade (de exibição) muito superior, é a grandeza do cinema diante de você e do coletivo que está aqui reunido. Nosso foco sempre vai ser trazer para o Cine Humberto Mauro aquilo que ele tem de melhor, que é exibir essa qualidade de projeção e de som para quem está buscando a imersão", diz. 




 
A sessão de “A noiva da cidade” contou com a presença de 39 pessoas. Jovens e idosos compunham a plateia. Havia 46 assentos disponíveis – respeitado o limite de 40% de ocupação. Para manter as normas de distanciamento, os assentos são separados por duas poltronas e devem ser reservados na bilheteria. Antes de pegar o ingresso, os espectadores precisam informar seus dados para o rastreio de possíveis infecções. 
 
Clarence Ramos, de 70 anos, foi o primeiro a entrar para a sessão. Ele conta que, antes da pandemia, frequentava o cinema todos os dias e, nas últimas semanas, retomou o hábito. “Para mim, o Cine Humberto Mauro é um ponto de apoio para ter um programa diariamente, poder encontrar com pessoas de quem você acabou ficando amigo aqui”, conta. “Acho legal o lance de você poder vir para cá, porque o pessoal entende um tanto de cinema, gosta de cinema, então sempre tem um bate-papo depois da sessão.”
 
A projeção dos filmes fica a cargo de Wilson Brant. Ele trabalha no setor há 12 anos, mas perdeu seu emprego na rede Cineart nos primeiros meses da pandemia de COVID-19 e foi contratado pelo Cine Humberto Mauro. Para manter os equipamentos em funcionamento durante os meses de isolamento, Wilson conta que projetava filmes para a sala vazia. Segundo ele, o retorno gradual do público é motivo de grande satisfação. 




 
“A experiência é muito gratificante em si, primeiro pelo fato de estar voltando ao mercado de trabalho”, afirma Wilson. “A esperança é grande para que tudo isso volte ao normal. Quando completar o ciclo de vacinação, acredito que as coisas tendem a melhorar cada vez mais. A torcida é grande, até porque a gente precisa disso também, o mercado precisa reagir.”
 
No cinema, as novas normas incluem a obrigatoriedade das máscaras e a proibição de se alimentar dentro da sala. “Nosso público é o guardião deste espaço. Ele sabe que se não cumprir os protocolos, nós vamos imediatamente interromper as projeções. É muito interessante como eles respeitam todas as regras que estão colocadas”, comenta Bruno Hilário.   

*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes

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