Um muro dentro de uma galeria de arte. No meio dele, uma porta quebrada. É sobre romper barreiras, disputar territórios, dar visibilidade, enfim, meter o pé na porta, a exposição “Caus”. Com abertura nesta terça-feira (19/10), no Espaço Cultural da Escola de Design – Uemg, na Praça da Liberdade, a mostra reúne trabalhos de artistas urbanos – grafiteiros, designers, ilustradores – da Grande Belo Horizonte, em sua maioria.
Com 15 metros de extensão e três de largura, o muro é, na verdade, uma grande instalação que reúne 63 painéis (telas de 1,2m por 80cm) criados exclusivamente para a mostra. Realizada sem patrocínio e de forma colaborativa, a iniciativa também apresenta, até dezembro, programação paralela de palestras, vídeos e workshops.
“Percebi, durante a pandemia, todo o meio frustrado, sem perspectivas. Existe uma produção grande que não tem escoamento, pois de maneira geral o trabalho que está na rua é desvalorizado. Mas quando ele vai para um espaço expositivo, ganha outro caráter”, afirma Rodrigo Scalabrini, que assina a curadoria ao lado de Rodrigo Ribeiro.
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“A intenção é levar para dentro da galeria as pessoas que estão na praça. Esse é um dos poderes da arte urbana, do grafite, pois tem um pessoal que não vai a museu”, acrescenta Ribeiro.
Além do muro, a mostra terá, no mezanino da galeria, três instalações de artistas que trabalham com temáticas socioambientais. Relacionando arte e natureza, as obras pretendem chamar a atenção para a emergência da crise climática, o consumo consciente e a bioconstrução.
Uma delas é “Planeta Caus”, idealizada pelos curadores em parceria com a artista Vivian Blaso, que traz um globo produzido com materiais naturais – bambu revestido com musgo. Um tecido vermelho, saindo do continente sul-americano, representa o Brasil sangrando devido à devastação do meio ambiente.
A abertura da exposição vai contar com o artista Homem Gaiola, que realiza mapping (projeção de imagens em estruturas de grandes dimensões, como fachadas de edifícios), e utilizará como tela o próprio prédio da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg).
“CAUS”
Exposição de arte urbana. Abertura na terça-feira (19/10), às 18h, na galeria da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). Rua Gonçalves Dias, 1.434, Praça da Liberdade.
Às 19h, palestra “Mestres das ruas”, com Gud e Dninja. Entrada franca. Até 6 de dezembro. Informações: www.instagram.com/causbh e galeriacaus.com.br
WORKSHOP PRESENCIAL
Na quarta-feira (20/10), às 19h, a artista visual e produtora cultural Lola Peroni apresenta o workshop “Currículo, clipping e portfólio” dentro da programação da mostra. O encontro, presencial, vai tratar de atividades para divulgação e publicação de marcas e produtos de artistas. Entrada franca. Inscrições: www.sympla.com.br
ARTISTAS
>> Alexandre Rato – Multiartista, trabalha o estilo que denominou como “realismo mágico”, mesclando realidade e toques surrealistas.
>> Ataíde Miranda – Ilustrador autodidata, inspira-se em temas lúdicos, mitológicos e teatrais.
>> Biga – Artista visual e designer, seu trabalho é influenciado pela psicodelia e elementos da natureza.
>> Clen – Grafiteiro, arte-educador e estudante de artes plásticas, desenvolveu seu trabalho no projeto Muros, no Jardim Teresópolis, em Betim.
>> Fênix – Artista, grafiteira e ilustradora autodidata, seu trabalho enfatiza as culturas indígena e afro.
>> Fhero – Grafiteiro paulista, suas obras são marcadas pela presença de letras. É integrante do coletivo de grafite PDF Crew.
>> Goma – Um dos grafiteiros mais conhecidos de BH, começou sua trajetória na pichação. É proprietário da loja Real Grapixo, que estampa a arte de diversos artistas do país.
>> Gud – Com ampla atuação em Minas e outros estados, o muralista, grafiteiro e arte-educador trabalha, geralmente, figuras humanas e bastante cor.
>> Hely – Artista plástico, faz grafite desde a adolescência. Com ilustrações realistas, seu principal tema
é a cultura popular.
>> Henrique Coral – Grafitando em muros desde 2000, seus trabalhos têm forte relação com a cultura hip-hop. Também é arte-educador e tatuador.
>> Homem Gaiola – Integrante do coletivo internacional Darklight Studio, realiza projetos visuais. Já fez mapping no Cristo Redentor, produziu conteúdo para a turnê europeia de Anitta e desfiles de moda.
>> Kawany Tamoyos – De ascendência indígena, a ilustradora e grafiteira trabalha temas voltados para o feminino.
>> Kaos Scalabrini – Seu trabalho traz como temas a preservação da natureza e a crítica social.
>> Lax Aiala – Artista visual que atua há pouco mais de 20 anos no grafite, trabalha com temas retrô, muito voltados para a cultura pop dos anos 1980.
>> Loo.E – Holandês radicado no Brasil desde os anos 1990, é arquiteto e designer gráfico.
>> Lucas Pietro – Também fotógrafo e videomaker, cria imagens para moda, música e publicidade a partir do que ocorre nas ruas.
>> Mariana Marinato – Autodidata, após ingressar na Escola Guignard, há três anos, interessou-se pelo grafite. Seu tema principal é a passagem do tempo.
>> Nadu Soares – Com 30 anos de atuação no grafite, usa formas e elementos da natureza como fonte de inspiração.
>> Rafael Boneco – Integrante do coletivo IN.Graffiti, tem obras tanto em intervenções urbanas quanto em suportes tradicionais.
>> Sodac – Autodidata e com atuação no desenho tradicional, na arte digital e tatuagem, trabalha com temas sociais.
>> Telma Martins – Professora de artes visuais e design da Uemg, pesquisa o impacto da arte urbana nas cidades.
>> Tão – É criador da personagem Mimosa, a assinatura dele nas ruas de BH.
>> Vivian Blaso – Belo-horizontina radicada em São Paulo, trabalha com múltiplas linguagens, enfatizando a inclusão social e a preservação do meio ambiente.