Principal obra da exposição “A tensão”, individual do artista argentino Leandro Erlich em cartaz no CCBB-BH, “Swimming pool” (1999) foi interditada à visitação por uma semana, logo após a abertura da mostra, na quarta-feira (15/09).
Segundo Gislane Tanaka, gerente-geral do CCBB-BH, a necessidade de manutenção se deu por questões técnicas que estavam sendo “afinadas” pela produção, como, por exemplo, a inovação no uso de materiais. A instalação levou um mês para ser montada. Na sexta-feira passada (24/09), a obra foi novamente liberada.
“É realmente um desafio de montagem. A obra tem toda uma estrutura interna de aço, soldado, caixa d'água, uma bomba para movimentar a água. É a primeira vez que ela está sendo montada no Brasil, então não tínhamos esse histórico”, comenta. “A gente prefere fazer essa manutenção, para oferecer a obra da forma que ela foi proposta pelo artista, a não ter o nível de qualidade que o CCBB exige.”
Da forma como foi concebida por Erlich, “Swimming pool” promove uma ilusão de ótica e oferece ao visitante duas perspectivas distintas, uma do lado de dentro e outra do lado de fora da piscina, na qual é possível “mergulhar” sem se molhar, graças ao efeito ótico.
A notícia da interdição foi um banho de água fria para os visitantes que agendaram sua ida à exposição para as 10h da quarta-feira passada (22/09). A essa hora, a fila no centro cultural já era grande, com jovens, idosos, adultos, casais e crianças aguardando a autorização de entrada. A primeira semana da mostra registrou 3.456 visitantes, com ingressos esgotados todos os dias.
“Eu vim para ver ela (a piscina), mas as outras obras superaram essa decepção. Valeu a pena, mas eu vou voltar para ver a piscina”, afirmou Daniel Stone, de 41 anos.
“Eu vim para ver ela (a piscina), mas as outras obras superaram essa decepção. Valeu a pena, mas eu vou voltar para ver a piscina”, afirmou Daniel Stone, de 41 anos.
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Para Daniel Stone, o passeio rendeu excelentes fotos, mas ele não teve pressa em publicá-las. “Ainda não postei nada, porque eu vim para aproveitar a exposição, senão a gente fica preso só no celular. Eu quero curtir aqui para depois postar e falar como foi a experiência.”
Durante a visita, o público não escondia o fascínio com a exposição, quebrando a cabeça para compreender a ilusão de ótica proporcionada pelas obras. Os visitantes interagiam com as instalações e as analisavam nos mínimos detalhes. Aparentemente, reencontrar a arte nunca foi tão intrigante.
“A tensão” foi a primeira exposição artística que Hilda Mafra, de 73 anos, conferiu desde a reabertura dos espaços culturais. Além de estar vacinada, ela diz que os protocolos sanitários garantiram o conforto para voltar a frequentar o CCBB sem medo.
“Para mim foi ótimo. Gosto muito de ver as exposições daqui, a minha filha sempre me traz. A gente está se sentindo mais aliviada”, conta. “Isso (a arte) nos faz muito bem, dá um motivo para você viver”, afirma Hilda.
Natural de Guarulhos (SP), Laissa Ramos, de 28, conta que sempre visita o CCBB quando está em BH. O avanço da vacinação influenciou sua decisão de retornar ao espaço ao lado do namorado. “Eu só aceitei vir porque já tomei as duas doses da vacina, me senti mais confortável de poder sair de casa”, afirma. “É uma boa oportunidade para as pessoas começarem a retomar o gosto, a paixão pela arte. E ver a vida com outros olhos, pelos olhos do artista”, ressalta.
SEGURANÇA Laissa ficou satisfeita com o cumprimento dos protocolos ao longo da exposição. “Todas as salas estão equipadas com a devida segurança, com álcool em gel. A capacidade está reduzida, então eu me senti um pouco mais tranquila, vendo também que todos estão respeitando o distanciamento e usando máscara”, comentou.
Os alunos da Escola Theodor Herzl fizeram uma excursão para conferir a mostra, acompanhados pela equipe do CCBB Educativo. “É uma coisa boa para relembrar como era antes da quarentena e ficar mais tempo juntos, não só na aula fazendo atividade, mas se divertindo”, afirma João Vitor Shamash, de 12.
Suas obras favoritas foram “El avión” (“O avião'', 2011) e “Night flight” (“Voo noturno”, 2015), que simula janelas de aviões com imagens de voos diurno e noturno. “Você tira uma foto e fala: 'Tô viajando'. Mas eu estava na escola”, se diverte. Aurora Fernandes, de 12, diz que “A tensão” foi a melhor exposição que já visitou. “Eu achei criativo, porque coisas normais se tornam arte”, disse.
Kaila Muniz, supervisora dos mediadores do CCBB, conta que estava morrendo de saudades deste movimento dentro do prédio. “A sensação que eu tenho é de que nós ficamos praticamente dois anos com a energia parada por causa da pandemia e do confinamento. Agora, voltar a fomentar esse espaço cultural, vendo os visitantes aparecendo, a coisa fluindo, traz uma energia muito revigorante”, afirma.
Ela se diverte com a reação das pessoas na exposição de Leandro Erlich. “Você começa a ver o visitante gargalhando, interagindo, sentindo essa cultura dentro da obra de arte. Isso dá um gás para a gente, está muito bacana essa volta”, diz Kaila, que afirma estar segura em trabalhar com todos os protocolos adotados pelo CCBB. “Ter o álcool em gel sempre disponível, aferição da temperatura, tudo isso traz para a gente um certo conforto.”
“A TENSÃO”
Exposição de Leandro Erlich, no Centro Cultural Banco do Brasil – Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. Em cartaz até 22/11. Visitação de quarta a segunda, das 10h às 22h. Os ingressos, gratuitos, deverão ser retirados antecipadamente no site Eventim (www.eventim.com.br/artist/leandro-erlich/). Serão disponibilizados 100 ingressos por hora (o último horário de visita é às 21h).