Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Minas Tênis Clube retoma projeto de saraus com ingressos a R$ 4


A bordo do repertório de Milton Nascimento, a cantora Bárbara Barcellos abre nesta terça-feira (28/09) a série de shows do Sarau Minas Tênis Clube, que resulta do edital de ocupação do teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. 





Em 5 de outubro, é a vez de Flaviane Orlando se apresentar interpretando canções que Elza Soares gravou; a banda Diplomattas é a atração seguinte, com show, em 19 de outubro, ancorado nas canções de Cassiano; e para encerrar a 5ª edição do Sarau, Glaw Nader canta a obra de Baden Powell, em 26 de outubro. 

As quatro atrações foram selecionadas a partir de um conjunto de 146 inscritos. Os shows serão presenciais, seguindo todos os protocolos de combate à COVID-19, sempre às terças-feiras, às 20h, com apresentação da atriz e jornalista Christiane Antuña.

André Rubião, diretor de cultura do Minas Tênis Clube, diz que o Sarau tem, desde a sua primeira edição, a proposta de contemplar novos artistas da cena mineira. Ele aponta que os curadores analisam documentação, proposta, justificativa da escolha do homenageado e os áudios enviados pelos candidatos.





RECORDE

“A qualidade do material que a gente ouviu está muito boa. O número de inscrições só vem crescendo a cada edição e bateu recorde neste ano. O projeto vem ganhando cada vez mais envergadura e, no contexto da pandemia, com essa escassez de possibilidades, é uma iniciativa essencial para fomentar a cultura e os mecanismos de produção”, diz.

Os saraus são realizados com recursos próprios, sem se valer das leis de incentivo. “É a forma que o Minas Tênis Clube tem de firmar seu papel como fomentador e produtor cultural”, afirma Rubião.

Na seleção deste ano, todos os homenageados são artistas negros, bem como boa parte dos músicos que vão subir ao palco. Rubião diz que foi uma coincidência, que não houve nenhuma orientação nesse sentido. 





“Claro que a diversidade é algo que a gente leva em conta, mas, no ato da inscrição, não tem como avaliar, porque não há declaração de raça ou cor. A gente acha legal ter uma equiparação entre homens e mulheres, por exemplo. No final da seleção feita pela curadoria, se dois artistas estiverem no mesmo nível, essa questão da paridade de gênero é observada”, diz.

Bárbara Barcellos, que se diz muito feliz de estar entre os selecionados e muito honrada por ser a primeira artista a se apresentar, justifica sua escolha por interpretar Milton Nascimento com base na admiração que sempre nutriu pelo cantor. 

“Além de ser uma das vozes mais bonitas do mundo, Milton representa Minas, levou Minas para o exterior”, afirma, destacando, ainda, a originalidade da obra do homenageado. “Ele conseguiu fazer uma mistura da música mineira com sua ancestralidade africana, englobando diferentes ritmos. A música dele é diferente de tudo.”





EMOÇÃO

Bárbara, que projeta lançar em breve um álbum totalmente autoral, conta que começou a se aprofundar na música de Milton quando tinha 18 anos, a partir do momento em que conheceu Beto Lopes, que tocou com o autor de “Travessia” durante muitos anos. “Mas sempre fui muito apaixonada. É como se eu botasse toda emoção para fora quando canto a música de Milton”, diz.

Os outros selecionados para esta edição do Sarau Minas Tênis Clube também argumentam que têm uma relação estreita e antiga com os artistas que escolheram interpretar. Flaviane Orlando cita a força de Elza Soares e a maneira como ela transfere suas vivências para o palco como razão para a homenagem que vai prestar.

“Fui criada rodeada por mulheres fortes, mulheres que foram protagonistas da sua própria história e, quando escolho Elza Soares, escolho todas elas. Escolho todas as mulheres que no seu âmago são autênticas, conquistam seu espaço, são fortes, profundas no que fazem e que não desistem mesmo nos momentos difíceis”, diz.





Para os integrantes do Diplomattas, Cassiano (1943-2021) é uma figura fundamental no cenário da soul music brasileira e um nome que tangencia a musicalidade de artistas do rap, do pagode e da própria MPB. O cantor também é apontado como clara influência para o grupo, que agrega diversos ritmos brasileiros e clássicos internacionais, inspirado pelo imaginário e pela sonoridade do soul.

Glaw Nader também evoca a matriz africana na obra de Baden (1937-2000) como razão para tê-lo escolhido. Ela considera que sua voz tem uma densidade sonora marcante, o que contribui para ressaltar os pontos afro-brasileiros das composições do homenageado. 

“A minha intenção é reforçar os principais elementos que estão presentes na obra do Baden, que ressaltam a negritude dele. E a minha. Assim, o repertório do show tem uma presença marcante de instrumentos de percussão e traz um violão que se assemelha ao jeito como o próprio Baden tocava e que era tão característico”, diz.





André Rubião destaca que o Sarau Minas Tênis Clube é um cartão de visitas para os novos talentos, na medida em que, graças à parceria com a Rede Minas e com a rádio Inconfidência, que retransmitem os shows, contribui para reverberar o trabalho. 

“E temos a inserção desses novos artistas no nosso espectro de ações. O Minas tem um universo enorme de shows destinados aos sócios, alguns com artistas muito renomados, que reúnem público de 10 mil ou 15 mil pessoas, como foi no caso da Anitta. Muitos dos artistas que se apresentam no Sarau depois são convidados para abrir esses shows grandes.”

SARAU MINAS TÊNIS CLUBE - 5ª EDIÇÃO
Bárbara Barcellos canta Milton Nascimento. Nesta terça-feira (28/09), às 20h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos a R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia).

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