Jornal Estado de Minas

Documentário retrata história do Morro das Pedras por meio de músicas

Elza Soares, Carlinhos Brown, Fernanda Takai, Mônica Salmaso, Adriana Moreira e Maurício Tizumba estão entre os artistas que participam do documentário "Não há sol a sós", que conta a história do Morro das Pedras e estreia neste sábado (09/10), às 20h, no YouTube. Dirigido por Lilian Nunes e Chico de Paula, o filme é o produto da etapa final do Programa Somos Comunidade e é apresentado como um "espetáculo-documentário" feito para investigar e divulgar as diversas manifestações culturais desenvolvidas dentro da comunidade com apoio da Escola de Artes Instituto Unimed-BH. 





Apesar da participação de artistas renomados da música brasileira, a produção é protagonizada pelos próprios moradores do Morro das Pedras, que aparecem nas ruas da comunidade contando sobre o cotidiano dela. "Esse é um apelo feito pelas pessoas do Morro a partir do nosso entendimento de que, para realizá-lo de fato, nós teríamos que integrar a comunidade como um todo", explica Lilian Nunes, que também é diretora-executiva da Coreto Cultural, produtora responsável pela realização do Somos Comunidade.

Para isso, foram recrutados profissionais do audiovisual, artistas, designers, costureiras e empreendedores locais para trabalhar na produção do filme. "Fizemos o trabalho de mapear quais oficinas deveríamos oferecer para que as pessoas pudessem agregar com o nosso trabalho. Dessa forma, a gente foi criando insumos para o espetáculo. Então, tudo o que foi feito para ele tem a mão dos próprios moradores da comunidade, nele está impressa a identidade dessas pessoas", ela explica.

O eixo narrativo do filme gira em torno das canções que formam o repertório do espetáculo. Elas refletem os sonhos e expectativas dos moradores indicados no levantamento do Mapa Afetivo, a primeira etapa do Somos Comunidade, realizada ainda em 2020. A partir dessa pesquisa, os diretores selecionaram canções de autores consagrados como Ary Barroso, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Beto Guedes, Gonzaguinha, Lenine e Arnaldo Antunes.



GERAÇÕES 
No total, 13 músicas ajudam os personagens a contar a história do Morro das Pedras. Entre elas está "Na batucada", do rapper U-Gueto, morador do Morro das Pedras, apresentada ao lado de Carlinhos Brown. As gravações das canções reuniram artistas de diferentes gerações no Estúdio Gunga, instalado no Centro Cultural Flor do Cascalho, onde 18 solistas gravaram suas participações.

"A banda que acompanhou o nosso diretor musical Gilvan de Oliveira gravou todo o repertório de forma on-line, assim como os artistas que foram convidados para participar. Além disso, tomamos todo o cuidado para garantir que as pessoas não ficassem expostas à COVID. Então, instalamos postos de testagem e fizemos os testes em todo mundo que participou das gravações", explica Lilian.

Gilvan de Oliveira foi o responsável pelos arranjos das canções que integram "Não há sol às sós", executadas pela banda formada pelos músicos Cléber Alves, Christiano Caldas, Felipe Villas Boas, Gustavo Figueiredo, Ivan Corrêa, Lincoln Cheib, Mauro Rodrigues e Serginho Silva. A mixagem dos registros foi feita por Alessandro Tavares.





Também participaram das gravações os integrantes do Batuques Salubre, do Coral Unimed-BH e da Orquestra Sinfônica de Betim, regidos pelo maestro Márcio Pontes.
Três turmas de dança da Escola de Artes participam do espetáculo em cenas gravadas no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes. Em pequenos grupos de três ou quatro bailarinos, os participantes apresentaram as coreografias pensadas para as músicas "Trem bala", de Ana Vilela; "Amor de índio", de Beto Guedes e Ronaldo Bastos; e "Ânima", de Milton Nascimento.

Os alunos entre 6 e 8 anos dançaram em locações ao ar livre, como o Mirante do Terrão, no Morro das Pedras, ao som da canção "Redescobrir", de Gonzaguinha. Em ruas e quadras das vilas, a turma de danças urbanas infantil apresentou "Girassol", da banda Cidade Negra, e o grupo formado por adultos dançou "Inclassificáveis", de Arnaldo Antunes – música da qual foi retirado o título do documentário.

Os números de dança também contaram com a participação de bailarinos convidados dos grupos Mira, na canção "É o que me interessa", de Lenine, e da Companhia Masculina do Núcleo Artístico Camaleão, dançando “Aquarela do Brasil", de Ary Barroso.





DESAFIOS 
"O Somos Comunidade é um projeto de grande afetividade para nós e esta edição trouxe grandes desafios e aprendizados. Escutar e envolver moradores, superar as dificuldades dos ensaios à distância, pensar soluções para o registro de um elenco imenso de forma segura, identificar histórias e locações representativas, tudo isso para traduzir de forma respeitosa e verdadeira a cultura de uma imensa comunidade", comenta Lilian Nunes.

Por conta da pandemia da COVID-19, o documentário-espetáculo não terá uma estreia presencial. Ele ficará disponível no canal do YouTube do Somos Comunidade a partir de sábado (09/10), às 20h. Já os 12 clipes musicais que integram a produção serão projetados na fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG, na Praça da Liberdade, entre hoje e 24 de outubro.

NÃO HÁ SOL A SÓS
Estreia neste sábado (9/10), no canal do YouTube do Somos Comunidade. Os 12 clipes que integram o documentário serão projetados na fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG, na Praça da Liberdade, entre hoje e 24 de outubro. Neste sábado e domingo (10/10), a exibição será às 19h, 19h20, 19h40, 20h10, 20h40 e 20h50. A partir de segunda (11/10), será feita às 19h, 19h40 e 20h40. Informações: www.somoscomunidade.com.br

audima