Jornal Estado de Minas

Autores fora do eixo dominam apostas para Nobel de Literatura 2021


 
O Prêmio Nobel de Literatura, que deverá ser anunciado nesta quinta-feira (7/10), em Oslo, na Noruega, poderá privilegiar um autor fora do tradicional mercado literário. Com exceção do vencedor britânico de 2017, Kazuo Ishiguro, que nasceu no Japãotodos os laureados dos últimos nove anos foram europeus ou norte-americanos, de Bob Dylan a Peter Handke ou a condecorada poeta americana do ano passado Louise Glück.




 
"Acho que eles querem descobrir um gênio de um lugar que foi marginalizado até agora. Poderíamos chamá-lo de colonialismo positivo", disse Jonas Thente, crítico literário do diário sueco Dagens Nyheter, referindo-se à nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.
 
Outras apostas indicam o sul-coreano Ko Un, o queniano Ngugi wa Thiong'o e o chinês Can Xue, além de alguns estreantes nessa lista, como o indiano Vikram Seth, o moçambicano Mia Couto e o oponente chinês Liao Yiwu.
 
A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie também concentra apostas numa provável inflexão da Academia Sueca em direção ao reconhecimento das mulheres e de autores nascidos em países periféricos  (foto: Britta Pedersen/AFP)
 

PÓS-COLONIALISMO Em uma época que questiona o pós-colonialismo, também são citadas a caribenha-americana Jamaica Kincaid e a francesa da Ilha de Guadalupe Maryse Condé.




O japonês Haruki Murakami, sempre citado e nunca premiado, seguirá os passos do americano Philip Roth, que morreu sem o Prêmio Nobel?
 
Na Europa, a russa Ludmila Ulitskaya, o húngaro Peter Nadas, o francês Michel Houellebecq e o albanês Ismaël Kadaré voltam a figurar entre os favoritos, assim como as canadenses Anne Carson e Margaret Atwood e as americanas Joyce Carol Oates e Joan Didion.
Como no ano passado, devido à pandemia de COVID-19, o vencedor receberá seu prêmio em seu país de residência.
 
Em uma recente avaliação feita entre os ganhadores ao longo dos anos, percebeu-se que o Nobel de Literatura é notadamente masculino: apenas 13,7% dos eleitos são mulheres.
 
Mas há outros fatores ainda que têm contribuído para que o prêmio seja cercado de controvérsias. Em 2017, o marido de uma integrante da Academia Sueca, que concede o Nobel de Literatura, foi acusado e depois condenado a dois anos de prisão por abuso sexual. 




 
A participação de sua mulher em esquemas de vazamentos de nomes para casas de apostas foi revelada e diversos membros deixaram seus postos na entidade, que foi reformulada. 
 
Em 2019, o então presidente Anders Olsson deu inúmeras entrevistas dizendo que a Academia sabia do seu histórico díspar em relação a gênero e raça, bem como do fato de a premiação estar largamente concentrada em autores europeus – para então, no mês seguinte, dar o prêmio a dois escritores europeus, um deles Peter Handke, um autor austríaco igualmente admirado pelos seus escritos cerebrais e odiado por seu apoio ao genocídio na Bósnia na Guerra da Sérvia. 
 
Handke foi alvo de críticas por ter discursado no funeral de Milosevic, em 2006. O líder sérvio morreu enquanto estava detido em Haia, sendo julgado por crimes de guerra.  

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